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1200 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 118

O iluminado pensamento de D. Henrique, através do esforço dos seus continuadores e do contacto que mantivemos e da influência que o nosso país tinha por força da sua posição, fez brilhar entre os povos a luz da civilização ocidental, que tinha os seus fundamentos no respeito pela dignidade da pessoa humana. O sentido dessa dignidade, que era ainda a consciência, banhada pelas luzes da Fé, da origem e destino dos homens, sempre deu às nossas relações o carácter de verdadeira fraternidade e à nossa acção colonizadora ò natural pendor para, acima de tudo, realizar uma obra de valorização humana dos nativos e da sua ascensão aos benefícios da civilização, ao convívio da comunidade nacional, e à vivência das luzes do espírito cristão.
A presença de Portugal em qualquer dos pedaços do seu território espalhados pelo Mundo é, como alguém um dia afirmou, um facho de luz a indicar a presença da Europa, da civilização ocidental.
Colhida, no contacto com todos o» povos e raças, sólida experiência de velha nação, fiéis à nossa vocação histórica e vivendo na ordem e na paz internas, a Nação tem podido observar e reflectir serenamente sobre os acontecimentos políticos que agitam o Mundo, permitindo-nos criar um sentido colectivo e apurado das realidades e, consequentemente, uma cada vez mais sólida unidade nacional e firme atitude de defesa da nossa soberania e de respeito pelos fundamentos morais e jurídicos da sociedade internacional.
Governados por um homem clarividente, atento, vigilante e prudente, temos sabido ser uma nação forte e um baluarte do mundo livre de continuar a nossa missão pela firmeza de uma atitude, cuja coerência se assegurar na fidelidade às constantes da história pátria.
Criámos uma consciência clara e forte dos nossos deveres e das nossas responsabilidades no concerto das nações.
Diante de tantas provas de fraqueza, de hesitações, pusilanimidades, abdicações e cedências, somos um exemplo de ordem e uma garantia de defesa da civilização ocidental contra a ameaça da manobra envolvente com que a tirania comunista pretende asfixiar e dominar a Europa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não podemos abandonar as nossas populações do ultramar, como nunca abandonaremos qualquer parcela ou população de Portugal da Europa, porque isso seria uma traição à história, à Pátria e ao destino e missão de Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Deixar populações inexperientes e sem um mínimo de formação e estrutura políticas entregues ao livre jogo das influências e das propagandas, da conspiração internacional que tem por fim a submissão dos povos e a destruição de toda a liberdade, não poderíamos nós nunca compreendê-lo, se as divisões políticas internas, que convulsionam a vida de algumas nações não se tivessem revelado, tão claramente, responsáveis pelo enfraquecimento da autoridade dos governos e pelo embotamento da sensibilidade e da consciência política dos povos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Estamos atentos.
O nosso património secular não são apenas os parcelas do território espalhadas no Mundo, mas, mais do que isso, o valor moral da unidade das suas populações,
que têm em cada natural um coração e uma alma genuinamente portugueses.
Estamos atentos para que esta unidade magnífica se mantenha sempre viril e pura e não se deixe nunca contaminar de germe que a poderia corromper e debilitar.
Estamos atentos para sabermos continuar a distinguir e a separar o erro da virtude, o bem do mal, os interesses superiores da grei da confusão em que todos os valores morais se perdem.
Estamos atentos para podermos sempre prosseguir sem interrupções a caminhada que a Previdência nos marcou no tempo, cujo rasto a história nos indica e o exemplo e a voz dos nossos santos e dos nossos heróis nos apontam.
Estaremos sempre firmes e fiéis a tão sagrado mandato e não capitularemos.
A ordem não pode abdicar perante a desordem; a dignidade perante a calúnia; a honra perante u assalto; a justiça perante a inveja; a paz perante a ameaça; a civilização perante a anarquia; o espírito e a consciência de missão perante o tumulto e a subversão.
Constituímos assim uma fortaleza que se opõe aos torpes desígnios do comunismo internacional, servido, umas vezes, por indiferenças indesculpáveis, complacências ingénuas, abdicações suicidas; outras vezes por ambiciosos oportunismos, cujos cálculos acabam por folhar na liquidação dos interesses em jogo. Temos uma consciência formada e esclarecida e uma determinação firme de defender ciosamente a nossa independência e soberania.
Defendendo as nossas posições e os nossos direitos, somos, ao mesmo tempo, defensores da ordem jurídica internacional e, por isso, defendemos a civilização ocidental, à qual a cultura & mentalidade cristãs dão todo o significado e conteúdo. A dignidade da nossa atitude pela fidelidade aos fundamentos históricos e jurídicos da Nação Portuguesa é no Mundo um exemplo de ordem moral a impor-se à consciência de todos os povos e a suscitar neles um despertar de energia para a defesa comum.
Por isso se move contra nós o mundo das invejas, das hostilidades, das ambições, dos interesses inconfessáveis, num movimento dirigido e concertado que, pela sua violência de calúnias e ultrajes, mentiras e especulações, pudesse encontrar-nos desprevenidos e, de surpresa, abalar a nossa estrutura moral que constitui uma fortaleza do mundo livre.
Esta Câmara Corporativa é chamada a pronunciar-se numa hora grave de provação da vida nacional; e assim, como em todos os sectores e em todas as terras do Mundo Português, com todo o poder da representação que nela se contém, levantamos também enérgico protesto contra, a ofensa que nos é dirigida e afirmamos
no Governo o nosso inteiro aplauso à sua atitude de estrénua defesa dos nossos direitos e da nossa soberania e lhe reiteramos a nossa inteira confiança para que se mantenha intangível o solo pátrio e permanente a convivência fraterna das populações que formam a Nação Portuguesa, unida e indestrutível.
A hora é grave! Mas é nas horas graves e difíceis que se escreve a história de uma pátria e é quando avulta e se define a envergadura, o carácter, a têmpera e a nobreza de um povo. Nas horas graves, sempre Portugal, por mercê de Deus, soube conservar-se serena e resolutamente, pronto a seguir o pensamento inspirado daqueles que a Providência colocou, em cada momento, na guarda avançada da sua defesa.
Habituados ao mar e à violência das tempestades, aprendemos a lutar e a resistir até que voltasse a raiar o sol da bonança e da tranquilidade. Temos o segredo