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29 DE NOVEMBRO DE 1956 983

exacta sobre a acção dos múltiplos comités e grupos estratégicos regionais que dependem do Conselho do Atlântico Norte.
As etapas desta viagem facultaram-nos visão assaz elucidativa do povo americano, suas instituições políticas, culturais e educativas e aspectos mais salientes da civilização do país.
Espero poder comentá-los pormenorizadamente noutras circunstâncias.
Não me fica desta viagem, do que vi e do que ouvi, admiração incondicional por este país, mas objectivamente reconheço que os seus defeitos são largamente compensados pelas virtudes reais, positivas e profundas que assistem ao povo americano no seu idealismo, nas suas intenções construtivas e na sinceridade dos seus propósitos.
Não me refiro a quaisquer, dos pequenos e grandes problemas raciais, educacionais, sindicalistas ou outros que afligem os governantes e as notáveis elites americanas, porque também não tenciono mencionar a excelência das suas realizações industriais, o alto nível dos seus estudos e da sua formação universitária, o equilíbrio da sua vida social e económica, os sólidos fundamentos morais da vida familiar, as belezas turísticas inigualáveis da terra americana, a gentileza, a sinceridade, a vivacidade do seu povo e tantos outros aspectos de interesse incontestável e que muito o dignificam.
O meu objectivo é outro e a ele me limitarei.
A América e à Europa são ainda, para a grande maioria, duas desconhecidas, que se apreciam e se criticam de maneira errada, fantasista e preconcebida. Verifiquei-o com frequência, e a igual conclusão chegaram os meus companheiros de viagem, representando nove países europeus.
O facto tem acarretado nos últimos onze anos consequências graves e delas não se tiraram ensinamentos que corrigissem os erros passados e melhor garantissem o futuro da vida política, social e económica da comunidade internacional.

Sucede que os Estados Unidos da América ocupam, hoje em dia, lugar proeminente na orientação daquilo que se convencionou chamar o bloco ocidental e o Pacto do Atlântico Norte representa uma das suas mais felizes iniciativas na defesa da integridade territorial dos países que nele se englobam.
Apesar do sucesso que a N. A. T. O. tem tido no campo militar, é desolador verificar, como claramente o afirmou Lord Ismay, secretário-geral deste organismo, que a grande maioria das populações dos países membros desconhece o simples significado das iniciais O. T. A. N. ou N. A. T. O.
Em 1953 um inquérito realizado pelo Instituto Internacional de Imprensa em Zurique revelou que esse desconhecimento existia nas seguintes percentagens: Estados Unidos, 79 por cento; Grã-Bretanha, 82 por cento; França, 89 por cento, e Itália, 87 por cento.
Não acredito que entre nós o panorama seja mais favorável.

ra sucede que o Pacto do Atlântico Norte não limita os seus objectivos à defesa do mundo ocidental contra a ameaça do bloco comunista, visto definir no artigo 2.º finalidades de cooperação económica, social e cultural, fundamentais à referida defesa e indispensáveis ao progresso dos povos, ao seu entendimento recíproco e ao respeito mútuo dos princípios e das normas que os definem na sua especificidade e os orientam na sua vida social e política.
O Secretariado da N. A. T. O. e os governos de vários países têm promovido múltiplas formas de estudo, informação e esclarecimento da opinião pública mundial sobre, a N. A. T. O.
VV. Ex.ª conhecem-nas certamente e não vale a pena referi-las.
Limito-me, pois, a transmitir a VV. Ex.ª o voto que os parlamentares desses dez países e a maioria das entidades oficiais americanas com que contactámos emitiram sobre este assunto.
Tal voto pode exprimir-se da maneira seguinte:
Os interesses fundamentais da Comunidade Atlântica não serão plenamente satisfeitos, a manter-se o profundo desconhecimento que os seus povos e mesmo as elites que os dirigem têm uns dos outros.
Para que se reforcem as suas livres instituições, para que melhor se garanta a compreensão dos princípios que as alicerçam, para que se assegurem as condições indispensáveis à estabilidade social e ao bem-estar, para que se eliminem os entraves à realização de uma ampla e frutuosa política económica, que a todos aproveite, impõe-se a cooperação internacional, sem solução de continuidade e em todos os campos, nomeadamente no âmbito político, social, cultural e económico.
Essa cooperação, que se procura intensificar cada vez mais, através dos organismos internacionais existentes, deverá alicerçar-se ainda nos esforços, conscientes e sistemáticos que seja possível realizar no âmbito de cada nação.
Aos parlamentares dos países do Tratado do Atlântico Norte cabe, pelas funções políticas que desempenham, desenvolver acção preponderante nesse sentido, de acordo com os interesses superiores dos seus países e o condicionalismo particular que assista aos povos respectivos.
Aproveito o estar no uso da palavra para já agora me referir a duas questões de grande interesse, para as quais tomo a liberdade, por imperativo de consciência, de chamar a atenção desta Câmara e do Governo.
Respeita a primeira ao problema e à situação actual das cooperativas de habitação no nosso país. Trata a segunda do problema da educação física como faceta imprescindível daquilo a que, tradicionalmente, se chama a formação integral da juventude e a do povo português.
A mais antiga das cooperativas -a Predial Portuguesa - ultrapassa os cinquenta anos de existência.
O número de organizações congéneres tem aumentado extraordinariamente nos últimos vinte anos. Na grande maioria representam realizações de incontestável valor social e económico, tanto mais significativas quanto o apoio dos organismos oficiais e de crédito bancário tem sido limitado e. de carácter esporádico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O actual movimento cooperativista de habitação engloba mais de cinquenta mil associados e as habitações construídas orçam por um valor de matriz não inferior a 500 000 contos.
A região nortenha, e nomeadamente os cooperativas do Porto, ocupam, neste particular, posição de relevo, que testemunha o espírito de iniciativa e as excepcionais qualidades, de trabalho da gente do Norte.
Entretanto, o cooperativismo de habitação encontra-se presentemente em situação penosa, dada a impossibilidade de compatibilizar a escassez relativa dos seus meios materiais com o anseio dos associados em possuir casa própria.
Tal aspiração integra-se num princípio há longos anos enunciado por S. Ex.ª o Presidente do Conselho ao afirmar ser «naturalmente mais económica, mais estável, mais bem constituída a família que se abriga sob tecto próprio».

A acuidade do problema revela-se em «pouca» palavras: para construir casas de renda económica ou limi-