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20 DE JANEIRO DE 1947 377

dustriaiis competentes1, responsáveis e prestigiosos, pareceu-nos conveniente pô-las em devido destaque.

Não desejávamos ocupar mais tempo à Assembleia Nacional, mas julgamos que o interesse nacional em jogo justifica mais algumas considerações e esclarecimentos.

Na representação da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios conclui-se que as lãs nacionais são mais próprias para a carda e que, portanto, aião devem ser penteadas, mas sim destinadas àquele sector industrial que ainda mantém no País 100:000 fusos!

Não podemos concordar com essa opinião, que julgamos ofensiva dos interesses nacionais.

A este respeito perfilhamos também absolutamente as opiniões tão claramente expostas pelos cinco já referidos industriais da Covilhã, não resistindo por isso à tentação de as transcrever aqui, para mais completa elucidação da Ex.111* Assembleia.

Em certo passo do já citado documento lê-se o seguinte :

A crise da cardação começou no dia em que foi construída a primeira penteadeira. E para a explicar basta ter em conta que um quilograma dw lã sendo cardada produz 12:000 metros de fio áspero e sendo penteada produz o dobro de fio fino.

Esta é, de facto, uma afirmação lógica, que não suporta a mais ligeira contestação.

Mas, mais adiante, os mesmos industriais escreveram:

Crêem os signatários que entre os criadores nacionais de ovinos e as fiações de penteado existentes os interesses dos primeiros pesarão na balança, com todas as razões de superior interesse industrial e nacional que foram expostas e mais com as seguintes:

As lãs que exportamos podem ser penteadas e fiadas pela indústria nacional, graças aos progressos da técnica.

Cardam-se ainda muitas lãs que, depois de bem classificadas e seleccionadas, poderiam ser penteadas, duplicando o rendimento da produção de fio, e portanto o seu valor.

A larga importação de penteado que fazemos podia sei* reduzida, fabricando-o nós com as lãs portuguesas.

A insuficiência das actuais instalações força à mistura das boas lãs com as más, desvalorizando, desacreditando e estragando a lã nacional, que oferece catorze qualidades diversas.

Muitos fabricantes que antes do decreto n.º 28:133 não fabricavam um metro de estambre consomem hoje dezenas de milhares de quilogramas de fios penteados.

Acentua-se cada vez mais em todos os países a preferência pública pelos artigos leves, agradáveis à vista e ao toque, maleáveis, a preços razoáveis e acessíveis e feitos com fios penteados; e mesmo no nosso o consumidor do campo pôs de banda o sur-robeco e prefere a sarja e o da cidade substituiu o pesado sobretudo cardado pela gabardina prática e ligeira.

Não sabemos de princípios técnicos capazes de refutar tão judiciosas afirmações proferidas pelos industriais já citados.

Trazendo-as ao conhecimento da Assembleia Nacional, julgamos ter contribuído também com alguns valiosos elementos de informação que de certo modo poderão esclarecer o problema, refutando muitas das informações

prestadas na representação da federação Nacional dos Industriais de Lanifícios.

5.º Diz-se na representação da indústria (alínea ;) que a lã nacional é muito variável no sen valor fie utilização e rendimento e está muito dispersa, na posse de 264:000 produtores, o que torna impraticável a compra directa pela -indústria e dificulta a sua própria recolha para efeitos de comércio e de lavagem. E noutro passo da mesma alínea afirma-se também que não há possibili-il-ade, nem nunca a houve, de subordinar uma indústria de transformação à compra obrigatória de uma matú-ria-prima, em bruto} quando a consome já seleccionada e lavada.

De facto, .não se pode deixar de reconhecer uma certa lógica a estas afirmações.

Deve considerar-se, porém, que foi exactamente para obviar aos inconvenientes tão bem expostos pela Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios que os lavradores portugueses se propuseram montar uma unidade, de lavagem e de penteação de lãs, que outro fim não tinha do que o de pôr-se em condições de oferecer u indústria as lãs nacionais já seleccionadas, lavadas e penteadas, exactamente naquele estado em que, como muito Item xc Jiz na representação em causa, é consumida pela indústria de lanifícios.

Comxeste propósilo vinham os produtores ao encontro dos interesses da indústria

Sr. Presidente:

Os directores dos organismos corporativos da lavoura abaixo assinados, esperando que lhes seja dado o mesmo tratamento que foi concedido ao organismo corporativo da indústria, ousam solicitar que, ao abrigo do .n.º 18.º do artigo 8.º da Constituição Política da República Portuguesa, y. Ex.º se digne, em sessão, mandar ler esta representação à ilustre Câmara dos Srs. Deputados.

Temos a honra de apresentar a V. Ex.º os nossos respeitosos cumprimentos.

A bem da Nação.

Pelo Grémio da Lavoura de Estremoz: Duarte Moutinho de Medeiros e Luís Gonzaga de Matos e Góis Cau-pers. — Pelo Grémio da Lavoura de Elvas: Armando Ferreira Gonçalves. — Pelo Grémio da Lavoura de Évora e Viana do Alentejo: Vasco Maria Eugénio de Almeida. — Pelo Grémio da Lavoura de Portalegre: Manuel Joaquim, Grave e Laureano António Picão Sardinha. — Pelo Grémio da Lavoura de Montemor-o-Novo: Vasco Maria Eugénio de Almeida. — Pelo Grémio da Lavoura de Arraiolos: Luís Barroso Félix. — Pelo Grémio da Lavoura de Fronteira: Manuel Mendes de Almeida. — Pelo Grémio da Lavoura de Sousel: Augusto Firmino Marchante.

O Sr. Presidente: — Tom II palavra o Sr. Deputado Bagorro de Sequeira.

O Sr. Bagorro de Sequeira: — Sr. Presidente: ontem o ilustre Deputado Sr. Dr. Pinto Coelho, com extraordinária clareza e sentido de oportunidade, tratou aqui mi Câmara do importante problema do abastecimento de carnes à capital, referindo-se em especial à participação que durante estes últimos anos a colónia de Angola teve nesse abastecimento, sob a forma de fornecimento de bois vivos.

Não me foi possível tirar apontamentos sobre o que o ilustre Deputado disse, e por consequência é de memória que vou referir-me ao seu discurso; oxalá eu seja tào fiel na interpretação das suas palavras quanto desejo.