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Diário das Sessões do Senado

rapazes que têm a preocupação do estudo literário e que são bons jornalistas, e há o Sindicato dus Trabalhadores de Imprensa, onde estão todos os verdadeiros trabalhadores ile imprensa.

Tanto uns coino outros, operários todss da imprensa, não podem wr de ânimo leve que entre em execução o decreto publicado há dois dias.

O que vem esse decreto fazer?

Vem beneficiar uma associação de escritores, deixando a porta aberta para toda e qualquer pessoa pessuir a carteira de jornalista, _ficando-se assim na contingência de vermos amanhã a carteira de jornalista nas mãos de pessoas quo só escrevem para. os jornais de vez em qian-do e que muitas vezes mesmo nem isso.

Era conveniente. que V. Ex.a, Sr. "Presidente, fizesse sentir ao novo Ministro do Interior a utilidade de fazer um estudo mais profundo sobre o problema que bem o merece e que necessita s'er atendido.

. O orador vão reviu.

Posta à votação a proposta de saudação, foi aprovada.

O Sr. Júlio Ribeiro:—Sr. Presidente: neste jardim da Europa, à beira-mar plantado, na frase banalizada de um poeta, e a que um outro altíssimo poeta chamou país de lenda e de sonho, parece realmente que se dorme profundamente e qu3 só de longe em longe o canhão revolucionário nos sensibiliza num estremunhar de indecisão semi inconsciente.

Sim," Sr. Presidente, só esse sonhar de dorminhocos explica muitas das anomalias a que assistimos nesta linda e boa terra onde o desvario principia a caracterizar a acção dos homens públicos de maior responsabilidade. . ar. Presidente ; não é uma figura do retórica dizer-sé que há fome em Portugal.

Não.

Não é*

Principalmente em .lares de funcionários públicos e militares honestos, qno vivem apenas cãs suas profissões, há muita miséria desenrolando-se a cada passo catástrofes que horrorizam.

Pois é no momento, neste triste ÍIIG-meTito, ao ouvirem se os clamores dos\~[ue pedem aumento de vencimentos para te-

rem mais um pouco de pão, que os jornais noticiam este facto estranho:

«Fartura de peixe... caro.— O nosso informador dos mercados trouxe-nos ontem a seguinte noticia :

No marcado-de-Santos, os vapores Maria Luisa, 'Boa Esperança, Rio Minho, Si-rius l, Azevedo Gomes, Apoio e Glauco, descarregaram 40:200 quilogramas de peixe grosso, que foi vendido por 79:385s§>50.

Na Kibeira Nova, os 15 cercos que ali apareceram, venderam toda a sardinha por 36.510/.

O cabaz da sardinha, cavala e carapau,, foi vendido primeiro a 10)5, depois a 5$,. 45 e a 1$, e, por fim, foi dado, e, como já não havia quem lhe pegasse, foi deitado-ao mar».

É inverosímil, não é, Sr. Presidente ?' Uma voz:—E fantástico!

O Orador:—Fantástico, sim, e revelador de um sintoma bem triste é bem des-presdgiador deste regime digno de melhor sorte.

Apoiados.

Fois quê!

Então num Estado 'com um Minis troque tem a seu cargo a gerência da pasta por onde correm' os interesses da economia nacional, num Estado que tem um bombástico Comissariado de Abastecimentos, é possível inutilizarem-se tonela-des de peixe porque se ignora que há frigoríficos e sal com que'se pode conservar o peixe e que existem comboios que o podem transportar para as terras do país-onde seria comprado por bom preço, beneficiando-se as populações?

Apoiados.

Não, não-se sabe.,

j E é por isso que se inutiliza em Lisboa! , ..-.;'

Lamento que aquelas cadeiras ministeriais estejam vazias e não possa interço-gar o Governo sobre este caso inverosi-mil, estranho, revoltante.

Seria interessante ouvir o Grovêrno sobre o assunto.

Nào há ainda Ministério.-