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Sessão de 4 de fevereiro de 1925

a geate a 'culpa é minha, de não ter sido suficientemente explícito.

Monárquicos do todos os partidos querem resolver o problema agrário.

O mesmo quere o Partido Republicano porque já no seu programa de 1891 a tal se referiu.

Mas agora, chegado o momento das realizações, todos eles dizem mal do projecto, todos o criticam, mas não apresentam uin contra-projecto que seja melhor, mais exequível, mais prático.

Voltarei, outra vez, 7 anos, como o pastor da Bíblia a pregar a grandeza deste problema; e estarei sempre no meu campo.

Era-me muito mais fácil fazer vingar o meu projecto; fazia-me bolchevista, aliciava trabalhadores e viria, em último recurso, impor a lei pela violência.

«No Alentejo não há republicanos—há ódios. O pobre não pode ver o rico. E uma gente roída de invejas e rancores que passa anos e anos da vida a cubicar um campo», dizia Fialho 'de Almeida. — Era explorar esta situação.

Não o faço, não está dentro dos meus propósitos; o aproveito o ensejo para dizer qne nunca o farei.

Dizem que apresentei uma lei ad odium. São tam injustos como inconscientes ou ignorantes os que tal afirmam.

Há um homem, ou melhor, dois, que marcaram a minha orientação na vida.

Ura foi Basílio Teles, outro Szabo Na-gyatad, que morreirhá dois ou três meses na Hungria.

Basílio Teles, depois do meu professor Rodrigues do Freitas, estando eu em África, com os seus livros A questão agrícola, Estuei os históricos e económicos, Carestia da vida nos ccnnpos, prendia o meu espírito à questão agrária portuguesa. Szabo ficou como exemplo a pautar a minha vida. jira filho de um modesto camponês, e só tinha instrução primária. Viveu porém a vida da gente do campo, e assim aprendeu a solução dos seus problemas. Fazendo escala por modestas funções da vida colectiva, sem nunca deixar o seu labor agrícola, foi eleito Deputado, aos 45 anos, para a Câmara húngara, quási só constituída de grandes proprietários.

Combateu e pugnou pela reforma agrária.

Depois da guerra as suas ideas começar aja a vingar.

Foi nomeado Ministro da Agricultura em 1918; e Ministro da Agricultura morreu, tendo planeado e posto em vigor a reforma agrária húngara. ' •

Quando o bolchevismo entrou na Hungria, Szabo foi para casa; e só quando a revolta passou é que ele voltou ao Ministério húngaro, para continuar a sua reforma.

Não nie será dado a mim a sorte de Szabo, mas o que me é dado é seguir o seu exemplo, tentar fazer a revolução dos espíritos.

Voltarei novamente a escrever livros, a fazer conferências, continuando a ser o que sempre fui, alheio completamente aos partidos políticos, porque não posso ter a sorte de os tornar conscientes.

Nas Constituintes eu era o selvagem de todos os selvagens.

Neste Governo permaneço o que sempre fui.

Sou um trabalhador, filho de modestos trabalhadores de aldeia.

Aos que me chamam teórico, eu oponho o labor prático da minha vida de engenheiro.

Aos que me chamam sonhador da questão agrária, eu direi que não conhecem nem sentem a tragédia da gente portuguesa.

Não conhecem o problema: não imaginam como Portugal se amesquinha com a emigração.

Se a minha solução agrária é má, outra apareça melhor.

Não há ninguém mais condescente do que eu, desde que me convençam.

Todos os anos para o Alentejo vão milhares de pessoas para a faina agrícola. Hoje já não vão só homens feitos, vão também adolescentes e crianças.

Nos recenseamentos militares da Beira, nota-se o degeneramento da Raça.

Não se atende a nada diste.

Com o dinheiro dos expatriados, pagamos as cousas "que não produzimos, e ajudamos a tentear as finanças.

O problema português tem-se resolvido sempre pela sucessão espontânea dos factos políticos.