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Diário das Sessões do Senado

Vejo que sobre mim incidem as maiores criticas. Isso consola-me. Acho que procedi tem.

Eu estou convencido de qna as rainhas palavras não estão nada em desr.eôrdo com as palavras proferidas pelo Sr» Presidente do Ministério.

O que eu disse foi que, no momento em que apresentei ao Senado a minha proposta para a nomeação do Sr. Rogo Chaves para o cargo de Alto Comissário de Angola, estava convicto — e ainda estou— de que S. Ex.a não tinha interesses, nem morais nem materiais, nc, colónia.

Efectivamente, constou-me que havia qualquer cousa a respeito do Sr. Eêgo Chaves, declarada, ou ao directório do partido de que S. Ex.a faz parte, oa em público.

Mas essa hipótese sobre o Sr., Kêgo Chaves mio existia para mim, porque quem eu então tinha convidado para ir ocupar o cargo de Alto Comissário em ' Angola era o Sr. Paiva Gomes, convite que S. 3x.a não aceitou.

Mais taide, depois da recusa do Sr. Paiva Gomes, é que veio essa carta, m£.s nessa ocasião eu estava convencido de que o Sr,- Sego Chaves não tinha interesses em Angola.

Era isto que eu desejava expor à Câ= mara, esperando que ela me fará a justiça de pensar que eu ainda neste momento estou persuadido de que encontrei cia belo Alto Comissário para governar Angola.

O orador não reviu.

O Sr. ?rocópio de Freitas: — Sr. Presidente; .o princípio estabelecido na lei que regula a nomeação dos altos comissários, não permitindo que t&l nomeação recaia em pessoas que tenham interesses ligados à província que vãc governar, é absolutamente moral e está perfeitamente em harmonia com os princípios que eu aqui tenho sempre defendido.

Eu tenho-me insurgido nesta Câmara contra o facto de os homens públicos estarem ligados a empresas, bancos ou companhias, por que, se alguns desses homens são incapazes de se servir dos seus lagares públicos para se favorecer a si e às empresas a que pertencem, o quo ó verdade é cue estou convencido de qae há muitos qne são capazes de se utilizarem

dos seus lugares públicos para se beneficiarem a si próprios ou a essas empresas»

O facto de muitos políticos desempenharem os seus lugares públicos ao mesmo tempo que ocupavam lugares em Companhias ou Bancos, tem dado lugar a que uma parte dos nossos homens públicos ande hoje difamada.

E preciso, portanto, acabar-se duma vez para sempre com isso. Mas não o entendeu assim o Governo, ouvido o partido que o apoia e o respectivo directório. E tanto não o entendeu assim o Governo que veio ao Senado apresentar uma proposta para ser eleito o Sr. Rego Chaves para Alio Comissário em Angola.

Eu não discuto a pessoa do Sr. Rego Chaves, porque eu não discuto indivíduos mas discuto princípios.

Mas não há dúvida nenhuma para ninguém de que o Sr. Rego Chaves não satisfazia às condições impostas pela lei para ser nomeado Alto Comissário de Angola, porque não podia oferecer dúvidas que S. Ex.a pertencia de facto a essa tal sociedade, e corno tal não podia ser indicado para esse lugar.

Ninguém ignora que nos ministérios há secretarias que um dos serviços a seu cargo ó o de cortar o que vem nos jornais, de interesse para os ministros, colar num papel e mostrar-lhes, e por isso não me posso convencer que nenhum dos Srs. Ministros não tivesse conhecimento da carta publicada, e principalmente o Sr. Ministro das Colónias.

Não tinha eu conhecimento pelo motivo de qua não tenho dinheiro para comprar todos os jornais de que necessitaria de ler.

Procedeu o Sr. Presidente muito bem na sua declaração.

Veio depois o Sr. Ministro das Colónias ver se salvava a situação, mas encravou-a mais.

S. Ex.a fez o elogio das qualidades pessoais do Sr. Rego Chaves, mas ninguém as tinha atacado, todos o consideraram um homem de bem.

Traía-se mas é de discutir se S. Ex.a está nas condições exigidas pela lei para ser nomeado Alto Comissário.