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15 DE FEVEREIRO DE 1946 533

Esses estudos resumem-se pela forma seguinte:

[Ver Tabela na Imagem]

Pelos números anotados vemos que os terrenos produtivos aumentaram na percentagem de 30 por cento em Portugal e que os terrenos incultos, mas cultiváveis, passaram de 45 por cento para um terço, isto é, nestes deu-se o inverso, e que continuam a existir os chamados terrenos incultiváveis.
Entre os incultos, mas cultiváveis, existe a área de baldios que a Junta de Colonização Interna nos diz, num interessante estudo, elevar-se a 4,6 por cento da superfície do continente, acrescentando ainda que a maior parte desta área só pode ser aproveitada para explorações florestais, ficando cerca de 100:000 hectares para colonização conduzida pelo Estado.
Diz-nos a Junta de Colonização Interna que estes 100:000 hectares podem ser destinados, em parte, a novas explorações, ao parcelamento para completar explorações deficitárias e ainda a glebas para distribuir a trabalhadores rurais, a fim de eles poderem assim ter um complemento dos salários que vão auferindo pelo seu trabalho.
Dentro desta parte cultivarei nós temos as grandes culturas, pois Portugal não deixa de continuar a ser um país essencialmente agrícola, influenciado pelo clima mediterrâneo, como já aqui foi dito pelo ilustre Deputado Sr. engenheiro André Navarro, sendo os terrenos muito aptos para as culturas da vinha e da oliveira e para a exploração florestal, tendo ainda uma parte muito intensa de cultura cerealífera.
Na análise do problema que nos convém focar agora, vejamos se realmente tem havido ou não melhoramentos capazes de demonstrarem que a lavoura não tem estado de braços cruzados, e, pelo contrário, tem agido em sentido progressivo, embora possamos concordar que tem muito a fazer ainda para chegar ao estado de prosperidade que lhe traga, senão uma independência absoluta, pelo menos um desafogo muito maior do que aquele que tem actualmente.
Procurando observar o que se passa com a cultura dos principais cereais panificáveis - o trigo, o milho e o centeio - e ainda com o vinho e com o azeite, coligi os números que vou procurar resumir, para não abusar da paciência de V. Ex.ªs
Eles ilustram o meu depoimento.

Produção de cereais panificáveis nos anos de 1920 a 1989, segando o Instituto Nacional do Pão
(Médias anuais, em toneladas)

[Ver Tabela na Imagem]

Estes números revelam-nos ter havido um aumento de produção, no decénio anterior à guerra, de 201:478 toneladas de cereais panificáveis em relação ao decénio precedente, o que dá um acréscimo anual de 20:000 toneladas.
Isso se traduz num aumento de 27 por cento no decénio.
A população nos períodos de 1920-1924 a 1935-1939 aumentou de 27,8 por cento, anãs é preciso ver que, segundo os cálculos do mesmo Instituto Nacional do Pão, 85:000 toneladas de cereais se destinam a sementeiras e 100:000 para sustento de animais e para a indústria.
Ao todo, antes da guerra, o consumo de cereais era avaliado em 1.080:000 toneladas, o que equivale a dizer, que, em média, precisamos de importar cêrca de 130:000 toneladas.
Examinando o que se passa em relação a cada um dos cereais, verifica-se que, nos dois decénios citados, o trigo teve um aumento de 64 por cento, enquanto que o milho teve um aumento apenas de 8 por cento e o centeio baixou de 8 por cento.
Vejam V. Ex.ªs: se o total nos é favorável, constata-se, no entanto, que só tem havido um aumento decisivo na cultura do trigo.
Parece que força estranha ou novos hábitos desviam a população para um maior consumo de pão de trigo, o que é pena, pois a cultura do milho é tradicional em muitos pontos do País e o respectivo pão tem grande valor alimentar.
Não podemos, evidentemente, falar dos tempos mais chegados, porque os números agora apurados são números de guerra, num período em que, infelizmente, nos faltou a matéria fertilizante e em que a produção foi menor, consequentemente.
O aumento de produção citado tornou-se necessàriamente possível por duas ordens de razões: em primeiro lugar porque se aumentou a área cultivada em Portugal e depois por uma maior intensificação cultural.
Já aqui disse, em 1943, quando me referia às Contas tas Gerais do Estado relativas a 1942, que depois da criação do Ministério da Agricultura, no tempo do grande Presidente Dr. Sidónio Pais, de evolução em evolução, se chegou ao período de 1929-1930, em que foi. Ministro da Agricultura o nosso colega Sr. coronel Linhares de Lima, que criou a chamada «Campanha do Trigo», mais tarde transformada em «Campanha da Produção Agrícola», trabalhando-se sempre em estreita comunhão com a Direcção Geral dos Serviços Agrícolas. Foram então arroteados cerca de 87:000 hectares de terrenos que não eram cultivados. O lavrador recebeu prémios de arroteia e viu assim, em parte, compensados os seus esforços. É certo que nem toda essa mancha de terreno continuou a produzir trigo, mas não deixou de ser aproveitada para outras culturas que trouxeram grande interesse à economia nacional.
Mas poderá dizer-se que se produz mais trigo por ter havido nova extensão territorial entregue à sua cultura?
Procurei coligir elementos que esclarecem o assunto: o rendimento médio por hectare passou de 840 litros em 1929-1930 para 1:170 litros em 1930-1934, o que revela um aumento de 330 litros por unidade de superfície.
Em Espanha, segundo La Politica Española sobre Trigos y Harinas, 1945, do agrónomo Montojo Sureda, passou, respectivamente, de l:058 para l:115 litros por hectare. Apenas um aumento de 57 litros.
O aumento registado no nosso País resultou de uma propaganda bem orientada sobre o emprego e vantagem dos adubos junto dos lavradores. É o que nos revelam os índices seguintes:
Em 1916 a indústria nacional produziu 121:000 toneladas e em 1939 245:000 toneladas de superfosfatos.