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de 4 de fevereiro de 1926

Os países europeus que costumam dar trigo tiveram colheitas desastrosas, como a Eússia, a Eoménia, a Bulgária, a Turquia e a Hungria.

A Rússia e a Alemanha acabam de comprar tanto trigo que fizeram uma alta, aos saltos de õ por cento, por vezes, de dia para dia.

Quando entrei para Ministro o trigo comprava-se a menos de 280 xelins a. tonelada, e assim se comprou para Portugal, e ontem o trigo ficou a 330 xelins.

E estamos na entrega da colheita do Canadá, quere dizer: estamos num período do ano em que todas as probabilidades prometiam uma cotação média ou baixa.

Mas Portugal não se importa de produzir o trigo suficiente: viveu à sombra duma lei proteccionista — e essa lei favoreceu o amesquinhamento da produtividade da terra; consagrou a má organização das casas agrícolas; estimulou a transformação das primeiras colheitas de 20, 25 e 30 sementes para as nossas tra-. dicionais e escassas de 6 e 8 sementes; fora a consolidação do nosso déficit de trigo de 3 a 7 meses do ano.

E o aumento de população do conti-v nente entre os dois últimos censos foi pequeníssimo em relação ao que devia ser, havendo na realidade um déficit de cerca de 400:000 habitantes, tendo nos distritos do norte Bragança, Vila Real, Viana do Castelo, Braga, Viseu, Guarda, Coimbra e Castelo Branco, diminuído a população, excepto Porto e Aveiro.

Houve causas que concorreram para essa anomalia, como por exemplo apneu-mónica e a guerra, mas esta última não se conta porque felizmente poucos portugueses lá ficaram: e por aqui se vê que não foi o aumento de população que faz y, faltar o trigo.

Além do trigo, falta-nos o milho, falta--nos a carne, escasseia-nos o azeite, faltam-nos as gorduras e os queijos, as batatas e o feijão.,.

Mas eu ia a dizer que a resolução do problema agrícola ó difícil e que a maioria dos nossos agrónomos diz que este problema neui ainda em equação está posto...

- O Sr. Lima Alves í — Apoiado dum agrónomo.

O Orador: — Muito obrigado a V. Ex.a

Afirma-se até qfie o nosso problema agrícola é insolúvel, em face das imposições do solo e do «lima. Vêem, assim, como será tardia a suficiência da nossa produção da terra, base essencial da diminuição da carestia da vida.

A solução desse problema é muito complicada, não só pelos factores âgro-climá-ticos como pelos factores moral e pessoal que entram 110 problema económico.

O ano passado o trabalhador agrícola ganhou 25$ e mais por dia, e isto porque a nossa lavoura, na sua maior parte, não tem os apetrechamentos mecânicos, os sistemas Agrícolas, a organização cultural e pecuária necessários para uma produção económica e lucrativa que reduza a uma quantidade moderadíssima o trabalho humano do cultivo.

Nós estamos, salvo honrosas excepções que nem sempre são dos agrónomos portugueses, ainda com um sistema agrícola defeituoso; e não é fácil mudar de repente a organização actual da nossa lavoura, porque isso depende de outra organização política e de condições excepcionais de actividade colectiva, que não vejo sequer pôr na discussão lá fora e nestas casas do Parlamento.

Assim, havemos de compreender que o problema do pão não se resolve na política desleixada do costume.

O mesmo sucede com o problema da carne.

Há poucas semanas fiquei ao mesmo tempo alegre e torturado ao ver desembarcar o gado da Argentina. Alegre, por verificar a selecção scientífica dos animais todos aperfeiçoados e uniformes de carne e acomodados em termos de suportarem uma viagem de 28 dias, apenas com uma percentagem de l por cento na mortalidade; e triste por ver que nós embora não tenhamos em muitas 'regiões as condições necessárias para realizar uma exportação desta natureza, podíamos no em-tanto produzir o suficiente para nos bastarmos.

Quando eu era pequeno fazíamos ex-pcrtação de gado i> ela barra do Porto para Inglaterra.

Bem sei que nesse tempo fazíamos °a importação dos novilhos .de Espanha.