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376 DIÁRIO DAS SSSSOSS — #/79

tar-Uies muitas das suas qualidades, que são também dignas de grande -apreço, conforme ficou demonstrado no J Congresso Nacional das Ciências Agrárias, na discussão de trabalhos que a lavoura seguiu com todo o interesse.

Mas não é preciso sair do que está escrito na representação da indústria para se tirarem algumas conclusões proveitosas a este respeito.

Repare-se que, enquanto na alínea h) se afirma que niïo é preciso modernizar a indústria para se trabalharem as líïs nacionais, na alínea/L) fazem-se outras afirmações que esclarecem melhor este aspecto do problema. Nessa passagem lê-se o seguinte:

Também a indústria tem muito a fazer no sentido de melhorar as suas condições de exploração, O reapetrechamento está em curso. A deficiente preparação técnica do pessoal, que é, sem dúvida, uma das que mais sobrecarregam o custo do produto, foi objecto de aturado estudo.

Donde é lógico concluir que as lãs nacionais estão muito longe de ser industrializadas em Portugal com aqueles requisitos técnicos indispensáveis à sua conveniente valorização.

4." €ontinuando-se na crítica aos defeitos e deficiências qualitativas das lãs -nacionais (para as quais, todavia, cautelosamente, se tinha conseguido a publicação de medidas legislativas que não permitiam a sua livre exportação — não fossem aparecer no País compradores estrangeiros que as apreciassem mesmo com os seus pretendidos defeitos), conclui-se, na citada representação, que às nossas lãs faltam as características exigidas pela indústria de penteado, motivo por que só na carda elas poderão ter conveniente aproveitamento.

Esta forçada conclusão a que chega a representação da indústria não pode merecer também a nossa aprovação.

Sabe-se que em todos os países do Mundo de indústria de lanifícios progressiva e consciente se penteiam lãs com as características das nossas e que até as das classes churras (impróprias para artigos de vestuário) são também hoje penteadas muitas vezes.

Mas para aclarar este aspecto da questão não é preciso recorrer a opiniões de técnicos estrangeiros ou à dos técnicos alheios ao sector industrial português.

Industriais de grande prestígio no País, justamente considerados perfeitos conhecedores do métier, manifestaram já em documentos escritos o seu desacordo com as opiniões agora expostas na representação da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios.

Vamos por isso limitar-nos a transcrever aqui o que foi escrito em Março de 1940 por cinco conceituados industriais da Covilhã, à frente dos quais está o nome prestigioso da firma a que pertence o actual presidente do Grémio dos Industriais de Lanifícios daquela cidade.

Os Ex.ª10" e ilustres Deputados, que podem tomar conhecimento de todos os documentos relativos aos pedidos de instalação de peuteaçoes e fiações de penteado, terão ensejo de conhecer mais detalhadamente o que se vai transcrever da memória descritiva que foi apresentada naquela, data pela União Industrial de Fiação, Iâ-mitada, sociedadepor quotas, que então estava em formação jia Covilhã, e a que se referiu publicamente o Boletim da Direcção Geral das Indústrias na devida oportunidade.

Registe-se, de passagem, que elementos da lavoura, desde que começaram a tomar consciência do que era em Portugal o problema das lãs, têm-se dado ao trabalho de registar das memórias apresentadas pelos industriais portugueses, nos termos da lei do condicionamento industrial, as suas abalizadas opiniões.

Em certa passagem do citado documento pode ler-se, a propósito das lãs nacionais, o seguinte período: a precisamente o aspecto económico fundamental da indústria de lanifícios, que é o aproveitamento industrial das lãs nacionais, não foi encarado sequer». E mais adiante lê-se também: «não se curou para nada de sugerir, estudar ou proteger esforços para o aproveitamento industrial das lãs nacionais».

E em seguida, falando das empresas de fiação de penteado instaladas no País, escreveu-se o seguinte:

Falta a essas empresas competência técnica para poderem corresponder às exigências da tecelagem e do comércio de lanifícios, mas falta-lhes também capacidade produtora qualificada, porque na aquisição da sua maquinaria o único critério dominante foi o de produzir muito e utilizando penteados finos, por um lado, e, por outro, porque, como essa maquinaria é bastante cara, o fabrico está bem protegido pela pauta e pelo regime de quase exclusivo; os recursos para as adquirir vieram de fora da indústria, e no quadro dessas empresas predominam os médicos, os advogados, os banqueiros, os proprietários e os capitalistas, em vez de industriais directamente ligados ao fabrico.

Ainda nesse documento refere-se mais adiante que se «justifica de modo completo o melhor aproveitamento das líïs nacionais» e que apara o obter será necessário aproveitar os progressos da mecânica têxtil, fazendo introduzir na maquinaria a adquirir todos os melhoramentos e aperfeiçoamentos para reduzir até onde possível os defeitos das nossas lãs, tirando das suas qualidades o máximo de rendimento e vantagens».

E continuando neste teor lê-se que a penteação autónoma montada em Portugal «conseguiu já, de resto, magníficos penteados com lãs portuguesas, demonstrando assim que é infundada a convicção (que se confunde com a lei do menor esforço ou com a rotina) dos que não tiveram jamais a preocupação de as aproveitarem e dando também razão plena aos propósitos superiores da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, não querendo que se demore por mais tempo a sua utilização integral e completa.

Assim falaram, Sr. Presidente, conceituados e competentes industriais da Covilhã, à frente dos quais, como dissemos, está a firma a que pertence o actual presidente do Grémio dos Industriais de Lanifícios local.

E continuando no seu firme propósito de esclarecer devidamente o problema, lê-se ainda no mesmo documento o seguinte:

Os lucros legítimos que assim se obteriam não beneficiariam sómente os que os realizassem, mas também a agricultura e a economia nacional, suprindo uma falta que, para honra de todos, não devia existir na indústria nacional.

E mais adiante, faïando-se das deficiências das fábricas de fiação de penteado instaladas no País, escreveu-se ainda: «em todas as instalações existentes se conta apenas com as lãs finas e seleccionadas que os estrangeiros nos fornecem» e que «nem se previu que um dia quiséssemos deixar de mandar para o estrangeiro o quase meio milhão de libras com que pagamos as lãs e seus fios».

Estas opiniões, de indiscutível e incontestável interesse, merecem ser conhecidas da ilustre Câmara dos. Srs. Deputados que vai estudar o problema das lãs. E como são insuspeitas, pois foram formuladas por in-