O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

578 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 43

Acontece que as condições técnicas de êxito do empreendimento que neste parágrafo se pretende analisar se encontrariam seriamente comprometidas se fosse esta sòmente a promessa feita aos proprietários e agricultores: a de alargarem ainda mais um sistema de aproveitamento do solo que já não querem manter e que seria bom substituir, se os recursos da técnica o consentissem.
Mau grado todas as fraquezas que infelizmente existem em matéria de investigação e experimentação, noutro lugar assinaladas, o êxito ficaria mais assegurado junto dos interessados desde que fosse desde já apontado claramente, traduzido em números, o verdadeiro programa da empresa em que vão colaborar.
E essa esperança encontra-se a p. 54-b do plano, onde se escreve:

Ainda há a considerar o facto de não ser possível, por ser pouco prático e fastidioso (o itálico é nosso), indicarem-se todas as espécies que se conhecem e que poderão interessar na arborização desta zona.
Deste modo, pode-se rodear todos estes inconvenientes apenas indicando as espécies que, por serem próprias da região ou por estarem mais largamente difundidas, melhor poderão definir os vários ambientes ecológicos existentes neste perímetro.
Assim, quando se indica a azinheira não se pretende revestir todos esses terrenos com esta espécie florestal (o itálico continua a ser nosso), mas que nesse ambiente edafo-climático sòmente esta espécie indígena - com excepção do pinheiro manso - poderá vegetar em boas condições. Isto não quer disser que várias espécies exóticas, algumas já introduzidas com bons resultados e com as mesmas exigências ecológicas, não poderão ser utilizadas com vantagem - é o caso de várias espécies de Eucalyptus, que estão a ser largamente fomentadas em toda a região mediterrânea, nas zonas semiáridas e em solos degradados.
Equacionado o problema desta maneira, as espécies que iremos preconizar apenas poderão ser aceites simbolicamente, indicando unicamente, com maior rigor, as condições mais ou menos adversas do meio ambiente para o fomento florestal.

Esta maneira de dizer esconde, no entanto, na essência do Plano, os horizontes que à moderna silvicultura se abrem de um modo prometedor e aliciante. Para além de tudo o que constitui a revelação da existência de condições adversas, outras possibilidades se encontram no âmbito da «cultura de árvores», a que já se fez referência e que tanta vez se descortinam nas valiosas considerações que acompanham o Plano.
Parece ter havido o receio de romper de forma decidida com as técnicas tradicionalmente usadas na bacia hidrográfica do Terges e Cobres, que afinal conduziram a uma trágica situação. Quando o momento exige a abertura de novos caminhos não seria talvez audácia desmedida planear um pouco mais no aspecto fundamental que a transcrição feita deixa entrever. A menos que o problema técnico seja mais difícil do que parece à Câmara Corporativa. Mas então melhor seria não ter escrito a p. 54-b.
Na já referida 6.ª sessão da Subcomissão de Coordenação das Questões Florestais Mediterrânicas, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, recomenda-se que conviria:

a) Conservar a floresta natural onde a sua função de protecção for reconhecida e conduzir esta função no máximo, assegurando a esta floresta uma produtividade económica. Em virtude do carácter de protecção desta floresta a intervenção do Estado nas operações de reconstituição é absolutamente indispensável;
b) Melhorar as outras florestas existentes pelos métodos da silvicultura intensiva, utilizando as essências de maior valor económico ou procedendo a conversões parciais ou totais das florestas;
c) Desenvolver os povoamentos e as plantações que tenham o carácter de uma silvicultura intensiva baseada no emprego de essências de crescimento rápido, quer seja em povoamentos propriamente ditos, quer seja em associação com as culturas agrícolas;
d) Regular o comportamento das formas de transição da floresta para a agricultura (se elas existem), tendo em conta o merca do dos produtos especiais, e tomar todas as medidas úteis para assegurar a manutenção da fertilidade dos solos segundo certos princípios biológicos.

Mas estará assegurada a coordenação com os programas de desenvolvimento agrícola e regional?

§ 3.º

A aplicação possível e a aplicação impossível do esquema proposto

17. Um facto essencial sobressai de qualquer tentativa do estudo económico do povoamento florestal no Terges e no Cobres: o carácter necessariamente lento da transformação prevista. Assim, o acréscimo de rendimento obtido pela exploração florestal, tomado em relação ao nível actual de proveito económico extraído de uma ruinosa exploração agrícola, encontra-se reportado ao fim de trinta a quarenta anos nos casos mais desfavoráveis e a dez ou quinze nos mais favoráveis.
Antes de obter esses rendimentos é necessário suspender nas áreas a florestar certo montante de rendimentos imediatos habituais, sendo certo que alguns têm de ser admitidos, por circunstâncias sociais, seja qual for o seu grau de liquidez ou de duração, mesmo quando apresentam evidente tendência decrescente.
Simultaneamente, haverá que promover investimentos necessários para proceder à reconstituição ou estabelecimento das matas, e talvez aqui venha a ser encontrada a contrapartida para o abalo económico resultante da suspensão de rendimentos agrícolas, tendo de aceitar-se como imprescindível, em muitos casos, o auxílio do Estado.
Ninguém poderá contestar que a transformação é conveniente ou necessária, não só para salvaguarda de interesses privados malbaratados, como também no que se refere a vantagens nacionais. Mas o que pode é averiguar-se até que ponto é possível essa transformação e onde existem os impossíveis, ligados, como sempre, às situações estruturais.
Uma análise sumária da estrutura demográfica dos concelhos abrangidos, em parte, pelo plano agora apresentado pode ajudar a esclarecer o assunto. Não se dispõe de dados demográficos respeitantes às áreas compreendidas no plano e os elementos necessários não figuram no recenseamento de 1950 discriminados por freguesias, pelo que se torna necessário recorrer ao concelho. Observa-se o que se passa em relação à população masculina, para evitar as dificuldades de classificação da população feminina que se sabe terem existido na realização do censo referido.