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20 DE JANEIRO DE 1941 379

O que posso afirmar é que em Angola a exportação de bois para Lisboa foi sempre, desde que os serviços de veterinária têm plena e absoluta interferência na sua execução, considerada com o maior interesse e rodeada dos maiores cuidados, para que resulte o mais satisfatoriamente possível, apesar de toda a natureza de contingências de que se reveste uma operação de exportação de bois vivos, mesmo no aspecto sanitário, considerada desde a origem, que é o depósito de estacionamento e recuperação atrás do porto de embarque, até ao matadouro de Lisboa.

Apesar de tudo, o sistema é sempre defeituoso e há que o pôr de parte logo que possa ser substituído por outro melhor.

Por isso, prestados estes esclarecimentos, que .julguei indispensável fazer, volto a afirmar a minha concordância com a opinião do ilustre Deputado Sr. Dr. Pinto Coelho, para que marchemos decididamente para o abastecimento de carnes frigorificadas, procurando-se a solução nacional mais conveniente a todos os interesses em jogo.

A titulo informativo, posso ainda comunicar a Câmara que esta solução é também a que os serviços de veterinária e o governo de Angola há longos anos preconizam e defendem.

Para terminar, desejo ainda focar um aspecto da questão posta pelo Sr. Dr. Pinto Coelho.

E propriamente o problema das instalações frigorí-fir.as que há-de ser necessário realizar, e que, seja qual for a sua importância industrial, representa sempre um avultado investimento de capitais, que necessariamente precisa de garantias, sobretudo do confiança, que lhe há-de ser dada principalmente pela metrópole, como consumidora.

E essa confiança, diga-se de passagem, é ainda uma coisa muito vaga, que se apresenta sempre muito nebulosa, neste e noutros casos em que são postas a julgamento, com sentido realizador e verdadeiro, as coisas da economia imperial.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem, muito bem!

O Sr. Pinto Coelho: — Sr. Presidente: em primeiro lugar desejo regozijar-me pelo interesse que mereceram ao Sr. Deputado Bagorro do Sequeira as minhas declarações de ontem e pela adesão que S. Ex.ª prestou às linhas fundamentais das minhas declarações.

S. Exa. trouxe alguns esclarecimentos,, que foram, preciosos, tanto mais que ontem comecei por afirmar que se tratava de um problema que eu não sabia se tinha sido estudado e sobre o qual gostaria de ser esclarecido.

Começam a vir esses esclarecimentos. Por minha vez, quero esclarecer que nas minhas considerações de ontem não me passou pela cabeça, longe que fosse, fazer críticas aos serviços das colónias, nem tão-pouco à qualidade do gado de Angola., e .apenas me referi ao relativamente pequeno valor económico da importação de g.ado quando transportado vivo, e S. Ex.*, ao mesmo tempo, traz elementos concretos e preciosos, e vem reforçar as minhas considerações neste aspecto: que num período relativamente grande foram transportados 10:229 bois, o que em números absolutos representa alguma coisa, mas em números relativos muito pouco, pois que esse gado, segundo os números que ontem referi, corresponde apenas ao abastecimento de quarenta e um dias.

E um facto que Angola conseguiu, durante algum tempo, diminuir a carência de abastecimento de carne e que seria pior se não a tivéssemos recebido, mas todos nós sabemos, como simples consumidores, que, por exemplo, no ano de 1946 durante três meses, pelo menos, não conseguimos «pôr dente em pedaço de carne*.

Claro que o problema que aqui tem estado a ser debatido é relativamente complexo, mas, como disse — e com isso me congratulo por ser também essa a opinião do Sr. Dr. Bagorro de Sequeira —, o que é preciso é enfrentá-lo e procurar resolvê-lo.

Não devemos assustar-nos com as dificuldades que o rodeiam, e eu dar-me-ei por muito satisfeito se, por motivo da minha intervenção, o problema for, como estou certo de que será, corajosamente enfrentado e resolvido pelo Governo Português.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem, muito bem!

O Sr. Belchior da Costa: —Sr. Presidente: na sessão de 18 de Dezembro do ano findo foi apresentado a V. Ex.ª pelo ilustro Deputado do meu distrito Sr. Dr. Querubim Guimarães um requerimento para que, pelas secções próprias do Ministério da Economia, lhe fossem fornecidos determinados elementos de informação, em ordem a poder-se avaliar com segurança do desbaste sofrido pelas matas portuguesas por virtude da situação anormal criada pela guerra ou em consequência desta.

Ora os elementos então solicitados por aquele meu prezadíssimo colega coincidem, em parte, com um pedido por mim formulado, a respeito do mesmo assunto, na sessão de 27 de Fevereiro também do ano rindo.

Os elementos que então solicitei foram-me enviados por ofício de 11 de Abril, e portanto já depois de encerrado o período legislativo.

Não tive, por isso, então ensejo de me referir às informações que recebera em satisfação do meu requerimento nem mesmo oportunidade de as agradecer; aproveito pois esta ocasião para agradecer aos serviços a correcção e a boa vontade em atenderem a minha solicitação.

Entretanto, após a reabertura da Assembleia, outros assuntos solicitaram a atenção da Câmara; mas o requerimento do Sr. Deputado Querubim Guimarães suscita, de novo, a colocação no primeiro plano do problema do despovoamento florestal que pretendi focar quando na referida sessão de 27 de Fevereiro formulei o meu pedido de informações, com o desejo de voltar ao assunto para o tratar mais largamente.

Não chegou ainda essa oportunidade, não só porque os elementos que me foram fornecidos sào escassos ou mesmo omissos acerca de algumas das perguntas formuladas, mas também porque o problema do desbaste contumaz o consecutivo das matas portuguesas, embora, já por si, do consequências gravíssimas, é no entanto apenas um aspecto das dificuldades que a lavoura atravessa, sobretudo a lavoura do Norte, pelo que melhor conviria tratar-se em conjunto com os demais problemas que assoberbam, oneram e definham a exausta, mas sempre heróica, lavoura portuguesa, possivelmente em largo debate suscitado à volta de aviso prévio, que me não coibirei de apresentar caso as circunstâncias não mudem.

Para já, porém, e para se evitar a duplicação de trabalho às secçOes competentes do Ministério da Economia a que daria lugar o pedido do Deputado Sr. Dr. Querubim Guimarães, e ainda porque é (ïe todo o ponto conveniente que a Assembleia conheça a resposta desses serviços às perguntas que formulei, julgo de toda a oportunidade que sejam publicados no Diário das Sessões os referidos elementos de informação, com os mapas que os acompanham, e bem assim os elementos fornecidos pelos serviços florestais e aquícolas, estes referentes, prOpriamente, às matas nacionais.

E assim o requeiro a V. Ex.ª

Sr. Presidente: já que estou no uso da palavra, permita V. Ex.1 que eu, embora abusando dele, borde algumas considerações, sem prejuízo do que atrás disse,