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Sessão de 11 e 12 de Dezembro de 1924

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tenho muito prazer em prestar a V. Ex.a a devida homenagem por tal. atitude.

O Orador: — Nessa altura escrevi um artigo num jornal modesto que dirijo, intitulado Discordamos, em que increpei o directório do meu partido de não manter as tradições do mesmo partido, e a minha terra, por intermédio do seu município, também se afirmou contra a ditadura.

ISiao! Nós viemos para o Poder dó cabeça erguida, não estamos de chapéu na mão. Queremos governar para realizar ideas que espalhámos porque julgamos chegado o momento de as fazer frutificar. Estamos de fronte bem erguida a dizer que temos este pensamento e desejamos pô-lo em prática dentro da ordem, e ordem não existirá no dia em que for rasgada a Constituição.

As minhas palavras são demasiadamente claras para que alguém, seja quem for, tenha o direito de esboçar um gesto de dúvida.

Continuando na análise da declaração ministerial, devo dizer que vi que alguém se procurava sorrir pelo facto de nessa declaração se dizer que pretendíamos realizar mais 100 quilómetros, pelo menos, de caminho de-ferro.

Nós queremos fazer uma obra honesta, não vamos prometer senão aquilo que estamos convencidos que podemos realizar, se tivermos tempo para isso.

Esta obra de sinceridade é que nos fez reduzir ao mínimo as nossas declarações.

Evidentemente há muito mais a fazer do que aquilo que está nesta declaração; há muito mais a renovai^ há quási uma sociedade inteira a refundir desde o seu alicerce; o que pretendemos é lançar os.

fundamentos dessa obra nova e, se o conseguirmos, podemos ir para casa satisfeitos, por termos prestado à República um bom serviço.

Por isso mesmo Sr. Presidente, é que nos limitamos nesta declaração a dizer aquilo que julgamos o mínimo que é indispensável nesta altura.

Em .resposta ao meu querido amigo, Sr. Dr. Catanho de Meneses, quero deste lugar apresentar as maiores homenagens pela atitude . que S. Ex.a assumiu e que revela a nobreza do seu carácter. A S. Ex.a direi qiie na verdade se na declaração ministerial não vem qualquer alusão ao Código Administrativo, uma das obras que a República tem de realizar, é porque nós obdecemos a este pensamento fundamental: desejámos trazer para a declaração ministerial aquilo que supomos realizável com este Parlamento, e nlío supomos essa obra realizável com este Parlamento, não porque não haja dentro dele competências bastantes para a discutir, mas sim porque na altura em que o Parlamento vai caminhando para os últimos dias, não há tempo suficiente para se fazer a discussão dum Código Administrativo.

A vida da República precisa na verdade uma lei administrativa por que se oriente e regule, mas tem outras necessidades maiores e suponho que na base, como fundamento na obra administrativa, está a obra financeira.

Sem dinheiro, sem finanças equilibradas e sem ter uma futura vida desafogada não é possível fazer qualquer obra útil.

A base deste Governo será uma renovação do nosso sistema financeiro; é dentro dele que pretendemos trabalhar desde já, e é por isso que vão aparecer propostas no Parlamento de carácter financeiro.

Mas não tenham dúvidas os Srs. Senadores que compõem esta Câmara em dar o seu voto de confiança, que eu não deixarei de trazer à Câmara um Código Administrativo.

Essa obra, embora não venha a ser aprovada por este Parlamento, quero trazê-la para torná-la conhecida por estes Srs. Senadores e pelo País.