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692 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 94

os efeitos do indesejável regime de requisição. E estou bem certo de que, a avaliar-se pelo que se diz na entrevista concedida aos jornais de hoje pelo Sr. Ministro da Economia, a estas medidas outras se seguirão, igualmente úteis e práticas, como é de esperar do trabalho conjugado e harmónico de todas as Secretarias do Estado. Por isso termino, Sr. Presidente, por prestar ao Governo, e especialmente aos ilustres titulares da Economia, Comércio e Agricultura, a minha saudação e a minha maior homenagem.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: a responsabilidade que sobre mim impende de ter contribuído com o meu esforço para a revolução de 28 de Maio e o orgulho que tenho por tudo o que de bom e grandioso ela já trouxe para a Nação e pana o prestígio internacional de que legitimamente desfruta é que me levaram, há pouco tempo ainda, a reclamar deste lugar uma maior justiça distributiva dos géneros racionados por todas as localidades do País e a inquirir das razões de tantas faltas, que eram e têm sido objecto de queixumes dias populações e de que os jornais se faziam e fazem eco diariamente.
Mais pedi nessa altura que se elucidasse o povo das providências a tomar para o que tivesse solução e até para o que fosse impossível de solucionar. Nessa ordem de considerações, requeri que me fossem fornecidos elementos sobre abastecimentos de azeite em Guimarães, pois sabia particularmente que desde Junho até Janeiro passado nenhum tinha sido distribuído. Noutros concelhos do meu distrito, como Vieira do Minho e Esposende, deu-se o mesmo facto, ou pior ainda.
Pedi ainda mais nessa altura que se estudasse carinhosamente o problema alimentar do País e para ele convergisse toda a atenção do Governo.
Acabo de ler nos jornais que o Sr. Ministro da Economia reuniu no seu gabinete os representantes da imprensa e os elucidou das medidas já tomadas e de outras em curso para a solução do instante problema do abastecimento da população portuguesa.
Bem merece o Sr. Ministro da Economia os nossos louvores pela forma corajosa e inteligente como inicia os seus primeiros passos na gerência da pasta que em boa hora lhe foi confiada. Já no acto da sua posse S. Ex.ª tinha declarado que seria inflexível na apreciação dos erros, intransigente perante o desleixo e inconformista com situações que prejudicassem ou dificultassem a marcha da Revolução Nacional e que abandonaria pelo caminho aqueles que teimassem em não acertar o passo.
S. Exa. já percorreu algumas terras da minha região e teve ocasião de verificar que foram justas as palavras proferidas há tempos mesta Assembleia. Aguardo eu e aguarda o País com a maior confiança os resultados da actuação do Sr. engenheiro Daniel Barbosa na pasta da Economia, certos de que se não repetirão os erros passados e que se compensarão da melhor forma os prejuízos sofridos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O meu maior desejo e os meus votos são para que S. Ex.ª se torne em breve credor do reconhecimento de todos os pobres consumidores.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Querubim Guimarães: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte requerimento:

«Desejando ocupar-me do problema da habitação e residência dos professores primários, roqueiro que pelo Ministério da Educação Nacional me sejam dadas as informações seguintes, com a possível urgência:
a) Número de edifícios escolares com casa de residência anexa;
b)Igualmente número de edifícios que a não têm;
c) Se as residências dos professores, na hipótese da alínea a), são gratuitas ou se pagam alguma renda, e, neste caso, quanto e quantas».

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão o aviso prévio sobre a política monetária.
Entretanto, comunico a V. Ex.ªs que o Sr. Presidente do Conselho informou a Assembleia, em aditamento à comunicação de ontem, relativa ao aviso prévio do Sr. Deputado Bustorff da Silva, «que não foi solicitada, nem, portanto, concedida, qualquer redução no crédito de 80 milhões de libras».
Tem a palavra o Sr. Deputado Franco Frazão.

O Sr. Franco Frazão: - Sr. Presidente: a velha cidade suíça de Basileia podia ser considerada espécie de placa giratória das grandes linhas europeias. Deve-se, sem dúvida, a esse facto a sua escolha para sede de instituição bancária internacional, hoje já muito esquecida, o Banco Internacional de Pagamentos. Instalado num antigo hotel, próximo da estação central, a sua vida atribulada foi sempre acompanhada do silvo mais ou menos estridente de comboios partindo para variados destinos. Esse clube dos governadores dos bancos emissores tinha o aspecto triste dos restaurantes de estação, onde a calma das refeições é sempre interrompida pelo anúncio intempestivo de uma próxima partida. Nas suas salas, aliás confortáveis, havia um ambiente nostálgico, como se fora a saudade de um ideal impossível.
Nascera aliás o Banco sob o signo do ouro, numa época em que o regresso a esse padrão monetário era acolhido por toda a parte com entusiasmo. Consequência de um dos numerosos planos gerados pela primeira guerra mundial, o plano Toung, inicialmente considerado sucedâneo da célebre Comissão das Reparações de Guerra, parecia condenado a vida efémera. Mas a breve trecho germinavam ambições mais vastas: conseguir entre os bancos nacionais alguma colaboração na altura em que cada um estava disposto a dirigir a moeda nacional a seu bel-prazer e determinar um padrão internacional estável.
Os accionistas eram os bancos emissores ou grupos bancários e para ser admitido era necessário provar que a moeda do país candidato era realmente sólida e tecnicamente sadia.
Creio que em 1930 se discutia ainda a questão de saber se podiam ou não ser entregues aos bancos emissores da Jugoslávia e de Portugal 6:000 acções que o Banco estava autorizado a entregar a esses países se conseguissem provar que a sua moeda era boa e sólida e as suas finanças sadias.
Ignoro qual fosse a situação da Jugoslávia. A dúvida, se existia, em relação ao nosso País, em plena restauração da sua moeda e das suas finanças, era verdadeiramente incompreensível. Sentiam-se já as primeiras oscilações dos grandes sismos monetários que