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40 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 116

concluída, já houver quem tenha feito planos de exploração adequados e se tiver e saiba ensinar a regar e a tirar dessa admirável prática agrícola todo o proveito possível. Não rega proveitosamente quem quer, mas somente quem sabe, e não pode o assunto, nas apertadas circunstâncias em que nos encontramos, ser deixado ao acaso.
Independentemente do aumento da produção proveniente da rega, podemos e devemos agricultar melhor. Estamos ainda bastante divorciados da ciência agronómica. Necessitamos de encurtar essa distância, o que só será possível desde que os agrónomos sejam cumulativamente distintos e experimentados práticos agrícolas. Suponho que não faço ofensa aos Srs. agrónomos com esta frase, pois ela só quer dizer que a todos é necessário o conhecimento directo da vida prática agrícola para o bom desempenho da sua missão.
Precisamos, Sr. Presidente, de persistir eficazmente no caminho de produzir as sementes adequadas ao nosso solo e ao nosso clima.
Parece-me isso unia condição basilar ao desenvolvimento da nossa agricultura e tenho muito prazer em referir que já na Estação de Ensaio de Sementes, que o Estado instituiu e que a Federação dos Trigos largamente subsidia, se tem trabalhado na selecção de sementes de trigo, aveia, cevada e forraginosas, com resultados que eu pude colher nos seus relatórios e que me parece interessante referir:

Foi já encontrada uma forma de híbrido «mentana» e a mocho» de espiga branca, cuja produção, em comparação com o trigo «quaderna», deu um aumento para o híbrido de mais 538 quilogramas por hectare.

Devo dizer a VV. Ex.ªs que estes e outros aperfeiçoamentos ainda não são absolutamente do domínio público, visto que eu mesmo só pude encontrá-los no relatório.
É, pois, preciso que a acção da Estação de Ensaio de Sementes chegue largamente a todo o País, para que possa ser completamente proveitosa.
Também a Comissão Reguladora do Comércio de Arroz, através do Estação Agronómica Nacional, tem produzido trabalho utilíssimo, e assim eu pude constatar o entusiasmo dos produtores de arroz relativamente a um híbrido ultimamente encontrado, conhecido sob a designação de «Ponta rubra». Já este ano a Comissão Reguladora do Comércio de Arroz pôde distribuir 145:150 quilogramas deste híbrido, que produziram 3.282:423 quilogramas, esperando poder no próximo ano dispor já de 400:000 quilogramas desta qualidade para semente.
Podemos tirar destes factos a conclusão de que os organismos corporativos trabalham na selecção de sementes, com utilidade para todo o País e com nítida compreensão da sua alta missão.
Posso também citar o trabalho dos técnicos da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas que na Cooperativa de Montalegre procederam à selecção de sementes de batata, com grande vantagem para a lavoura, que assim pôde dispor durante a guerra de apreciável quantidade de semente seleccionada daquele tubérculo.
Temos, pois, encetado um largo caminho para a solução deste problema. Simplesmente, é necessário insistir, porque estes trabalhos são morosos e caros, e, quando se encontra uma solução, todas as despesas e todos os trabalhos são recompensados. É indispensável prosseguir neste caminho.
Peço licença a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e a VV. Ex.ªs, meus ilustres colegas, para ler agora um pequeno apontamento, que não será porventura bem apropriado, dada a diferença de proporção entre os dois países, mas, porque o achei curioso e interessante, não me dispenso de o ler à Assembleia.
É o seguinte:

O Ministério da Agricultura dos Estados Unidos gastou em 1947 1*116 milhões de dólares para auxiliar a lavoura. Com o auxílio dos Estados que têm orçamento privativo eleva-se este número A. 1:700 milhões de dólares, ou seja 170 dólares por cada homem, mulher ou criança que trabalha no campo.
Para sustentar os preços a Comodity Credit Corporation gastou em 1946 830 milhões de dólares. A prosperidade resultante para a agricultura e para o país, no entanto, variou de 726 dólares em 1932, como rendimento médio de cada granja agrícola, para 3:667 em 1945.
O Ministério da Agricultura ocupa um edifício com 4:292 salas, sendo o terceiro maior edifício do Mundo. Tem ainda mais três edifícios e conta 10:000 empregados e 70:000 a trabalhar no campo.
O relatório feito ao Congresso para justificar o seu monumental trabalho tinha 2:039 páginas de texto.
Parece que ninguém nos Estados Unidos diz que este dinheiro, que ampara a vida dos agricultores americanos, não rende juros magníficos.

Precisamos adubar racional e cientificamente, o que neste momento não se faz.
Encontra-se pendente da discussão e aprovação desta Assembleia a proposta chamada Carta dos solos, que conduz à solução deste problema, confesso que tenho verdadeira ansiedade por que seja posta em discussão visto tratar-se de um assunto importante.
Não me preocupa o facto de verificar que não vem inscrita na lei de meios a verba necessária para pôr em execução aquela Carta. Simplesmente fui informado por quem tem autoridade sobre o assunto de que o Ministério das Finanças conta com a verba indispensável para pôr em plena execução essa proposta, que só espera para ser uma realidade útil, a nossa aprovação.
Precisamos de adoptar máquinas agrícolas apropriadas, que facilitem o trabalho e tornem suficiente a mão-de-obra existente.
Sabemos como a nossa agricultura está atrasada quanto a máquinas. O lavrador, na sua economia mais o que modesta, não pode lançar-se em experiências; qualquer máquina custa contos de réis, e poucos destes bastam para desequilibrar a bolsa do lavrador.
Ë necessário que os técnicos escolham e inclusivamente construam as máquinas que podem facilitar o trabalho do lavrador português, adequadas ao nosso solo e às nossas condições, e depois nos mostrem esses maquinismos funcionando, para que a lavoura então confiadamente os possa adquirir.
Permito-me revoltar-me contra a acusação de que a lavoura é rotineira; ela o que é é cautelosa, porque não pode lançar-se em experiências que a arruinarão, e precisa, portanto, que lhe mostrem essas máquinas em plena eficiência; então todos as adquirirão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Torna-se indispensável, pela criação de estímulo adequado, seleccionar, multiplicar, alimentar suficientemente o armentio nacional, onde há espécies notáveis, que poderiam, porventura, encontrar na exportação e na industrialização o caminho para uma prosperidade notável, o que já não seria uma novidade entre nós.
Há uns cinquenta anos o norte de Portugal, esse Minho florido, mandava grande quantidade de carne para