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Diário das Sessões do Senado

Estão estas dispersas como aspirações quási todas em documentos legislativos. Urge intensificar e metodizar a intervenção do ensino, do fomento e do crédito, para que a nossa lavoura saia da rotina secular que a obriga a gastar demasiado trabalho humano, e faculta pequeno rendimento de produtos por hectare, assim como produtos minguados e caros.

Por fim a proposta fecha com a organização administrativa o mais simples possível para a realização dos vários trabalhos governativos, aproveitando a organização actual do Ministério da Agricultura.

Vê-se claramente, fora do espírito sectário ou do melindre do interesse pessoal, que a minha proposta de lei tende a promover a «organização rural», chamando à comunhão de interesses a gente dos campos, embora de regiões diversas, começando-se pelas que de sempre vêm cooperando no cultivo; obedece à instalação de numerosas famílias de cultivadores na terra inculta de feitio alentejano, sem prejuízo afinal para o rendimento liquido das terras dos grandes proprietários, que colherão do maior povoamento facilidades de melhor cultura; promove a rega dos campos e o melhoramento da organização e dos processos agrícolas. Mais abundância, maior bem-estar e felicidade para a gente lusa.

Ninguém quere travar, por tima política previdente, a fatalidade dos factos, que é esta: a França vedar dentro de alguns anos a colocação dos nossos emigrantes, como vem fazendo a América do !Xn:^n: o Brasil oferecer cada vez menos êxito a nossa emigração, porque ela contrasta na falta de capacidade mental com a dos outros povos europeus, mais coitos.

Por seu turno, nós não somos capazes de tornar a África um grande território de absorção da nossa gente superabun« dante na metrópole.

E assim encontraremos o mundo alheio-cada vez mais ingrato, as nossas colónias incolonizáveis, e a nossa terra inabitáve], porque a gente não pode fixar-se no ar nem no mar, e a terra erina e bravia tem dono que não a vende, nem afora, nem arrenda.

A questão agrária há-de pôr-se, então, em termos de violência, depois de enormes prejuízos nacionais.

«j Não é melhor irmos já de encontro a estes ?

Alguém que muito estimo, relembrando, há dias, uma viagem de cintura ao país, que fizemos no outono passado, dizia-me: agora, é que eu compreendo conio é lindo Portugal; ; que pena os homens não se entenderem! Eu vos repito também: que pena não nos entendermos! . . .

O Sr. Afonso de Lemos:— Pediram a palavra para responder ao Sr. Ministro da Agricultura alguns Srs. Senadores.

Eu não me quero antecipar a S. Ex.as e por isso falarei depois de terem usado da palavra os Srs. Senadores inscritos.

Mas quero, por agora, levantar uma afirmação do Sr. Ministro da Agricultura.

Disse S. Ex.a que não há trigo em Portugal. Ora eu provarei daqui a pouco que há muitos milhões de quilogramas de trigo no meu distrito, em Beja, e quais as razões por que esse trigo não pode ser utilizado para o consumo.

O Sr. D. Tomás de Vilhena (para explicações}:— Quarenta anos de vida política ainda não me calcinaram a alma de maneira a eu não a ter bem aberta para receber, como um nenúfar recebe a brisa, a esplêndida conferência quo acaba de fazer nesta sala o Sr.. Ministro da Agricultura.

Vozes;—Muito bem.

O Orador: — Felicito-me por a ter provocado.

Verdade é que S. Ex.a, àquela interrogação precisa que eu lhe dirigi, não deu a resposta concreta que seria para desejar.