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Diário das Sessôe» do Senado

tinente batatas cebolas e outros géneros, navios que vêm ao nosso porto, a pretexto de ser para a sua tripulação, levam verdadeiros carregamentos desses géneros.

jÊsses géneros, que sobem de preço dia a dia, hora a hora, permite-se ainda que saiam do País!

É preciso que o Governo tome as mais enérgicas medidas para que só não deixe sair nada para parte nenhuma.

O Sr. Serra e Moura: — «íNem mesmo para as províncias ultramarinas?

O Orador:—Nem para lá, porque tem saído em excesso.

Para a província de Moçambique, por exemplo, têm ido carregamentos enormes que chegam e sobejam para o seu consumo, tanto que chegam a reexportar géneros para o Estado Sul-Africano por preços fabulosos.

E o mesmo se dá para o Brasil, para certos portos da Alemanha e para alguns portos da Espanha.

. Sr. Presidente: ainda há a notar que esses géneros não são exportados como sendo para as nossas colónias; são exportados como sendo indispensáveis para o consumo da tripulação e dos passageiros, mas' a verdade é que esses géneros chegavam para umas poucas de viagens. E depois quando chegam às nossas colónias vendem o que lhes ficou da viagem.

Isto, Sr. Presidente, .tem dado lugar a que se façam fortunas consideráveis.

E preciso, portanto, que o Governo tome enérgicas providências, visto que o mês passado a carestia da vida estava calculada em 25 vezes mais do que em 1914.

O Sr. Serra e Moura (em àpurté): — S. Ex.a referiu-se à costa oriental e eu posso garantir a S. Ex.a que os meios de transporte são caríssimos.

Tem-se manifestado por várias vezes a crise nas nossas colónias, tendo-se lutado com grandes dificuldades para alcançar os géneros de l.a necessidade; assim a batata já alcançou em S. Toiné o fabuloso preço de 12$ o quilo, as cebolas 15$ o quilo, etc.

O Orador: — S. Ex.a está-me dando razão com as suas observações. Compram

a batata cá a 1$20 e vão vendê-la nas colónias a 12$.

O Sr. Serra e Moura (em aparte): — A razão está na grande dificuldade que há na saída dos géneros de l.a necessidade para as colónias. Aqui em Lisboa só se consegue a saída desses géneros dando luvas e luvas aos comerciantes. Se a vida em Lisboa é horrível, nas nossas colónias é absolutamente impossível.

O Orador: — Como S. Ex.asvêem,fazem--se negócios ilícitos dando luvas. Não pode ser, Sr. Presidente. Na República não se podem dar luvas; é preciso ter as mãos calosas do trabelho sem serem envolvidas em qualquer espécie de luvas.

O orador não reviu.

O Sr. Mendes dos Reis: — Sr. Presidente: está na'Mesa a proposta n.° 687•, vinda da Câmara dos Deputados. Pedia a V. Ex.a para consultar a Câmara se permite que entre em discussão, antes da ordem do dia v, sem prejuízo dos três projectos de lei que já estão dados para discussão. Devo declarar que já consultei os diversos lados da Câmara, e que todos estão de acordo.

Foi aprovado.

O Sr. Vicente Ramos: — Sr. Presidente: na ordem do dia está a proposta n.° 619, que já entrou em discussão, sendo depois retirada por não estar presente o Sr. Ministro das Finanças. Como S. Ex.a está agora presente, seria conveniente aproveitar a estada de S Ex.a

Esta proposta refere-se aos terceiros oficiais de Finanças.

Peço, portanto, a V. Ex.a que consulte a Câmara sobre se permite que-essa proposta entre em discussão antes da ordem do dia.

Foi aprovado.

O Sr. Aragão e Brito: — Sr. Presidente: pregunto a V. Ex.a se estou inscrito para falar quando estiverem presentes o Sr. Ministros das Finanças e o Sr. Ministro do Comércio.