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308 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 26

e que tanto queríamos ver desenvolver-se e perfazer-se segundo os imperativos da sua lógica interna.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Interpretando ainda os sentimentos da Câmara, transmitirei a S. Ex.ª o Presidente da República as nossas homenagens juntamente com os protestos da nossa dedicação ao interesse nacional . . .

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O St. Presidente: - ... e ao Sr. Presidente do Conselho as saudações dos que não esquecem o pensador e o estadista a quem a Nação deve as leis constitucionais, com a anunciação do Estado Corporativo, e de quem espera ainda que por dilatados anos realize a obra que complete aquela com que já tão profundamente se tornou, para sempre, credor da gratidão do País!

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Sr. Presidente: - Finalmente, desejo testemunhar à Assembleia Nacional a alta consideração desta Câmara.
A Assembleia Nacional encontra-se aqui representada pelo seu vice-presidente, Sr. Eng. Augusto Cancella de Abreu, na impossibilidade da comparência do seu Presidente, que, entretanto, enviou um telegrama prestando homenagem a esta Câmara e felicitando-a pelo seu 20.º aniversário.
Há vinte anos que colaboramos no trabalho legislativo; creio, porém, que não estão esgotados todos os meios de tornar mais íntima e proveitosa essa colaboração. A Câmara Corporativa verá com prazer tudo quanto concorra para aperfeiçoar os métodos de acção em conjunto. Uma única preocupação é seu timbre e por ela pauta inflexivelmente a conduta que segue: a de servir o mais fiel e completamente que seja possível o interesse superior da Nação!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Convido os Dignos Procuradores a dirigirem-se agora para a sala das sessões das secções, a fim de se proceder à inauguração do retrato do primeiro Presidente desta Câmara, general Eduardo Augusto Marques.
Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 45 minutos.

Digno Procurador que entrou durante a sessão:

Francisco José Vieira Machado.

Dignos Procuradores que faltaram à sessão:

Adelino da Palma Carlos
Adriano Gonçalves da Cunha.
António Bettencourt Sardinha.
António Ferreira da Silva o Sá.
António de Oliveira.
Armando António Martins de Figueiredo.
Ayres Francisco de Sousa.
Ezequiel de Campos.
Francisco de Melo e Castro.
Isidoro Augusto Farinas de 'Almeida.
João Mendes Ribeiro.
João Osório da Rocha e Melo.
Joaquim Camilo Fernandes Álvares.
Júlio Carlos Alves Dias Botelho Moniz.
Mário de Oliveira.
Pedro Soares Pinto Mascarenhas Castelo Branco.
Rafael da Silva Neves Duque.
Ramiro da Costa Cabral Nunes de Sobral.

O REDACTOR - Luís Pereira Coutinho.

Discurso do Digno Procurador Afonso de Melo na cerimónia do descerramento do retrato do primeiro Presidente da Câmara, general Eduardo Augusto Marques:

Sr. Presidente: creio que sou um homem disciplinado. Disciplinado por educação familiar, por formação profissional, mesmo por temperamento. Houve por bem V. Ex.ª designar-me para usar agora aqui da palavra, em nome da Câmara, invocando a circunstância de sermos, eu e o Sr. Dr. Júlio Dantas, os mais velhos, dos Dignos Procuradores aqui presentes e de eu me contar entre os poucos que aqui permanecem desde essa quadra, heróica - heróica, porque a época era ainda de incertezas e de batalhas e o regime corporativo como que um mistério para a maioria da população - em que foi constituída a Câmara Corporativa e eleito o seu primeiro presidente. Melhor fora que se ouvisse aqui a palavra, sempre admirável, de Júlio Dantas. Ele acrescentaria com a sua glória a glória do homenageado. Mas foi-lhe reservada a suprema honra de descerrar o retrato, obra de arte do pintor Medina, que fica a adornar esta sala. Obedeci, pois, como me cumpria.
Sr. Presidente: foi, na verdade, uma nobre, uma gloriosa figura de militar e de cidadão o primeiro Presidente da Câmara Corporativa.
A primeira vez que o vi, general de reserva, os cabelos brancos de neve, a tez pálida, as carnes mirradas pelas febres dos trópicos, o dorso curvado, as falas brandas e concisas, os gestos moderados, o traje despretensioso e o rosto onde fuzilavam uns olhos expressivos, apenas franzido num sorriso de humana simpatia, todo ele tão modesto que até parecia pedir desculpa de ser quem era, mal podia acreditar estar em frente do herói quase lendário, cujo nome me era familiar.
Com efeito, meu irmão, o tenente-coronel Albano de Melo Veloso (ele também herói das campanhas de ocupação ultramarina - Cruz de Guerra e Torre e Espada -, companheiro de João de Almeida e de Alves Roçadas, e por um governador e pacificador da Lunda, em Angola, e, na metrópole, comandante da Escola Central de Sargentos, e inválido, preso a uma cadeira de rodas até à morte), muitas vezes me falava de Eduardo (Marques, exaltando-o como um dos positivos valores do nosso Exército. Chefe do estado-maior das colunas de operações contra o Molondo, em 1905, e contra o Cuamato, em 1907, sabedor, metódico e previdente, bom camarada, inspirava toda a confiança tanto aos comandantes como às tropas em marcha.
Foram estas qualidades que o recomendaram, a ele, que não era político, nem de alardes pessoais, para governador do distrito de Lourenço Marques e sucessivamente de Timor, de Macau e de Manica e Sofala, onde deu tais provas que veio a ser colocado como director-geral de Administração Política e Civil do Ministério das Colónias e depois nomeado vogal do Conselho Colonial, do Conselho Superior das Colónias e do Conselho do Império, como portador dos mau vastos e melhor documentados conhecimentos sobre os problemas do nosso ultramar.
Esta brilhante carreira de técnico da administração ultramarina não diminuiu as suas qualidades militares, pois que, tenda atingido o posto de general e sendo-lhe confiado o cargo de comandante da Escola Central de Oficiais, os seus méritos, a sua actualização nos vários ramos da arte da guerra e a sua lealdade o indigitaram