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26 DE NOVEMBRO DE 1041 3

O Orador: - O terceiro furto que entendo salientar diz respeito à vida interna do País, mas não deixa de ter reflexos exteriores. Quero referir-me às eleições administrativos.
Elegeram-se as juntas de freguesia, em rigorosa conformidade com a lei, e está-se preparando a constituição das câmaras municipais.
O acto eleitoral decorreu num ambiente de perfeita normalidade e de exacta consciência das responsabilidades da hora que passa.
Meus senhores: infelizmente esta sessão legislativa abre ainda sob o signo da guerra mundial, cujos horrores e devastações suo cada vez mais tenebrosos. Estamos sofrendo já, por via reflexa, as duras repercussões da tremenda calamidade; mas ainda não fomos atingidos directamente pelo monstro, como lhe chamava Vieira, e a Providência há-de permitir que continuemos à margem da sanguinolenta tragédia.
Um dever se impõe na hora presente: a estreita união em volta de Salazar. Dever de consciência, de gratidão e patriotismo.

Vozes:-Muito bem, muito bem!

O Sr. João do Amaral: - Sr. Presidente: referiu-se V. Ex.ª, ao fazer, com a sua cônscia eloquência, a resenha dos principais acontecimentos ocorridos durante o interregno parlamentar do ano corrente, a dois factos que julgo dever pôr um destaque:
Em primeiro lugar a viagem S. Ex.ª o Presidente Carmona ao Arquipélago dos Açôres; em segundo lugar à missão especial que o Governo Português mandou ao Brasil para lhe agradecer a sua comparticipação nas comemorações centenárias da Inundação e Restauração da Nacionalidade.
As palavras que V. Ex.ª disse acerca do primeiro acontecimento acordam um grande eco de concordância e de aplausos nesta Assemblea; aquelas com que se referiu a missão especial enviada ao Brasil impõem-me o dever de exprimir a V. Ex.ª o sentimento de gratidão que lhe fico devendo, pois fiz parte dessa missão e, ainda que injustamente, sou beneficiado com o elogio que V. Ex.ª fez da acção dessa embaixada.
Não há, Sr. Presidente, palavras que possam exprimir perfeitamente o reconhecimento que o País deve ao general Presidente Carmona pela forma como tem dirigido a política nacional. (Apoiados). Não há palavras que exprimam a repercussão que alguns dos seus actos e principalmente as suas viagens às terras distantes do Império tiveram na sensibilidade e na inteligência de todos os patriotas. Isto é sabido de todos. E, assim, a única cousa que eu desejo trazer ao conhecimento da Câmara é que estes sentimentos de admiração e de reconhecimento que nós verificamos entre os portugueses que residem em território português são comuns aos patriotas que vivem longe da terra natal e em especial aos que constituem a honrada e ilustre colónia portuguesa do Brasil.
Com efeito, tive ocasião de verificá-lo quando, no Rio de Janeiro, falando no Gabinete Português de Leitura, me referi ao alto exemplo que o Sr. general Carmona quis dar aos portugueses, resolvendo partir logo que até nós chegaram as impertinências ou as ameaças que visaram a nossa soberania sobre os Açores, resolvendo partir para esse Arquipélago e levar aos seus habitantes o conforto da sua presença. «Nem as incomodidades da viagem», disse eu então aos portugueses residentes no Brasil, «em hora tam adiantada da vida puderam deter o patriota insigne que há quinze anos dirige superiormente a política portuguesa, imprimindo-lhe o cunho de sábia moderação, de delicadeza, e de rara elegância moral que são os mais notáveis atributos da própria personalidade. Entre os grandes serviços que Portugal lhe deve, esta viagem contará, singularmente na hora incerta em que ou portugueses de hoje, como os de Valverde, aparecem no meio do drama europeu como uma pequena eira em espaçoso campo».
Estas tam justas quam descoloridas palavras provocaram da parte da colónia portuguesa do Rio de Janeiro uma entusiástica, fervorosa, clamorosa e prolongada manifestação ao venerando Chefe do Estado, que nos deu bem a medida do respeito e da simpatia que levou, mesmo fora de Portugal, o seu nome prestigioso. É-me grato dizê-lo a V. Ex.ª, Sr; Presidente, tanto mais que de escassos recursos dos nossos serviços de propaganda não permitiram dar a êste episódio, como a outros que durante a sua viagem ao Brasil puseram em singular destaque o prestígio de Portugal e dos seus dirigentes, o merecido relevo.
No que respeita à missão especial enviada pelo Governo Português ao Brasil, não me cabo nem aos que dela fizeram parte testemunhar sobre o seu êxito. Se êxito houve, creio que o devemos à orientação superior que foi dada a essa missão diplomática, e a homenagem do País deve dirigir-se a S. Ex.ª o Sr. Presidente do Conselho, que ao organizar a embaixada, ao definir e limitar-lhe as funções e a duração não descurou nenhum dos pormenores que haviam de permitir-lhe desempenhar-se do seu alto encargo com o tato necessário e a necessária dignidade.
Seja-me, porem, lícito, Sr. Presidente, destacar diante desta Assemblea a figura do Embaixador Sr. Júlio Dantas, que atingido logo no início da sua viagem por um golpe duríssimo da adversidade, soube, com raro heroísmo, ocultar sob a elegância, a serenidade e a inteligência de diplomata o ricto e as lágrimas da sua dor filial.
Mas a que devemos o clima triunfal em que durante sete dias vivemos no Rio de Janeiro foi principalmente ao fraterno carinho dos brasileiros. O Governo, as autoridades responsáveis pela recepção e os membros da embaixada brasileira que esteve em Lisboa, à frente da qual vimos sempre esse grande amigo do nosso País, que é o general Francisco José Pinto, concorreram todos para transformar o acto de cortesia em que estávamos empenhados na mais delicada e afectuosa festa de família que V. Ex.as possam imaginar. E mais uma vez, Sr. Presidente, pude verificar que nesse grande país, onde se forja o futuro da humanidade, perdura vivacíssimo o sentido da vida que os nossos avós ali ensinaram e que qualquer que seja a grandeza e a magnitude do edifício político e social que ali se construa será sempre na perpétua chama que o génio lusíada acendeu há quatrocentos anos que se alimentará nos séculos futuros o fogo e a luz do grande lar brasileiro.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Vasco Borges: - Sr. Presidente: as considerações que V. Ex.ª fez ao inaugurar os trabalhos desta Assemblea não podem deixar de ter calado no ânimo dos Srs. Deputados e de merecerem o seu aplauso. Com efeito, não é demais que, neste momento em que a Assemblea inicia os seus trabalhos, se faça referência à viagem do Sr. Presidente da República aos Açores e se preste homenagem a S. Ex.ª por mais esse serviço relevante que, com tam grande e manifesto sacrifício, êle prestou à Nação.
Essa viagem temos de considerá-la integrada na política externa do Governo, porque, com efeito, foram circunstâncias internacionais que sobretudo a determinaram e tornaram necessária.