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Diário das Sessões do Senado

ças prevaricou, está incurso na lei de responsabilidade ministerial e presidencial, porque, por um despacho seu, foi emprestada a determinadas casas bancárias uma quantia, que até hoje ainda não deu entrada nos cofres do Estado.

O Sr. Pereira Osório (aparte): — Essa operação foi perfeitamente regular.

O Orador: — Creio que V. Ex.£

está bem informado.

Eu posso fazer a história do facto.

O Sr. Ministro das Finanças de então emprestou ao Banco...

O Sr. Júlio Ribeiro: — Foi numa operação perfeitamente legítima.

O Orador: — Interrompeu-me o Sr. Júlio Ribeiro.

Pelas competências várias que S. Ex.a manifesta em diversos assuntos, o Sr. Rodrigues Gaspar bem teria feito se o tivesse escolhido para uma pasta, que poderia ter sido a de agricultura, ramo este em que S. Ex.a tem mostrado saber profundo.

apartes vários.

O Sr. Presidente:—V. Ex.a pediu a palavra para explicações, e está fazendo um largo discurso, o que é contra o Regimento.

O Orador:—E que o Sr. Júlio Ribeiro está interessado em fazer apartes.

.Eu não saí do assunto.

Eu digo que assim não é, e reservar-•me-hei para, em ocasião oportuna, provar a asserção que faço.

Agora vamos continuar no assunto que é do mais alto interesse e porque tenho de responder a um aparte agressivo feito pelo Sr. Júlio Ribeiro e que põe em dúvida os seus sentimentos afectivos.

Eu já disse que, acima das minhas amizades, ponho os interesses da Nação, e quem assim procede deve bem merecer da consideração do Sr. Júlio Ribeiro. Mesmo porque se nós tivéssemos de esconder determinadas considerações ou deixar de as levar ao conhecimento do país, somente por efeito de se ser parente de alguém, então Portugal, que é uma pequenina família, já tinha atravessado

todas as raias da desordem e subvertido todos os princípios.

Aqui não se trata do cidadão Rego Chaves ; aqui trata-se da pessoa que foi escolhida para Alto Comissário de Angola,, escolha que resultou de um conluio entre o Sr. Presidente do Ministério e o Sr. Cunha Leal,

O orador não reviu.

O Sr. Querubim Guimarães: — Sr. Presidente: o assunto está suficientemente esclarecido, mas o que é verdade é que tanto as declarações feitas pelo Sr. Presidente do Ministério, como as explicações dadas pelo Sr. Ministro das Colónias, não conseguiram demover-me a mim e a muitos Srs. Sonadores, daquilo que nós consideramos em nossa consciência ser a expressão genuína da verdade.^

Ao Sr. Pereira Osório, a quem aproveito a ocasião de dirigir os meus agradecimentos pelas palavras amáveis que se dignou dirigir-me, devo dizer que talvez S. Ex.a fosse um pouco dominado por aquela emoção com que S. Ex.a se referiu ao dia do bombeiro, antes da ordem do dia, glorificando o nome de Guilherme Gomes Fernandes. Talvez que fosse com essas palavras que S. Ex.a, julgando-se também bombeiro, pretendesse apagar o rescaldo do incêndio produzido com a eleição do Sr. Rego Chaves para Alto Comissário de Angola.

Mas não há maneira de apagar esse incêndio. E ainda que a Câmara resolva que a nomeação está muito bem feita, o que é certo é que o país faz os seus comentários, e não é a mim que me cabe levantar e erguer a bandeira do regime, para a retirar do lodo em que a cada passo ela se atola.

É a inconsciência que se está observando cada vez maior que há-de ser a perda dos homens do regime republicano, como já o foi de tantos outros, há--de ser a inconsciência a causa da sua morte.

E verdadeiramente extraordinário que se queira com consciência, com verdade, com sinceridade, à face da lei e dos factos, defender uma anormalidade desta ordem para não lhe chamar outra cousa pior.