O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE NOVEMBRO DE 1960 1199

Esta última, remetida â Câmara em 23 de Setembro findo, ansiosamente a aguardavam os trabalhadores.
A outra, a que reforma as instituições de previdência, está nesta Câmara desde há muito e desejaríamos que não demorasse a ser discutida, já que a reforma representará um incontestável progresso no desenvolvimento da previdência e a sua estruturação em novas bases, mais adaptadas ao estádio actual da nossa organização e às necessidades do País.
Sr. Presidente: de futuro, creio que está facilitada a missão da Câmara na definição dos interesses nacionais, pela presença daqueles a quem, eleitos por vários sectores, cabe interpretá-los e defendê-los.
Nisto consiste a verdadeira democracia, baseada na livre escolha dos chefes e dirigentes dos grupos naturais, pelos seus próprios componentes, que melhor do que ninguém sabem o que lhes convém.
Enfim, esta Câmara é Corporativa não só no nome e na intenção, mas na origem - no modo de formação ... Pois que o seja sempre, ao estudar cada problema, ao emitir os seus pareceres e ao fazer as suas sugestões, não desmentindo a expectativa criada por esse País além - o País tem os olhos postos nas suas corporações ...
Sr. Presidente: a permanência de V. Ex.ª à frente desta Câmara é penhor de que lhe será possível - graças à lucidez da inteligência e por força da boa orientação que imprime aos trabalhos, que sempre dirige com rara felicidade - é penhor, dizia, de que a Câmara estará à altura do seu prestígio e tradições, das suas responsabilidades, neste momento crucial da nossa história.
Digne-se, pois, V. Ex.ª aceitar as minhas rendidas homenagens e aceitar também a minha dedicada, firme e leal colaboração.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Gagliardini Graça: - Sr. Presidente, Dignos Procuradores: ao iniciar a minha intervenção quero agradecer a V. Ex.ª, Sr. Presidente, ter-me concedido a subida honra de usar da palavra e aproveito a oportunidade para dirigir saudações cordiais a todos os Dignos Procuradores, e a V. Ex.ª os cumprimentos de respeito e admiração pela forma inteligente, ponderada e segura como tem sabido elevar o prestígio das suas altas funções na difícil missão de orientar e dirigir os trabalhos desta Casa.
Sr. Presidente, Dignos Procuradores: nem por se terem manifestado, com reacção pronta e firme, todos os sectores da vida nacional, que, sacudidos de espanto e de indignação, protestaram energicamente contra as tentativas e ameaças à nossa soberania;
Nem por de todos os cantos do mundo português a voz da Nação se ter levantado num uníssono e vibrante grito de alma, na afirmação de uma unidade inquebrantável;
Nem porque ter já dado ao Governo o testemunho irrefragável e magnífico da confiança absoluta e de todo o aplauso do povo português ao prosseguimento de uma política de firmeza que, defendendo a soberania de um povo exemplar, é fiel aos mais altos interesses da grei, que são os destinos e a missão de Portugal no Mundo;
Nem porque uma só palavra tenha ficado por dizer;
Nem porque a tantas manifestações seja preciso acrescentar um só pensamento;
Nem por isso, Sr. Presidente e Dignos Procuradores, esta Câmara Corporativa, tão representativa das actividades e interesses económicos, sociais, morais e espirituais da comunidade nacional, poderá deixar, neste momento solene do início de mais uma sessão legislativa, de se fazer eco de todas essas manifestações de 'indignação pela insidiosa ofensiva aos nossos direitos de nação livre, independente e soberana, mas ao mesmo tempo manifestações de confiança no futuro da Pátria e de coragem e decisão de quem sente ter consigo a justiça de uma causa e o dever inalienável de ser até iro último momento da vida firme defensor do património que herdámos dos nossos maiores e que temos de transmitir intacto aos nossos filhos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso, meus Senhores, me permiti levantar aqui a minha voz, na certeza antecipada de que em nenhuma outra circunstância as minhas palavras poderiam ter acolhimento tão unânime nesta Câmara.
Nenhum português pode reprimir a sua indignação e ficar indiferente perante a campanha de calúnias e provocações e ameaças e ofensas à nossa independência e à nossa dignidade.
Somos um povo que tem prestado os mais altos serviços e dado a contribuição mais preciosa para o progresso material e moral da humanidade e para a mais leal, correcta e respeitosa e digna convivência da comunidade internacional.
Temos vivido no mais completo respeito por todos os povos; não provocamos; não molestamos ninguém; não temos outras ambições que não sejam as de viver na ordem, na paz e na justiça.
Todo o pensamento que dominou a gesta heróica dos Descobrimentos e da nossa expansão no Mundo, longe de ser inspirada por uma ambição de conquista ou desejo de domínio, foi acima de tudo fruto de uma vocação civilizadora que tinha as suas origens na nossa formação e mentalidade cristãs. O espírito dos Descobrimentos é certo que foi animado pelo sonho de uma grande aventura a que naturalmente a vastidão dos mares constantemente nos solicitava. Mas essa ânsia de desvendar os longínquos horizontes era acompanhada do espírito missionário e católico de levar a outras terras e a outras gentes a luz evangélica da autêntica fraternidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Este espírito, que dava à nossa convivência um sentido de profunda compreensão, fez aproximar de nós todos os povos que sentiram a nossa presença, atraídos pela nossa cultura e pela nossa sensibilidade e por lima extraordinária e providencial capacidade de adaptação ao seu modo de viver.
Assim, nos esforços continuados de gerações e gerações, caldeados na dor e nas renúncias heroicamente sofridas e no sangue e nas lágrimas generosamente vertidas, gerámos e ungimos, para sempre, novas terras portuguesas e foi possível fundir na mesma alma e unidade nacionais novas gentes de todas as raças, cores e regiões.
E assim como, quando sulcámos os mares e traçámos as rotas por onde fomos à descoberta desses novos mundos, escrevemos uma página da história universal e trouxemos ao convívio dos povos civilizados outros povos, assim também a presença de Portugal no Mundo e a posição alcançada não são apenas uma presença e uma posição de interesse exclusivo dos Portugueses, mas de toda a Europa, da civilização ocidental e cristã, da humanidade que anseia pela paz e pela liberdade.
Com a epopeia dos Descobrimentos e da nossa expansão no Mundo, a humanidade assistiu ao alvorecer de uma nova época da história.