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Diária âas Sessões ao Senado

que se agravaram os padecimentos cie José Antunes. A este respeito é que eu queria ouvir a apreciação do socialista

- Sr. Costa Júnior, como homem de seiên-cia, sobre a doença, a que chama atrofia nevrótica, de que padece José Antunes. Desejava que S. Ex.a fizesse uma prelecção sobre este assunto, em que poderia até ler algumas belas páginas escritas por Paulo Barreto, no Rio de Janeiro, e tantos outros. S. Ex.a afirmava-se assim um homem de coração. *

S. Ex.a, embora quisesse dar-me a impressão de que não era um. homem de

-educação, desmentiu-se, porque S. Ex.a tem sempre pelos humildes toda o carinho, e se não defendeu este caso foi unicamente por ser a favor de José Antunes. Interrupção do Sr. Costa Júnior, que não se ouviu.

O Orador: — José Antunes era revolucionário, tinha de dar o corpo à batalha,, e não^ tinha a Cruz Vermelha a garanti --lo. É por isao que não podia ser apreciado pelo Sr. Costa Júnior.

V. Ex.a, Sr. Costa Júnior, no seu aparte, deixou a impressão de que o seu colega tinha apresentado um atestado que não representava a verdade.

O Sr. Costa Júnior (em aparte):—V. Ex.a niSlo pode tirar essa conclusão das minhas palavras. V. Ex.a tem de ser honesto.

O Orador: — Eu também sou político. •V. Ex.a julga que eu sou daqueles que dizem que estão aqui por sacrifício, que sou como alguns Srs. parlamentares que dizem que não querem ser eleitos, que não estão para nlassadas? Eu vou ao acto eleitoral e peço votos; é um favor que nunca se paga.

V. Ex.a compreende que tenho de tirar partido de todas as suas afirmações, e -como V. Ex.a as fez sobre uma proposta que não tinha lido nem ouvido ler na eo-•missão. Pediu, pois, ao Sr. Presidente da Câmara que lhe mandasse a proposta com os documentos, e então leu-a. E eu sei que Y. Ex.a não quis ser desprimoroso, nem incivil, para com o seu colega.

Chamando-lhe habilíssimo profissional, não quis dizer, conforme declarou, que •ele havia passado um atestado que não

representava a expressão da verdade, mas a mim é que me não satisfez, porque nem todos são obrigados a ter a grande inteligência de S. Ex.a Eu não compreendia assim; agora sim, depois da declaração que acaba de fazer.

'V. Ex.a podia, com a sua maneira de se exprimir, ter dado a entender que o seu colega havia passado um atestado de

favor.

O Sr. Costa Júnior: — Xavier da Costa era incapaz de o fazer.

O Orador: — V. Ex.a naturalmente não esperava que eu tocasse neste assunto.

Há médicos que também são políticos e que fazem o -seu favor político.

Na minha terra há um médico muito interessante, pessoa de bem a todos os respeitos, que, quando se trata de passar um atestado político, diz:

«Isto não é da profissão».

E estuda a melhor forma de passar um atestado compatível com as circunstâncias. E esse atestado faz fé.

Não são favores médicos, são favores políticos, que eu julgo os médicos capazes também de fazer.

Eu, não sendo médico, sou também capaz de fazer um favor político. Se um meu correligionário me pedir, por exemplo, uma carta de apresentação, eu direi que ele ó um excelente republicano, duma inteligência sagaz, duma competência extraordinária, a quem. o regime muito deve, etc., etc.

E faço isso para servir um correligionário.

Trata-se dum favor partidário. ,

Faço-o eu o fazemo-lo todos, porque todo s temos coração.

De quem parece que o coração está muito longe é dos Srs. Silva Barreto e Costa Júnior e também da maioria, com excepção do Sr. Serra e Moura, talvez por efeito da cadeira onde se senta.

Muitas vezes, sendo o Sr. Silva Barreto, leader do. meu partido, eu, não concordando com determinada orientação, votava contra.