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29 DE NOVEMBRO DE 1956 981

Prevista para um movimento médio, de 50 t de peixe por dia, a doca de Santos vê essa tonelagem normalmente duplicada, tendo já registado muitas pontas de 180 t de pescado.
Avisadamente andou, pois, o Governo mandando proceder à elaboração do projecto e seguidamente à construção da doca de Pedrouços, que virá tornar possível a descarga, o manejo e o tratamento em condições adequadas das tonelagens dê peixe do arrasto que as necessidades do consumo reclamam.
A nova doca, cujas funções terão larga repercussão na regularização do mercado, será explorada por uma sociedade, actualmente em constituição, de que farão parte a Administração-Geral do Porto de Lisboa, a Câmara Municipal, os grémios dos armadores, as mútuas e as cooperativas da pesca, a Junta Central das Casas dos Pescadores, enfim todos aqueles que têm interesses ligados à pesca, sem esquecer os próprios pescadores, através dos seus organismos representativos.
Em 1940 a pesca do arrasto produziu 24 000 t. De então para cá esta produção tem aumentado todos os anos, tendo ultrapassado 45 000 t em 1955. Este aumento de 90 por cento é tanto mais significativo quanto é certo que no mesmo período o acréscimo da população do País não atingiu a percentagem de 10 por cento.
Em 1941 coube a cada habitante do continente 3,270 kg de peixe do arrasto; em 1955 essa capitação foi de 0,540 kg.
Se as vinte e tal mil toneladas de peixe do arrasto pescadas a mais em 1955 devessem ser substituídas pela importação da quantidade equivalente de carne, quanto teria despendido o País era divisas? Por certo mais de 60 000 contos!
E a faina da construção ide novos arrastões não pára, prevendo-se que a produção possa atingir no próximo ano o nível das 50 000 t.
Mas não só sob o aspecto económico é digno de registo o que se tem feito neste sector das pescas. Importa salientar que o plano de reapetrechamento industrial e de fomento da produção tem sido realizado pela organização, não à custa do sacrifício dos seus obreiros, quero dizer, à custa duma mão-de-obra escravizada, mas, ao contrário, proporcionando aos seus trabalhadores nível de vida, condições de habitação, auxílios na doença, na invalidez e na velhice que não receiam qualquer confronto com os mais avançados programas sociais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A organização da indústria da pesca não fez promessas, não aliciou os seus operários com frases ocas de sentido, não lhes falou de coisas inexequíveis. Limitou-se a apresentar-lhes realidades, que, se não resolveram ainda todas as situações, constituem garantia sólida dum futuro melhor.
A obra levada a cabo foi silenciosa e veio provar que neste domínio também está certo o princípio que enforma a nossa, política de aumentar o bem-estar e o nível de vida de todos os portugueses, chamando-os a colaborar com o Estado para o progresso da Nação. Não foi preciso explorar o trabalhador para obter os índices de produção e o desenvolvimento verificados na indústria da pesca; pelo contrário, tudo se alcançou elevando paralelamente o nível de vida, de educação e de conforto dos seus operários.
A Junta Central das Casas dos Pescadores, organismo que coordena a actividade de 28 Casas dos Pescadores, disseminadas por outros tantos centros piscatórios do continente e das ilhas adjacentes, foi fundada em 1937. Partindo do zero, conta hoje 58 000 associados, sendo 20 000 das pescas industrializadas e 38 000 das pescas locais.
A estes 58 000 associados e às respectivas famílias, num total de mais de 250 000 pessoas, presta a Junta toda a espécie de assistência.
Para tal possui ela um posto policlínico, onde a assistência médica vai desde a simples consulta ao internamento hospitalar e ao fornecimento de remédios, de análises e de radiografias. Em 1954 este serviço custou à Junta 7800 contos.
No mesmo ano foram distribuídos cerca de 1000 contos em subsídios de nascimento de filhos, de doença, de invalidez e velhice, de falecimento e de alimentos e roupas em épocas de crise de trabalho.
Além deste posto policlínico tem a Junta, espalhados por todos os centros piscatórios do País, lares, refeitórios, colónias balneares, escolas de pesca, creches e postos de puericultura, farmácias, centros sociais, cantinas escolares, postos médicos, parques infantis, capelas, cooperativas e fornos colectivos.
Possui ainda um fundo de abono de família que abrange cerca de 10 000 beneficiários, um fundo de reforma de cujas pensões beneficiam 225 pescadores e um fundo de renovação e de apetrechamento destinado a proporcionar empréstimos sem juros para a compra ou modernização de embarcações e apetrechos.
A mesma Junta se deve a construção de trinta bairros de moradias para pescadores, com um total de 1700 casas já habitadas e 150 em acabamento. Esta iniciativa custou à Junta 28 000 contos, a que há a acrescentar 18 500 contos de comparticipações. Estão em projecto mais oito bairros, com 450 moradias.
Para a educação das filhas dos pescadores, com vista li formação de donas de casa, mantém a Junta 25 casas de trabalhos manuais e ensino doméstico, onde se ministram ensinamentos sobre corte e costura, rendas, bordados e afazeres domésticos.
Para as raparigas órfãs de pescadores tem ainda a Junta uma escola-internato.
No âmbito desportivo e recreativo também a Junta não tem ficado inactiva, pois tomou a seu cargo a organização e manutenção de bibliotecas, sessões de cinema, grupos de futebol, voleibol, remo e vela, bandas de música e ranchos infantis.
Na singeleza, da sua enumeração, estes são os factos tangíveis duma orientação. A eles há, porém, que acrescentar os valores, não traduzíveis em cifras, que representam o carinho, o conforto, o conselho e o auxílio oportunos que estão envolvidos na realização de toda esta vasta obra.
Eis em síntese o que a organização das pescas realizou até hoje:
700 000 contos investidos na frota da pesca do bacalhau, com um aumento de produção de 700 por cento;
400 000 contos investidos na frota da pesca do arrasto, com um aumento de produção de 90 por cento;
Auxílio social completo a 58000 famílias;
Navio de apoio e assistência à frota bacalhoeira Gil Eanes, inteiramente construído em Portugal e respondendo de maneira integral e perfeita aos serviços para que foi criado: salvamento de vidas, auxílio aos pescadores, transporte de correio e encomendas, fornecimento de apetrechos, assistência moral, médica e jurídica também, pois o delegado do Governo nele embarcado tem funções de capitão de porto;
Gabinete de Estudos das Pescas, organização técnica com pessoal especializado em construção naval, administração, cartografia, biologia, quí-