O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 DE DEZEMBRO DE 1947 37

cerca de oitenta anos, sendo também de registar o seu concurso noutros campos.
Os portuenses louvaram a deliberação camarária sobre a aquisição e administração do Palácio de Cristal, certos de que ao edifício, jardins e bosque não faltariam os indispensáveis cuidados de conservação, sem alterar a arquitectura e outras características que. corresponderam à época do fontismo e, portanto, ao início da grande indústria, dos caminhos de ferro, da rede rodoviária e de outros factores que muito concorreram para o progresso da produção nacional.
Sr. Presidente: em face do mencionado indeferimento a comissão promotora do 1.° centenário da Associação Industrial Portuense promoveu a remodelação do projecto primitivo de forma a poupar, tanto quanto possível, o arvoredo e a dotar o futuro palácio de dimensões adaptadas às necessidades dos desportos, ficando desta forma a cidade do Porto com um palácio das indústrias e, simultaneamente, dos desportos.
Exultou a mocidade portuense com a esperança de ser finalmente atendida na sua pretensão justíssima da instalação, na cidade do Porto, de um palácio dos desportos, a exemplo do que já se verifica, e com toda a razão, na capital, que o Governo muito oportunamente dotou com tão vantajosa instituição, a qual, ao lado do magnífico estádio, onde se têm realizado competições brilhantes, e cuja maior amplitude se prevê na proposta da lei de meios para 1948, ao lado da construção do edifício para o Instituto Nacional de Educação Física e de um hipódromo, constituirá um conjunto de factores que não deixarão de contribuir para o revigoramento da raça, transformando-o em precioso alfobre de valentes soldados e operários magníficos, sem os quais de pouco valeria o considerável esforço construtivo já realizado e a realizar pela acertada política do Estado Novo.
O ilustre presidente da Associação Industrial Portuense ao apresentar o seu projecto de exposição do 1.° centenário da sua actividade, que tão vantajosa tem sido para o desenvolvimento das actividades industriais, apelou para o concurso do Governo, solicitando facilidades e a indispensável coadjuvação e, portanto, a basilar assistência financeira para a construção do palácio da indústria, que perdure pelos séculos fora a recordar o esforço perseverante e inteligente dos trabalhadores portugueses e pêlos séculos fora contribua também para assegurar à nossa mocidade compleição física e vigor que garantam cada vez mais a eficiência completa do seu trabalho.
A diligência feita junto do Governo pelo distinto representante dos industriais nortenhos e categorizadas autoridades que o acompanharam, além de contribuir altamente para o nosso progresso económico, é de tão grande projecção política em todos os sectores do trabalho nortenho e nos respectivos meios desportivos, onde, mais que pretextos para divertimentos, se procura, na educação física e nas competições que lhe são inerentes, a robustez equilibrada e o desembaraço disciplinado para a luta pela vida, que eu, como Deputado pelo distrito do Porto, julgo de meu dever afirmar ao Governo que todo o concurso e assistência financeira com que venha a distinguir a iniciativa da Associação Industrial Portuense, apoiada e aplaudida por toda a população, depressa frutificará e não deixará de ser por todos agradecido.
Sr. Presidente: o Porto deseja ser dotado com um vasto edifício, na arquitectura e materiais da época, construído para durar, próprio para ali se realizar a projectada grande exposição industrial e com os requisitos indispensáveis a palácio dos desportos.
À hipótese já formulada da demolição do Palácio de Cristal, ligado a tradições absolutamente respeitáveis e que, convenientemente conservado e até melhorado, pode continuar a prestar magníficos serviços a múltiplos e legítimos interesses portuenses, preferiria fosse escolhido outro local bem situado e de área vasta para ali ser instalado não somente o projectado palácio da indústria e dos desportos, mas outras construções que de futuro viessem a ser consideradas úteis à educação desportiva da mocidade.
Sr. Presidente: não seria difícil encontrar dentro dos limites do Porto local com os requisitos necessários: na via rápida que há-de vir a ligar a futura ponte da Arrábida com a circunvalação, ou seja no Campo Alegre, ou, como há dias sugeriu o distinto presidente da edilidade do Porto, junto da grande rotunda que se projecta ali construir e que constituirá um dos grandes fulcros da urbanização; ou mesmo nos terrenos junto do extremo sul da referida ponte; ou lá para os lados da Rua da Constituição, na Quinta do Covelo, entre esta rua de Paranhos, zona vasta e admiravelmente servida de transportes, e noutros pontos ainda, não faltam áreas vastas, centrais e acessíveis.
Que o Governo colabore em tão útil e oportuna iniciativa são os votos da cidade do Porto, de todo o Norte trabalhador e, portanto, também os meus.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - Sr. Presidente: rezam as estatísticas que são católicos cerca de 90 por cento dos portugueses.
Apesar disso o Estado, transigindo com uma escassa minoria, afirma-se neutro em matéria religiosa, embora num ou noutro ponto se afirme cristão e dê à religião católica, por vezes, o tratamento de culto mais beneficiado.
Nem sempre, todavia, esta neutralidade e este tratamento, aliás imposto por oito séculos de história e ainda por interesses de momento, se tem verificado.
Concedo que se chegue até à posição de neutro, embora isso signifique, simplesmente, excesso de generosidade- até em concordância com a doutrina da metade e mais um de algumas democracias. Concedo que para o preenchimento de certos cargos públicos os católicos não tenham um tratamento especial.
Não compreendo, todavia, que haja professores que não sejam católicos, que haja directores de estabelecimentos de educação e assistência que professem doutrina diferente daquela em que, durante oito séculos, sempre se alicerçou a vida nacional. E muito menos compreendo que se dê à palavra neutralidade o significado de posição anticatólica.
Vem isto a propósito do dia de ontem, do dia da Imaculada Conceição, da Santa Padroeira de Portugal.
Os católicos têm especiais obrigações neste dia - e muitos portugueses deixaram de cumprir esses deveres para com Deus porque o Estado Português procedeu como Estado pagão. Nem pode ser classificado., de outra fornia, embora o não seja, sei-o perfeitamente, quem não facilita os deveres de consciência do povo.
Ontem, nas escolas, as aulas começaram logo pela manhã, como sempre, e os alunos tiveram o mesmo intervalo de todos os outros dias para o almoço; nas repartições houve a mesma exigência de pontualidade, enfim, o dia de ontem foi, desta forma, uni dia como os outros para os orientadores da vida portuguesa!
Que importa que haja 90 por cento de católicos?
Que importa que cada passo da história tenha a cimentá-lo os sacrifícios da alma cristã?
Que importa que a cruz continue a ser o farol que guia os portugueses na sua caminhada?