O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 2 de Junho de 1925

5

fico eu. No resto do país, eu implanto-a pelo telégrafo.

E assim foi, Sr. Presidente. Ele sabia bem o que era a província.

Se me fosse lícito, leria um dos períodos de uma sua Carta Política, mas não o faço porque não ó este o momento próprio para isso, e porque não quero agravar aqueles que, porventura ainda hoje, nesta casa e lá fora, sustentam os princípios do velho regime.

Sr. Presidente: fiava João Chagas tudo da educação nacional, e por mais de uma vez ele escreveu que nós, em matéria de educação, tínhamos 14 anos perdidos.

"'E, de facto, assim é, Sr. Presidente, porque a República tem cuidado do mestre escola, do funcionário etc., mas, como João Chagas disse, não tem olhado com tanta atenção como devia o problema da educação nacional.

Foi João Chagas um admirador da constituição política de 1848, da segunda República, como o foi também, e com justa razão, do grande Carnot, que foi quem conseguiu lançar as bases da admirável reforma francesa que mereceu a um estadista inglês esta frase: «a reforma francesa é um monumento, dela há-de sair a verdadeira liberdade».

Foi o grande Carnot o continuador do grande espírito que teve o nome de Guisot.

João Chagas, com o seu espírito clarividente, bem viu que o problema educativo era a base de qualquer sistema político, e quando no Ministério do Interior, no momento em que a instrução lhe andava agregada, João Chagas numa conferência que teve com homens do métier, a que tive a honra de assistir, pensou em lançar as bases da educação nacional. Não teve tempo, porém, para sobre elas ouvir os técnicos, que dispersos andam pelo País.

A melhor homenagem a prestar a esse homem é reunir os homens de bons sentimentos e republicanos de todos os matizes, independentes de facções, para, sob o ponto de vista de educação nacional, elaborarem e legarem ao País um estatuto com as bases da nossa regeneração.

Lembro-me que João Chagas mais de uma vez afirmou que não compreendia

como uma República, implantada em 1910, 'deixasse nos seus lugares figuras •que tinham tido influência no regim.3 an-' terior, e que tinham combatido a República.

Um regime novo deve ser servido por homens novos, assim o dizia ele, transcrevendo numa Carta um período em que Emídio Navarro afirmava que o regime republicano, depois de implantado, tinha de ser servido por homens novos com ideas novas.

Assim, concordo com o voto proposto por V. Ex.a com relação a João Chá-" gás, e mais me associo, em nome deste lado da Câmara, aos votos propostos em memória dos outros cidadãos falecidos, e sobretudo ao que respeita à grande figura de actor que foi o actor Brasão.

O orador não reviu.

O Sr. Pereira Osório:—Sr. Presidente: tem o Porto nesta Câmara dois representantes: um é V. Ex.a, e outro sou eu.

A V. Exa, pelo seu. prestígio, pelos serviços prestados à República, competia falar em nome da cidade que nos elegeu.

Mas a 'situação em que S; Ex.a está, de presidir a esta Câmara, inibe-o de o fazer, eporisso eu, embora me sinta muito pequeno para homenagear tamanho ho-rnem, tenho de cumprir esse dever e de falar a respeito de João Chagas em nome do Porto, visto que essa cidade considera João Chagas como um dos seus melhores filhos.

Foi aí que ele exerceu a maior parte da sua actividade política, foi aí que ele fez a sua maior propaganda, e foi também aí que ele teve a maior parte dos seus sofrimentos resultantes de perseguições que lhe fizerem.

Eu poucas palavras vou proferir, visto que a grande figura de João Chagas tem sido já largamente apreciada debaixo de todos os seus aspectos, quer na imprensa, quer nos discursos feitos à beira do co-val, quer na Câmara dos Deputados, ontem.

Eu apenas apreciarei João Chagas em conjunto na sua vida cheia de beleza que se manifestava nos seus mais pequenos gestos, nas suas mais pequentfs atitudes, nas suas mais modestas palavras.