O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

802 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 75

Tenho estado a referir-me somente aos investimentos do Estado, que, na verdade, têm sido impulso sério dado à economia ultramarina.
Quanto aos da iniciativa privada, direi que foram de pouca monta no período do I Plano, mas para o Plano em curso assumem proporção considerável, o que não excluirá que o Governo continue a fomentar a criação de empresas, apoiando-as técnica e financeiramente, e guiando-as com regimes adequados de exploração.
Tudo isto nos diz que temos grandemente acrescida a alta missão a cumprir no ultramar; que a missão exige cada vez mais mocidade, entusiasmo, experiência e bom senso, máximo a atingir pela inteligência; que temos de agir de modo que as tarefas que há a entregar aos outros para execução sejam bem definidas e estruturadas no que importa às realidades políticas, económicas e sociais; convergentes no esforço colectivo do domínio sobre a natureza; dirigidas ao interesse nacional sem imposições nem violências; desconhecedoras das promessas comovedoras das massas e que firmem o lavor de colonos moradores nas províncias ultramarinas. Pelo que diz respeito ao meio social, o nosso direito e, sobretudo, o nosso dever são de vigilância e de imediata acção prática, o que é imposto pelo superior interesse do País.
Sr. Presidente: referindo-me agora especialmente ao povoamento, direi que seríamos cegos e guiadores de cegos se não víssemos a necessidade de acelerar o tempo com obras que o promovam rapidamente e estabilizem os colonos.
São obras exigidas pela saúde da Nação, porque asseguram à família a posse da soma dos bens materiais que dão para viver digna e desafogadamente, talvez sem riqueza, mas de certeza sem misérias e dependências que são inimigas dos bens intelectuais, morais e religiosos a que todo o homem tem direito. Ouso acrescentar ainda que julgo que elas poderão continuar a ser feitas fundamentalmente pelos meios próprios - que têm sido base da reconstrução nacional a que devemos inteira fidelidade - e que o Banco de Fomento será o instrumento poderoso e adequado para a execução da desejada política de fomento e povoamento ultramarina.
Como requisitos para a realização própria de tais obras devemos contar com os estudos competentes e prontos; a eliminação do desvio de apetites durante a construção; a eliminação também de disposições administrativas e fazendárias de preceitos obsoletos criadores de terríveis inércias e descontentamentos; a educação e o exemplo da entrega completa ao País do trabalho nobremente desinteressado, sem distinção de cor ou de raça, em comunhão de esforços de todos os portugueses, que mutuamente se ajudam e protegem, integrados sob a mesma bandeira e fala, orientados no mesmo elevado objectivo nacional.
A fé muito grande que tenho nos resultados positivos dos planos de fomento formou-se na convicção de que eles se integram no nobre pensamento de Salazar em vista a alcançar «para cada braço uma enxada, para cada família um lar, para cada boca o seu pão». Esta frase, já esculpida em granito nos vales do Limpopo e do Cunene, é testemunho de gratidão ao Homem que tornou possíveis os planos de fomento coma paz interna, a estabilidade económica e a disciplina administrativa das verbas orçamentais e da adequada e certa direcção imprimida ao caudal dos recursos nacionais.
É frase sugestiva, que tem tido o condão de transmitir uma grande convicção aos obreiros dos colonatos e aos próprios colonos agradecidos, já em número de milhares de pessoas da colonização dirigida, europeias e indígenas, ao lado da qual, em consequência dela, floresce vigorosa colonização espontânea, também já constituída por muitas famílias.
E porque a família é a fonte da vido da Nação, bem podemos afirmar que, como fruto já do I Plano de Fomento, a Nação Portuguesa tem hoje em Angola e Moçambique fortes núcleos de famílias que são vida e defesa.
Este conjunto de realidades, que nos trazem presos e reconhecidos, tem iluminado a muitos a vontade pela luz do dever, robustecendo neles o desinteressado e obscuro zelo, o entusiasmo criador na unidade do fim e na diversidade dos meios, o exemplo vivo e irrevogável à imagem do ordinando a caminho do apostolo, para servir a Nação e para aumentar a saúde moral do povo.
Vocação ultramarina é a da gente portuguesa, que tem dado gerações de verdadeiros levitas ao ultramar e que à custa da vida, de trabalhos e de sacrifícios indizíveis tem realizado obra grandiosa, marcada pelo espírito do triunfo.
Sinto poder afirmar que esta obra e os seus realizadores bem merecem o respeito e a admiração desta Câmara.
Nesta homenagem têm lugar merecido os pregoeiros da verdade de Cristo, os homens de Deus que dão homens a Deus, os missionários católicos. O seu trabalho o seu zelo, o seu apostolado, tem sido criador de convicções de amor pátrio. A sua evangelização tem dado a cristianização da vida pública pelo princípio eterno do amor e da justiça.
Estou certo de que esta expressão de apreço e louvor tem a boa vontade de V. Exa., Sr. Presidente, que com tanta dignidade, elevação e brilho conduz os trabalhos desta Câmara, bem como a dos Dignos Procuradores, a quem saúdo respeitosamente na pessoa de V. Exa.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Correia de Barros: - Sr. Presidente: agradeço a V. Exa. o ter-me concedido a palavra, dando-me assim a oportunidade de lhe apresentar, visto ser a primeira vez que falo nesta Câmara, os meus respeitosos cumprimentos.
Trabalhei alguns anos sob a direcção de V. Exa.; pude então admirar as suas qualidades de inteligência e fino tacto, não me surpreendendo agora a forma elevada como tem conduzido os trabalhos da Câmara Corporativa e os das suas secções.
Aos meus ilustres colegas igualmente apresento os protestos da minha alta consideração.
Estando aqui eleito e em representação da Corporação dos Transportes e Turismo, lógico será que me ocupe, durante os breves minutos em que pedirei a vossa atenção, dos problemas corporativos e do funcionamento do organismo que dirijo.
Passou mais de um ano desde que as corporações começaram a funcionar e a sua vida não tem sido, neste período de tempo, nem fácil nem gloriosa.
Embora esperadas há muitos anos, anunciadas inúmeras vezes e até precedidas de organismos que deveriam preparar o ambiente para o seu aparecimento, a verdade é que as corporações não .têm desempenhado, até este momento, qualquer papel de relevo.
Quase desconhecidas pelos Poderes Públicos, combatidas por alguns organismos e completamente ignoradas do grande público, têm as corporações trabalhado com afinco para se tornarem dignas das esperanças que nelas foram colocadas.