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804 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 70

coes pela Corporação de Crédito e Seguros logo que seja considerado conveniente. Parece-me um passo dado no bom sentido e não estranhei que ele viesse da parte do Prof. Doutor Finto Barbosa, figura tão respeitada de Ministro & economista. De facto, há um grande número de conselhos consultivos nacionais e regionais que deveriam logicamente desaparecer, visto as suas funções estarem hoje por lei concedidos às corporações, cuja composição melhor se coaduna à defesa dos interesses que lhes estão confiados.
E não desejo tirar-lhes mais tempo, terminando por manifestar mais uma vez a minha fé nos destinos do corporativismo no momento em que vejo no Governo algumas figuras que ligaram o seu nome e o seu futuro político ao triunfo do sistema pelo qual pugnaram desde os primórdios da Revolução Nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Samwell Dinis: - Sr. Presidente: é a primeira vez que tenho a honra de usar da palavra depois de V. Exa. ter sido eleito presidente desta Câmara. Por isso, cabe-me o grato dever de dirigir a V. Exa. os meus cumprimentos, acompanhando-os de calorosas saudações.
Sr. Presidente e Dignos Procuradores: serão muito breves as minhas palavras, mas não posso deixar de aludir a dois factos da maior importância para a vida da Nação.
Refiro-me aos diplomas recentemente dados a público e que virão regulamentar o exercício da indústria dos espectáculos e divertimentos públicos e também, pelo seu indiscutível valor e significado, ao diploma que instituiu a Corporação dos Espectáculos.
Não alongarei as minhas palavras com algumas considerações julgadas pertinentes. Apenas é meu desejo, neste momento, e na minha qualidade de representante nesta Câmara dos interesses dos artistas teatrais, significar ao Sr. Presidente do Conselho e ao Sr. Ministro da Presidência - sem dever esquecer o Sr. Ministro das Corporações - todo o agradecimento pelo alto interesse que lhes merece o nosso teatro, aliás confirmado agora com a promulgação de diplomas que, além de criarem o indispensável clima jurídico, têm por principal objectivo a elevação do nível artístico, social e económico do espectáculo português no âmbito nacional.
E os meus votos, Sr. Presidente e Dignos Procuradores, são para que esta Câmara, consciente das grandes responsabilidades que pesam sobre os seus ombros - e que muito mais ainda virão a pesar-lhe -, saiba sempre corresponder à confiança que a Nação deposita na isenção, na lealdade e na dedicação dos servidores de um dos mais representativos órgãos da sua soberania.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Albano de Magalhães: - Sr. Presidente: no último Verão, quando da visita de S. Exa. o Ministro do Ultramar, Sr. Contra-Almirante Lopes Alves, às províncias de Moçambique e Angola, tivemos a oportunidade, para nós extremamente grata, de assistir a certos actos em que se mostrou bem expressivo o profundo sentimento de portugalidade vivido em homens de várias raças que a terra portuguesa amalgamou no mesmo sangue e que a alma nacional fundiu no mesmo espírito.
Pode afoitamente dizer-se que a nossa evangelização religiosa e nacionalista criou e item mantido em todas as partes do mundo português um homem, de um só rosto, de uma só fé e de um só parecer.
Regressámos de além-mar a este cantinho do continente europeu, onde jamais faltou o cristão atrevimento dos predestinados com a mesma esperança dos crentes, nossos avós, que séculos antes, em gesta sem igual, mostraram que para ser grande não faz míngua a grandeza do corpo, se a graça da fé o animar.
Quando se não perde, a rota de novos mundos que a nossa alma demanda para neles também viver, mesmo que pelo caminho as forças de alguns se esgotem e os corpos de muitos sucumbam, a aleluia da esperança dá-nos a certeza da vitória.
Há qualquer coisa de sobre-humano no destino de . uma raça forjada e temperada- no fogo crepitante de uma forja que a fundiu numa terra que é sua, pelo espírito, pelo sangue, pelo que devemos aos nossos antepassados, pelo que devemos a nós próprios, pelo que devemos aos nossos filhos.
Temos a certeza e sentimo-la, se é possível, em Portugal de África mais do que aqui, de que os Portugueses de qualquer raça e de qualquer cor estão prontos para, fincados as suas terras, mostrarem que são bem dignos do património moral e espiritual que a essas mesmas terras os vincula imorredouramente.
Somos os primeiros e somos os derradeiros que o Sol ilumina em todas as partes do Mundo, como dizia o Poeta na invocação a El-Rei D. Sebastião:

Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, loco em nascendo, vê primeiro,
Vê-o também no meio do hemisfério
E quando desce o deixa derradeiro...

Esperamos em Deus e confiamos em nós próprios que enquanto o Sol não se cansar de iluminar o mundo cristão, também nós não nos cansaremos de lutar por manter íntegra a terra que, quer queiram, quer não, tem e terá sempre o sabor a Portugal.
Comemora-se no ano de 1960 o 5.º centenário da morte do ínclito Infante D. Henrique.
Do Norte, onde nasceu, na cidade da Virgem, foi sempre caminhando até se encontrar «onde a terra acaba e o mar começa», no extremo sudoeste da Europa, que fica em Portugal.
E não parou, não parou de andar...
Portugal cresceu: Madeira, Açores, África, América, Ásia e Oceânia.
Nesta tenra criou-se gente, e a Escola de Sagres, que o Infante D. Henrique instituíra, educou-a, fê-la gente do mar e de novos mundos.
Por toda a parte deixámos a emergir da propina terra e nela encastrado um padrão de glória de portugalidade.
No ano de 1960 vai esticar-se, com patriótico espírito rejuvenescido, essa figura máxima da História de Portugal Maior, de Portugal Universal.
Neste mundo conturbado de invejas e maldições, de egoísmos e de predomínios que o espírito e a matéria confundem, para, por processos diferentes, mais depressa deixar vencidos, prostrados nos seus lares, os que, embora tenham fortaleza de alma, não são amparados pela fortaleza de armas, ouso nesta Câmara erguer a minha voz para fazer um pedido que é ressonância do meu sentimento de português.
Por toda a terra portuguesa nós vemos- castelos que guardam ossadas de portugueses que não morreram e padrões que são sinais morredouros dos nossos fastos.
Peço apenas, ouso pedir somente, que nas fronteiras de Portugal de Europa, de Portugal de África ou de Portugal de Ásia em 1960 padrões semelhantes aos das Descobertas sejam o símbolo, a afirmação indes-