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26 DE NOVEMBRO DE 1958 479

rantia completa de que o supremo representante da Nação será o mais lídimo defensor da sua honra, da integridade do seu património material e moral, e que para todos os portugueses, seja qual for a sua condição, personificará sempre, quaisquer que sejam as dificuldades e vicissitudes, o símbolo da unidade nacional, da grandeza das nossas glórias e tradições e da continuação da missão histórica de Portuga] no Mundo.
O Sr. Contra-Almirante Américo Tomás, que um expressivo sufrágio elevou à chefia suprema da Nação, reúne no mais alto grau os méritos e predicados pessoais que conquistaram a consideração, o respeito e a confiança dos seus compatriotas.
Na sua ilustre personalidade tudo se conjuga para que a Nação esteja perfeitamente segura de que o seu mandato se investirá da mesma elevação e dignidade, do mesmo prestígio e aprumo, da mesma devoção total ao bem público- e aos superiores interesses da Pátria que têm sido a característica dominante do exercício do mais alto cargo nacional.
Como Ministro da Marinha teve o Sr. Contra-Almirante Américo Tomás unia vasta e profícua experiência de governo, tendo realizado uma obra verdadeiramente notável, e que é do conhecimento do País, nos vários sectores da administração pública que lhe estavam confiados. Esta obra constituiria, por si só, motivo de justificado orgulho e glória de qualquer grande estadista.
Nada há que mais possa garantir a acção de qualquer homem público do que o seu passado ao serviço da Nação. Neste aspecto o passado ilustre do Sr. Contra-Almirante Américo Tomás,; o seu enorme prestígio pessoal e os grandes serviços já prestados ao País são realmente garantia segura e amplíssima de que a suprema magistratura da Nação está confiada a um homem de bem, activo, inteligente, equilibrado e sensato, cuja personalidade bondosa os Portugueses se habituaram há muito a respeitar e a estimar.
O Sr. Contra-Almirante Américo Tomás representa, pela sua dedicação aos princípios em que se tem alicerçado o ressurgimento nacional, de que foi um dos. mais entusiásticos e eficientes colaboradores, a certeza de que sob a sua égide será prosseguida, renovada e dilatada, sem desfalecimentos na acção e no pensamento, a obra grandiosa que há trinta anos vem sendo levada a cabo pelo grande português que preside ao Governo da Nação.
A presença do Sr. Contra-Almirante Américo Tomás na Presidência da República constitui, pois, segurança plena de que os benefícios já alcançados serão defendidos e preservados e de que o caminho do progresso e do bem-estar dos Portugueses, de cuja unidade e justas aspirações S. Ex.ª se tem sempre mostrado cioso defensor, será trilhado com firmeza e sem hesitações, para maior glória de Portugal.
A sua personalidade de estadista e de marinheiro - que fez regressar Portugal ao mar -, a sua modelar figura de homem e de militar, formada de rectidão .e integridade moral, de serenidade e devoção patriótica, de bondade e justiça, de que toda a sua vida tem sido espelho, representam para a Nação a certeza indiscutível de que o seu futuro está entregue nas mãos de um timoneiro hábil e seguro, que saberá conduzir pela melhor rota os seus destinos gloriosos.
Sr. Presidente e Dignos Procuradores: cônscio de que traduzo o sentimento unânime da Câmara Corporativa, e exprimo fielmente a sua vontade, apresento a S. Ex.ª o Sr. Contra-Almirante Américo Tomais, ilustríssimo Presidente da República, as nossas mais vivas saudações e o preito das homenagens respeitosas que tão justamente lhe são devidas, formulando os mais ardentes votos pelas suas prosperidades pessoais e pelo exercício feliz do alto mandato em que foi investido pela Nação. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Avelino Gonçalves: - Sr. Presidente: o Mundo esteve recentemente com a atenção presa ao Vaticano. Dois grandes acontecimentos se deram ali, que em toda a parte causaram a maior, impressão. Quero referir-me ao falecimento do Papa Pio XII e à eleição do seu sucessor, João XXIII.
Não podem eles deixar de ser evocados nesta Câmara, dada a transcendência ria instituição em que se deram, o valor da missão que o Papado desempenha e os méritos pessoais dos dois Pontífices. Acresce ainda a circunstância de Portugal ser um país tradicionalmente católico e, como tal, registar na sua história frequentes contactos com a Santa Sé, quer para com ela colaborar na defesa e expansão da fé cristã, quer para dela receber conforto e auxílio na defesa dos seus direitos e estímulo na prossecução dos seus empreendimentos. Pode ser exemplo da primeira a secular e vasta obra missionária dos Portugueses no Brasil, em largos sectores das costas africanas e do Extremo Oriente, a célebre embaixada de Tristão da Cunha, enviada por D. Manuel I a Leão X, em sinal de obediência e com primícias das navegações da Índia como presente, e as armadas enviadas por D. João y, a pedido de Clemente XI, para . auxílio na luta contra os Turcos, e dos segundos, o reconhecimento de Afonso Henriques como rei pelo Papa Alexandre III, a concessão por Martinho V das indulgências de cruzada aos que auxiliassem D. João I nas campanhas de África, o direito de padroado nos territórios ultramarinos concedido aos reis de Portugal por Leão X e Paulo III, a criação do Patriarcado de Lisboa e o título de Fidelíssimo dado por Bento XIV ao rei dê Portugal.
E as relações de boa harmonia e cooperação, por acertada política, continuam no nosso tempo. Disso é clara e eloquente expressão a Concordata celebrada em 1940, primeira do pontificado de Pio XII; com o anexo Acordo Missionário, a recíproca representação diplomática na mais alta categoria e a, ainda agora mantida, elevação dos núncios em Lisboa ao cardinalato, com a imposição do barrete cardinalício pelo Chefe do Estado.
Por tais razoes; Portugal, talvez mais do que outro qualquer país, não podia estar ausente de Roma nesta ocasião. Marcou a sua presença de maneira muito digna e honrosa, enviando missões oficiais, quer ao funeral de Pio XII, em manifestação de pesar, quer u coroação de João XXIII, a exprimir o júbilo e a fidelidade da, Nação Portuguesa, do seu povo e dos seus governantes ao novo Pontífice e votos pelas suas felicidades pessoais e pela glória do seu pontificado.
A figura de Pio XII, grande entre as maiores que ocuparam a cadeira de Pedro, dominou espiritualmente o Mundo durante quase vinte anos, mas parece ter-se agigantado mais ainda no conceito e no amor da humanidade precisamente quando passou à história. Foi grande emoção experimentada pelos católicos, verdadeiramente impressionante o que em prece por sua alma, em exaltação da sua personalidade, em análise da sua obra,- em gratidão pelas suas beuemerências constituiu manifestação de pesar e gesto de glorificação da Cristandade inteira. A Trasladação dos seus restos mortais de Castelgandolfo para a Basílica de S. Pedro, em Roma, de cerimónia fúnebre converteu-se em imponente, triunfa] apoteose. Alguém pretendeu ver nela algo de semelhante às honras prestadas em recuados séculos a imperadores que regressavam vitoriosos de longes terras do Oriente. Um dia, há quase vinte sé-