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Diário da» Sessôa ao Senado

> O Sr. Querubim Guimarães (interrompendo) : — Podemos nós ter essa deferência para com o Governo, znas há um facto, que precisava de uma aclaração expressa e categórica.

O Orador: — Era uma questão moral, eu não podia trazer aqui ao Senado uma proposta nas condições que V. Ex.a quere, e em moral republicana .eu desafio quem a tenha mais do que eu, apesar de ter ouvido falar para aí em moral republicana a cada passo, como se o Governo a não tivesse também.

Eu tenho tido e continuo a ter pelo Senado aquela grande consideração que por ele têm todos os que já se tôin sentado nas suas cadeiras, por ver a lealdade e a grandeza com que se tratam aqui as questões.

Mas ouvi aqui hoje fazer afirmações absolutamente destituídas de fundamento.

Falou-se em política de eompadrio, como se a houvesse aqui dentro, falou-se em combinações, e fizeram-se afirmações absolutamente falsas, a que eu não respondo como Presidente do Ministério, lastimando só que haja republicanos que são mais prejudiciais à República que os próprios monárquicos.

Se houve combinações, a resposta está naturalmente no .facto de a proposta do Sr. Ministro das Colónias ter aparecido com 10 votos contra.

Se havia uma política de combinações, o que era natural era que aparecesse uma votação com uma grande maioria de votos a favor do Sr. Eêgo Chaves, pois do contrário de nada serviriam as combinações.

O que eu quero mais uma vez afirmar é que o Sr. Ministro das Colónias escolheu livrsmente para esse lugar quem entendeu, e nessa conformidade trouxe ao Senado a respectiva proposta de nomeação.

O Senado votou como quis.

S. Ex.a falou em acções alienáveis e inalienáveis.

Ora, como eu já disse, e torno a repetir, o Sr. Rego Cha-ves era administrador ou director de uma companhia ou émprê-, sã, e por esse facto tinha natsiralmente de possuir acções que não podia alienar. Mas desde-que o Sr. Rego .Chaves abandonou o lugar que tinha nessa empresa e se

desfez das respectivas acções,

Emquanto não se provar que o Sr. Rego Chaves tem interesses em Angola, não se pode afirmar que este facto permanece.

Era isto que eu queria dizer, para lavrar o meu protesto contra a campanha de insinuações e malsinações» que há tempo se vem fazendo contra tudo e contra todos. ,

O orador não reviu.

O Sr. Querubim Guimarães: — Sr. Presidente : .parece-me que a questão do Sr. Rego Chaves não entra para aqui, porque não tenho motivo para tal cousa.

Mas o Sr. Rego Chaves está moralmente inibido de ser nomeado Alto Comissário de Angola.

O Sr. Tomás de Vilhena: — Sr. Presi dente: numa sessão tam adiantada eu não teria pedido a palavra sobre o assunto, se o Sr. Presidente do Ministério se não tivesse dirigido a este lado da Câmara, insinuando que nós queríamos fazer sobre o caso aquilo que em linguagem vulgar se chama politiquice. Mas nada disso aconteceu.

A maneira como este incidente decorreu veio, pôr numa grande .evidência a leveza —e este significado é ornais amável— com que se tratam questões tam melindrosas, visto que foi o próprio Sr. Rego Chaves quem veio declarar que possuía acções inalienáveis duma empresa.

Mas o que pedia a- mais natural prudência era que se esclarecesse .o Senado sobre o assunto.

Todavia, o que se notou foi que o Sr. Ministro das Colónias foi o primeiro a declarar . que não estava ao facto da carta do Sr. Rego Chaves.

O próprio Sr. Ministro das Colónias era o primeiro que não estava ao facto desta circunstância.

O Sr. Presidente do Ministério acudiu depois, mas fê-lo por modo que, mais por indução do que por certeza, nos vem declarar que esse negócio foi liquidado.