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Sessão de 17 de Dezembro de 1924

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aniquilar, se poderá admitir que sejam exactamente aqueles que. têm as mais altas responsa Lilidades os que venham lançar para a opinião pública apreciações lesivas do prestígio do Estado e do Parlamento?

Melindrosa era a situação de quem, ocupando o lugar de quartel-mestre general do exército, se propunha escrever, num jornal de vulgarização, crónicas militares.

As responsabilidade s de quartol-mestre general do exército sentiu-as bem o Sr. Sinel de Cordes no momento em que, escrevendo o seu primeiro artigo, procurava afastar os equívocos a que se podia prestar a sua acção de cronista militar, num jornal de expansão popular, ligada à alta função militar que desempenhava.

Mas vejamos como ó que S. Ex.a correspondeu à sua situação de quartel-mestre general do exército:

Na segunda crónica que escreveu, compreendia-se que S. Ex.a, desde o momento que exercia as funções de quartel-mestre general do exército, se 'circunscrevesse estritamente às questões militares. Mas não, não foi isso que S. Ex.a fez. E a leitura deste artigo de coluna e meia, em que as questões militares são simplesmente afloradas denotam 'mais a acção de um cronista político que procura como incidente as questões militares para criticar e atacar a acção administrativa do Estado e a acção do Parlamento.

Uma afirmação de carácter propriamente militar faz e essa é:

«Por mais de uma vez tenho escrito que a actual organização do exército não corresponde às necessidade do País, cons--tituindo um perigo para a sua defesa».

Sabe a Câmara que as palavras de quem ocupa o alto cargo de quartel-mestre general do exército têm uma repercussão que passa muito alem do- círculo restrito em que as notícias dos jornais são lidas e apreciadas, e ninguém ignorava que o Sr. general Sinel de Cordes signatário do artigo era então o quartel^mestre general do exército.

Mas depois diz:

«Se amanhã qualquer desastre surgir não se peça a responsabilidade ao Esta-

do Maior nem ao Ministro da Guerra, que cumpriram o seu dever; o País só terá de pedir contas aos seus representantes que, entretidos com as bizantinas discussões políticas, põem de parte problemas de primordial importância para a Nação».

E eu pregunto a V. Ex.a e pregunto à Câmara, se porventura se pode admitir como legítimo que o quartel mestre do exército, de mais a mais tratando-se duma das figuras de maior categoria adentro desse organismo do exército que deve estar sempre afastado de todas as contendas políticas, venha lançar, com os seus artigos, mais uma acha na fogueira da campanha contra o Parlamento. Não é ao exército e muito menos ao quartel-mestre general que compete vir classificar em artigos dó jornal que o Parlamento só se ocupa de «bizantinas questões políticas».

Eeconhecer tal seria autorizar a desordem vindo do alto.

A política, boa ou má, em toda a parte sofre ataques, por toda a parte a paixão se apodera dos que a apreciam e julgam sobretudo quando ela não é a que mais agrada ao espírito dos combatentes, mas quem não tem de intervir nela ó o exército e muito menos as suas altas figuras, que pelo prestígio próprio ou dos cargos que exercem perniciosa influência podem ter com lais atitudes.

Mas não ficou o general Sr. Sinel de-Cordes por aqui, porque mais abaixo, no intuito de agitar o interesse do País pelas questões militares, mas parecendo antes mais apaixoná-lo as apreciações e críticas de carácter político diz:

«Visava pois a proposta a estabelecer a ordem e economia neste importantíssimo ramo da administração do exército. Mas talvez mesmo pelos, fins que tinha em vista -entendeu não dever prestar-lhe a devida atenção, certamente para que se não adoptasse uma providência que tanto destoava dos processos usados na administração pública, onde a desordem impera e o esbanjamento constitui a sua principal característica».