172 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 28
que até por «anúncio» chegaram a ser convocados a comparecer no gabinete do Primeiro-Ministro, em Dar-Es-Salaam, para serem ouvidos pela Comissão dos Sete durante a sua permanência naquela cidade.
Esses relatórios, cujos termos e recomendações constituem flagrantes deformações da verdade, deveriam ser considerados pelas próprias Nações Unidas como uma afronta a sua dignidade, se elas há muito a não tivessem perdido por completo Em todos se batem as estafadas teclas de que Portugal não respeita a Carta das Nações Unidas du que constituímos uma ameaça contra a paz e a segui anca internacionais e de que não observamos os direitos humanos essenciais. A Comissão dos Desassete vai mesmo ao ponto de, quando se refere a Moçambique, onde a paz o a normalidade são absolutos, falar da existência ali de uma «situação explosiva», que tem exigido «repressão militar violenta». A Comissão dos Sete, essa permite-se então contradizer e desmentir as conclusões da própria Comissão da Organização Internacional do Trabalho, uma das mais prestigiosas organizações da O N U , que, depois da demorada visita a Angola e Moçambique, além de nos ilibar de qualquer acusação de prática de trabalho forçado não hesitou em proclamai que tinha encontrado em ambas estas nossas províncias ultramarinas, no campo social do trabalho, algumas das mais avançadas realizações de toda a África.
A Subcomissão dos Cinco, que não só desvirtuou como rejeitou as informações devidamente comprovadas que o Governo Português lhe forneceu e igualmente se apoiou nas declarações feitas na sede da O N U pelos famigerados peticionários que representavam as várias forças do pulverizado «movimento nacionalista angolano» e nos elementos que obteve em Léopoldville0 da parte dos angolanos que ah se intitulam como «Governo no exílio», acaba de apresentar o seu relatório, que sua brevemente discutido na Assembleia Geral da O N U e no qual - já se sabe - são feitas especificamente ao Governo Português as costumadas recomendações quanto ao direito dos angolanos a autodeterminação, à concessão de uma amnistia geral aos precisos políticos, à suspensão das medidas repressivas e da acção militar contra os angolanos e ainda quanto à abertura de negociações com os «nacionalistas» angolanos para a criação de «instituições democráticas».
Como habitualmente, não se deixa de afirmar no relatório que Angola constitui uma «situação explosiva no coração da África» e representa suma grave ameaça paia as Nações Unidas». Faz também outras «revelações» já nossas telhas conhecidas como sejam as de estar em os governos dos países da África Central a fornecer aos terroristas angolanos diverso equipamento militar alem de material para a sua intuição no campo de Thysville, estabelecido no Congo com o auxílio do Governo de Léopoldville, que, segundo as últimas informações vindas a lume, parece já começar a estar bastante alarmado com os actos de banditismo e violência que ali estão a ser perpetrados e a que certamente não devem ser estranhos os elementos tão solicitamente treinados com o seu apoio e consentimento no referido campo. Isto levou o mesmo Governo a decretar o estado de emergência aflito como está por ver que afinal está deitando mais lenha na fogueira que há-de acabai por o consumir e concorrendo para o agravamento da situação caótica e desesperada em que, desde o dia da sua «independência», se debate sem remédio o novo Estado «democrático» do Congo ex-Belga.
O que o relatório da Subcomissão dos Cinco se esquece, porém, de dizer é que são os próprios elementos das forças das Nações Unidas estacionadas no Congo, certamente em cumprimento da sua missão de paz, que preparam e treinam os terroristas angolanos em Lampos de instrução ali existentes e que se sabe agora que as minas terrestres de fabrico inglês que nos últimos tempos têm sido utilizadas no Noite de Angola por esses mesmos terroristas lhes foram entregues no Congo por soldados da União Indiana integrados nas próprias foiças da pacífica O N U. Talvez essas minas terrestres tivessem sido oferecidas em tempo pela Inglaterra a União Indiana onde possivelmente a esta hora poderiam ter prestado melhor serviço ao aflito pândita Nheru, a braços com os aguerridos chineses. Mas essa é outra história, pois ele estava convencido e como temos visto com razão, que apesar de todas as suas traições e jugo duplo lhe continuariam os seus bons amigos e protectores ocidentais, e até os camaradas orientais, a dar mais e mais armas, iludidos como estavam e continuam a estar, uns e outros, de que armando os 400 milhões de indianos poderiam assim conter os 600 milhões de chineses.
É clara que, para a hipótese de Portugal não se conformar com as recomendações feitas pela Subcomissão dos Cinco e continuai a insistir no seu direito de que Angola é um caso fora da jurisdição das Nações Unidas, o relatório propõe que o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral considerem a adopção de sanções de acordo com a Carta da O N U - que já ninguém sabe o que é nem para que serve, pois a instituição é hoje praticamente governada apenas pelas disposições que, ao sabor das paixões violentes do uma maioria irresponsável e fanática, são ali votadas - se Portugal se recusar a cumprir as decisões das Nações Unidas sobre Angola.
É fora a de toda a duvida que o ataque a Portugal será duro e cerrado e que mais uma vez teremos de enfrentar serena e decididamente na O N U os violentos assaltos que se vão desencadear contra a nossa cobiçada - e talvez neste adjectivo esteja a explicarão de muita coisa- província ultramarina de Angola.
Para essa luta vamos estando felizmente, à medida que o tempo passa, em melhor posição, pois a O N U se viu mostrando cada vez mais falha de autoridade pela sua infeliz e insensata actuação principalmente no Congo, onde em vez de levar a paz se levou a guerra e o caos. O seu prestigio vem igualmente descendo em perigoso e quem se fatal declivo e disso é prova bem flagrante o caso recente de Cuba, em que se pertencer recorrer à Cruz Vermelha Internacional para uma missão de fiscalização que se enquadrava perfeitamente dentro das suas obrigações normas e portanto, lhe devem ter sido confiada.
Por outro lado as nações responsáveis do mundo ocidental começam a tomar uma melhor e mais perfeita consciência do nosso caso e da justa razão que nos assiste. A nossa política multirracial começa igualmente a ser melhor conhecida e apreciada e até a ser já encarada como um bem indispensável para a África e para as populações africanas. E de tal forma que agora até já também os nossos próprios inimigos consideram que para o progresso e bem estar da África e necessário a coexistência racial entre o branco e o preto. Que fins terá em vista esta sua nova propriedade não sabemos ainda, mas é realmente interessante registar este apoio inesperado à nossa política multissecular de integração e assimilação, do cujos mentos numa duvidámos.
Da mesma maneira o apoio que começamos a sentir por parte de nações amigas, cuja anterior atitude de incompreensão nas votações realizações na O N U tanto nos tinha chocado, as declarações de muitas e destacadas entidades oficiais dos mais variados países que, tendo aprofundado o nosso caso, não hesitaram em defender o procedimento português e em considerar a foi ma injusta