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Diário das Sessões do Senaâo

bem, publicado recentemente no Século do dia 6.

O Sr. Teixeira Gomes assinando isto como que dá um mau carácter a este decreto.

O Sr. Júlio Ribeiro (em aparte):—Não apoiado.

O Orador:— V. Ex.a pode ter a opinião que quiser.

Não sou um jurista; refiro factos, muito embora os tenha sentido muito antes dos juristas os terem apontado e criticado.

Comecei por dizer que sentia que com as minhas considerações iria desagradar a todos os lados da Câmara, e talvez, até a mini próprio, mas no uso pleno das regalias que me confere o estatuto desta Câmara, heiíde fazer o que suponho ser justiça com toda a firmeza. .

O próprio Governo devia ter reconhecido isso, tendo-se declarado o feriado nacional para depois, por outro diploma, cortarem pelo meio o feriado e o ce-creto.

Francamente, um decreto de feriado nacional, limitando-o à cidade de Lisboa, é ridículo. É nacional ou não é?

É alfacinha ou que é? £É lisboeta, ou é de todo o país?

Mas há mais. O feriado foi decretado por 24 horas;. para o dia todo!

Que homenagem é esta?!

Não me custa nada a crer, compreendo perfeitamente que republicanos empoleirados no Poder pelo bambúrrio de õ de Outubro queiram festejar os seus precursores.

Não me repugna nada!

Acho um facto natural, legítimo, justificado no seu ponto de vista.

E se tivéssemos de nos revoltar contra isso, era melhor que nos tivéssemos prevenido a tempo e não os tivéssemos deixado saltar para o poleiro. • j Quando se trata de uma homenagem faça-se ao menos com decência!

O Sr. João Chagas foi, indubitavelmente uma das pessoag que mais mal fez à mo-

narquia e, portanto, melhor fez à República !

Compreendo, por isso, perfeitamente a idolatria de V. E:ç.as pela sua figura e pela sua memória; mas não quero deixar de salientar haver desacordo absoluto entre essa idolatria e a manifestação externa da mesma.

Não me causa estranheza que lhe façam todas as homenagens.

Uma das cousas que ontem mais incomodaram o Sr. Ribeiro de Melo foi a hipótese de riqueza que o Sr. João Chagas tivesse, Não quero discutir isso. Não sei se tinha., se não tinha fortuna.

Ouvi dizer que o Sr. João Chagas, republicano dos mais antigos, nos seus tem^ pôs de rapaz, tinha trabalhado um pouco na imprensa monárqaica e, antes de 31 de Janeiro, assentara arraiais no partido republicano, onde foi jornalista de combate dos mais distintos e dos mais nocivos para nós.

Era sobretudo notável e muito nocivo para nós como panfletário — j essa ó a sua especial característica de escritor!

Não me custa nada dizer isto, não me julgo deminuído um ceitil na minha economia nem um milímetro na altura, porquê é a expressão da verdade.

Querem-lhe prestar homenagem? Façam-no!

; d. Mas para que foram juntar a este projecto dois nomes que se prestam a pa^ lavras de crítica?!

Vejo aqui na minha nota que se juntou o nome do Sr. França Borges.

O Sr. França Borges, antigo redactor do Mundo — não me consta tenha sido funcionário público — seguiu o seu caminho com a mira num ideal seu, servindo^ -se dos processos que entendeu.

A República e o,s republicanos devem--Ihe sem dúvida reconhecimento pelos-actos do demolição praticados no regime que tenho a honra de representar aqui.

Está muito bem, façam-na, é justo.

Fizeram-lhe uma estátua que continua encerrada num tapume na antiga Praça do Príncipe Real, tendo dado o nome de França Borges a esse lindo jardim.