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27 DE NOVEMBRO DE 1962 167

de maior amparo, precisa de melhor defesa e tem de sei mais bem esclarecido
Peço que me relevem o mal se repete o que muitas vezes tenho dito, noutros sectores da vida corporativa mas todos hão-de entender que é difícil exprimir o mesmo pensamento por palavras diferentes, quando são iguais as razões, são iguais as causas e as suas consequências.
Será preferível alhear-me do bonito das palavras e, sem rodeios, dizê-las na pureza da verdade, encarar os problemas objectivamente, no sentido da responsabilidade que nos impõe a hora que vivemos e todos sabem que não é de maré alta.
São as corporações que formam a organização unitária das forças da produção porque nelas estão representadas as actividades nacionais, e por lhes compete designar os representantes das respectivas actividades nos órgãos consultivos dos Ministérios, e estes, sempre que possível, sei fio substituídos pelas corporações.
Porque é do comércio que me ocupo, a sua corporação é atribuído o direito de representar e defender, perante o Governo e os órgãos da Administração, os interesses das actividades comerciais
Estes os princípios que defendemos e servimos, garantias fundamentais da Constituição Política porque o Estado Português é uma república unitária e corporativa"
O comércio em Portugal -não vale n pena fazer a sua história- viveu anos sobre anos ao sabor dos interesses individuais, indisciplinado, sem regia capaz da sua organização como elemento válido e necessário, esquecido do seu merecimento e da sua importância na economia da Nação.
Instituída a Corporação do Comércio, acreditar em os seus elementos chegada a hora de o comércio ocupar o lugar a que tem direito na vida nacional
Devotada e sacrificadamente, ninguém se poupou às canseiras que lhe foram exigidas, e, os de peito e os de longe, do mesmo credo ou de ideal diferente, todos se integraram animadamente na tarefa da sua organização, num trabalho de perfeito entendimento, que bem poderia ser exemplo para outros sectores todos apostados em fazer mais e melhor.
Não tardou que no mesmo ânimo, cada um tomasse sobre si o encargo do serviço que lhe era confiado, na pressa devida no reacender da antiga fogueira.
Muitos os trabalhos realizados alguns da maior importância, início de uma nova era ponto de partida para um caminho melhor, contribuí para o bem comum, que, convirá não esquecer, só se faz do bem de cada um.
Todavia, lástima é verificar que às corporações, pelo menos àquela a que pertenço, não é dado a carinho que precisam, a audiência que lhes é devida, e alguns departamentos da Administração não entendem e fingem não entender a sua existência, a sua necessidade, e tudo se passa como se lealmente não vivêssemos num Estado Corporativo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Importa e é urgente encontrar este entendimento, ou melhor acabar com este desentendimento e que as corporações sejam chamadas a dar o seu parecer na feitura das leis conseguindo-se assim um melhor aperfeiçoamento, pela ajuda daqueles que, pelos seus conhecimentos, pelo seu saber de experiência feito, as possam tornar mais justas, menos complicadas e exequíveis
Muito longe se podia caminhar na estiada destas considerações, quedo-me por aqui, mas não deixarei de dizer que é bem não se criar o conceito, porque é errado, que certos senhores têm de saber de tudo e que só eles é que sabem
Não nos esqueçamos, um só instante, de que "todos não somos de mais", temos de dar todos as mãos e há que prosseguir prossegui! prestigiando as instituições não quebrando a fé dos que devotadamente se prestam a bem servir.
Não regateamos louvores a formação de diligentes corporativos, tão útil como necessária, mas tenhamos como ponto assente que será trabalho perdido se quando chamados ao exercício do seu mandato, não tiverem a boa aceitação do seu trabalho e sentirem a indiferença pela sua colaboração.
Aqui exprimo o meu aplauso, sem reservas, ao Instituto de Formação Social e Corporativa, mas permito-me lembrar que a sua acção se estenda igualmente aos governados e aos governantes.
Ainda bem recentemente se publicaram diplomas no Diário do Governo de departamento e sobre medidas tão intimamente ligadas a actividades que têm as suas corporações constituídas, mas não se tem notícia de consulta ou parecer que fosse pedido para se encontrar melhor acerto Foi talvez por isso que lhe sucederam portarias e despachos de correcção. Contudo, a quem compete velai pela sua execução, ainda não sabe como fazê-la.
Embora ligeiramente, quero aborda outro problema que muito preocupa e aflige as actividades comerciais, e é possível que o mal tenha a mesma origem. Quero referir-me àquilo que se costuma designar por máquina burocrática e eu chamo o mundo dos papéis.
Recordo-me de que, em data que não posso fixar com exactidão, mas creio ser pelos fins do ano de 1959, uma noticia na imprensa que. entre outras resoluções do Conselho de Ministros, dizia ter sido deliberado simplificar a burocracia e tomar mais eficientes os serviços públicos, e penso saber que para tal foi nomeada uma comissão.
Decorrido o tempo que dessa data nos separa, não são conhecidos resultados do trabalho dessa comissão, nem se deu pelos seus efeitos.
E eu afirmo, sem receio de sei desmentido, que muitas casas comerciais têm ao seu serviço mais pessoal ocupado no escriturar de mapas e dos mais variados impressos do que aquele que ocupam no exercício da, sua actividade comercial propriamente dita.
De muitos desses papéis, alguns têm de ser entregues em duplicado triplicado, quadruplicado e ainda mais Todos podem compreender as dificuldades e encargos. que tem de suportar o comércio na satisfação dessas exigências, sem mesmo querer referi-me ao modesto comerciante, que nem sempre dispõe de uma máquina de escrever que lhe facilite a tarefa.
E bem dizer-se que alguns desses impressos e mapas exigidos o são para cobranças nem sempre legitimar, e se gasta mais em tempo e papel do que vale a importância cobrada.
Têm lugar preponderante nesse mundo de papéis, as circulares expedidas, sem conta nem medida que nada esclarecem, antes no geral baralham e confundem, quando não vão ao ponto de, arbitrariamente, alterar o sentido e o espírito do que é legislado, como se a tanto tenha direito quem não tem poderes que lho consintam.
Talvez apaixonado pelos ideais que sirvo, deixe-me arrastar na corrente do entusiasmo dizendo o que sinto, mas alongando-me demasiadamente e devo terminar
Se do que disse pode entender-se crítica, ela cabe perfeitamente naquelas palavras que ainda há pouco ouvimos a o Sr Presidente da República, quando de visita.