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Diário das Sessões do Senado

homens que mais têm atacado a sua obra financeira, que o Estado não está eai condições de dar a misérrima esmola da .100$ a José Antunes porque a solidariedade do Partido Democrático assim o exige.

O Sr. Silva Barreto já uma vez nos conseguiu iludir declarando que nenhum dos membros da Secção nem do Senado tinham competência para discutir esse assunto, e todavia é o Sr. Silva Barreto quem, atirando com esse labéu de incompetentes aos seus correligionários e colegas do Senado, se faz relator e defensor dessa proposta.

Por maiores que sejam os seus conhecimentos económicos e financeiros, ele não podia arvorar-se em relator de uma proposta e sustentar um ponto de vista que S. Ex.a, minutos antes, tinha declarado ^ignorar completamente, ignorância que •não amesquinhava porque a suspeitava existente em todos os seus colegas.

Agora é o Sr. Silva Barreto que se Julga em condições de defender o erário nacional de uma magra pensão de 100$, indo junto do Sr. Presidente do Ministério insuflar no seu espírito justiceiro e de bondade a conveniência de não ser votada esta proposta, porque tinha por princípio protelar a discussão da sua proposta ministerial e que ela foi feita simplesmente por capricho único de não deixar votar as outras pensões.

Provaremos que assim não é e temos a sessão de beje e possivelmente a de ama-. nhã para discutir e provar que O Sr. Silva Barreto, fazendo uma afirmação dessas, não teve na devida consideração e respeito o autor desta proposta, e havemos de terminar pt)r ò convencer que a proposta dê José Antunes é justa porque se deve cuidar primeiro de um vivo e depois tratar dos mortos.

Sr. Presidente: o Sr. Costa Júnior, pretendente a- leader do Partido Democrático, naturalmente por ser a asa direita, do Sr. Silva Barreto, disse que José Antunes tinha pedido voluntària-, mente a sua demissão de modesto serventuário da Caixa Geral de Depósitos.

Eu preguntei a S. Ex.a, em aparte, se sob a sua honra afirmava que tal fosse verdade.

S. Ex.a afirmou-o sob a sua honra.

O Sr. Costa Júnior (interrompendo): —-Eu disse que o fazia em face dos documentos que estava lendo.

O Orador: — S. Ex.a fez a comparação entre duas datas: a data do documento médico que estava junto à proposta e a data em que José Antunes pediu a sua demissão por não querer continuar a receber um vencimento que ele não'podia ganhar com o seu trabalho. '

O procedimento- deste modesto, serventuário pode servir de exemplo a altos funcionários do regime que não prestam a menor assistência ao seu serviço, não deixando de receber o seu vencimento e sem que directores gerais ou chefes de repartição os impeçam de continuar a roubar o Estado por essa forma.

Este humilde republicano, mas republicano sincero, pertencia ao número desses simplistas que, como eu, iam, no tempo da monarquia, ouvir os propagandistas, como o Sr. Afonso de Lemos, dizer que, logo que fosse destronada a família Bra-grança e que em Portugal raiasse o sol da liberdade, seriam satisfeitas todas as aspirações nacionais.

^E, Sr. Presidente, o que é que nós vemos?

Chefes de repartição e directores ge-• rais, tendo obrigação de estar nas suas secretarias nas horas regulamentares, nem lá comparecerem, desdobrando-se em quatro e cinco empregos para não poderem acudir com decência a nenhum deles.

Eu pregunto: <_ de='de' a='a' combatendo='combatendo' expuseram='expuseram' desses='desses' vida='vida' magnates='magnates' em='em' monárquicas='monárquicas' outubro='outubro' p='p' as='as' _5='_5' quantos='quantos' _1910='_1910' hostes='hostes' república='república' da='da' contra='contra' sua='sua'>

Alguns deles ainda tomaram parte em movimentos posteriores a 5 de Outubro, mas isso já era bem mais fácil; corria-se apenas o risco de uma prisão temporária, de uma destituição de funções, mas naquela 'data arriscava-se mais alguma cousa.

Não se jogava somente a posição, jo-. gava-se também a liberdade.