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Diário 'das Sessões do Senado

O Sr. Ministro da Guerra (Helder Ribeiro) : — S. Ex.a conhece perfeitamente as perturbações do início do constitucionalismo.

O Orador: —j As responsabilidades silo sempre da monarquia! jTenho ouvido isso aqui bastas vezes! Ir S..Ex.a buscar as dissenções e perturbações de há 50 ou 60 anos é doutrina nova e muito mais estranha!

O Sr. Ministro da Guerra (Helder Ribeiro):—Eu podia apontar casos de todos conhecidos, como foi o que se começou a esboçar n& revolta de 1919 em que j á havia militares envolvidos nela.

O Orador:—Melhor ó deixarmos isso. Passemos-lhe uma esponja por de cima e consiga S. Ex.a reorganizar o exército actual dentro da forma que tam brilhantemente qcis expor na sua oração. Só / assim for terá S. Ex.a prestado um grande serviço ao País. {Parece-me bem que no caminho encetado agora, tam imprudentemente, nunca o conseguirá!

O Sr. Serra e Moura:—Sr. Presidente: peHi a palavra para me referir a um caso duma certa gravidade.

É certo .que não deveria talvez ser eu quem devesse tratar deste assunto, há pessoas muito mais competentes do que eu para o abordar, mas se c faço é porque são vários os clamores.

Sr. Presidente: muitas pessoas se têm queixado da forma como são tratados os doentes nos hospitais civis de Lisboa.

Realmente, a ser verdadeiro o que nmt-tas pessoas me têm afirmado, é para la-n?entar que uma instituição dessa natureza não vá ao encontro do 5m para que íoi criada.

Nos hospitais civis os pobres são trata-tados cniási como cães desprezíveis; um pobre desgraçado que tem de recorrer ao hospital, só não tiver alguém que lhe leve um caldo ou um pouco de pão, morre à fome.

• Mas há mais, j é que a assistência médica é uma ficção!

°Eu sei duma criatura que esteve numa enfermaria de tratamento de mulheres,

em que via fazerem tratamentos com certos aparelhos a várias pessoas sem que fossem convenientemente desinfectados.

Ora isto é uma desumanidade.

Sei que há médicos, verdadeiros beneméritos, que têm de recorrer a subscrições entre os seus colegas e amigos para levarem um pouco de conforto e caridade aos desgraçados que ali estão sendo tratados.

l Mas a caridade, o carinho, que é, tam indispensável ao tratamento dos doentes, é posto de parte pela maioria dos empregados dos hospitais!

É contra isto, Sr. Presidente, que me revolto e protesto e peço a V. Ex.a para levar junto do Sr. Ministro do Trabalho estas minhas considerações, rogando a S. Ex.a para mandar proceder imediatamente a um inquérito rigoroso, a fim de , dar providências nesse sentido.

Isto por hoje, na certeza de que, se as minhas palavras não forem ouvidas, se não forem atendidas?, voltarei a tratar deste lamentável caso, não porque nisso veja unia falta de consideração pela mi- ' nhã pessoa, mas pelo amor que todos devemos ter pela humanidade desprotegida -que sofre por esses hospitais.

Tenho dito por emquanto.

O Sr. Presidente:- —Transmitirei ao Sr. Ministro as considerações que V. Ex.a acaba de fazer.

São agregados à Comissão de Verificação de Poderes os Srs. Fernandes dó Almeida, Gaspar de Lemos, D. Tomás de Vilhena, Vicente Ramos, Medeiros Franco e Lima Alves.

O Sr. Ramos de Miranda : — Sr. Presidente :' pedia a V. Ex.a para propor ao Soaado a substituição do Sr. Medeiros Franco, emquanto não assistir às sessões, pelo Sr. Alves Monteiro.

Posto à votação o requerimento,, foi aprovado.

O Sr. Presidente:—A próxima sessão é na sexta-feira à hora regimental, sem ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas.