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446 DIARIO DAS SESSÕES N.º 76

V. Ex.ª sabe, ele não seja muito pormenorizado. Diz apenas que se gastaram 1586000 contos em obras concluídas ou em vias de conclusão, e pelo plano de 1937 vê-se que elas dominam, quando muito, 13:169 hectares. Foi tomando estes números, e com um forte coeficiente de correcção para atender ao demais em estudo ou andamento, que encontrei o quociente apresentado.

O Sr. Magalhães Ramalho: - Quer dizer: são de facto cerca de [...] contos por hectares de terras regadas mercê do auxilio à lei de melhoramentos agrícolas, contra, pelo menos, mais do dobro nas terras regadas por grandes barragens. Peço a VV. Exas. que reparem bem nestes números, porque me parecem realmente dignos de meditação e de esclarecimento por quem de direito.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Desde que o custo mais vultoso - como agora se diz - da obra esteja realmente já hábito, parece que o que falta fazer, conduzindo a irrigar uma área ainda maior, conduz também a que o preço do custo por hectare baixo sensivelmente.

O Orador: - Eu respondo a V. Ex.ª às observações de V. Ex.ª como sempre, são procedentes, porque há de facto fases anteriores de certas obras que aproveitam do já feito.
Mas, mesmo entrando em conta com estas e com todas as demais que estão em estudo, o que é certamente favorável, chegamos a um resultado - da ordem de 22 contos por bem.

O Sr. Mário de Figueiredo: - A minha observação conduzia exactamente a esse pensamento, pois estou convencido do que a solução é a dos pequenos aproveitamentos antes do que a dos grandes. Claro que se não pretendem afastar os grandes aproveitamentos.

O Orador: - Ainda no mesmo assunto, quero dizer sem esquecer todas as contingências dos grandes regadios - que Não seduziram as perspectivas de rega de dois ou três centos de milhares de hectares de terra alentejanas, entremostradas pelo nosso ilustre colega Sr. Engenheiro Araújo Correia no seu Programa Econdinico Nacional.
0 que deixam sonhar do possibilidades de trabalho e produção para aquela inflamada província é absolutamente aliciante, o conviria que com toda a possível brevidade se adiantassem em pormenores os estudos hidráulicos e agronómicos, para sabermos destas esperanças quanto poderá de certeza buscar-se.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tão-pouco o repovoamento florestal deve parar. A própria segurança das obras hidroeléctricas, que poderão ser defendidas de assoreamentos, o exige o aponta a vantagem de se considerar com prioridade, se possível for, a beneficiação das bacias dos aproveitamentos execução corrente ou próxima.
0 abastecimento nacional e para exportação de madeiras que vão escasseando e a abertura de possibilidades de melhores ocupações a serranas, frequentemente três falhas delas, são mais argumentos da obra.
Pelo seu valor intrínseco e largo alcance esta obra é das que mais honraria a ora de Salazar. E o Ministro que a lançou - o Dr. Itafitel Duque -, se nos dez anos da [...] árdua passagem pelo Terreiro do Paço nada mais houvesse feito, só por ela bem mereceria da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - 0 Fundo de melhoramentos agrícolas, que já me referi, é, nos termos legais, constituído por força das dotações para o efeito inscritas no orçamento do Ministério da Economia, segundo a Lei n.º 2:017, em feliz hora aprovada nesta Casa.
Não se fala muito dela e, contudo, no quadro da reconstituirão económica não há medidas com directo poder de fomento.
Assegurando a agricultores créditos a largo prazo o baixíssimo juro, para melhoramentos determinados e de méritos devidamente contrastados, ela representa um dos grandes serviços que têm sido prestados à nossa lavoura. E a maneira por que foi correspondida, com acolhimento total e jubiloso e imediata absorção dos fundos oferecidos, dá bem a medida do seu valor.
Foi mutuado em três anos - que tantos contava à data das informações mais ainda do que o total das dotares, e a fiscalização feita garante bastantemente o seu justo emprego.
Na necessidade de sacrifica a empreendimentos fundamentais, muita aplicação útil terá do ser prejudicada. Esta dos melhoramentos agrícolas o deve ser, antes convém que se amplie, como promete o lugar que se lho deu na Lei de Meios do ano corrente.
Tenho falado quase só de agricultura, e já agora irei até final. Nem é descabido que tome o assunto para tema de apreciação da nossa reconstituição económica, porque a agricultura é, e provavelmente será sempre, a mais forte esteio da nossa economia. Ocupa directamente mais de metade dos trabalhadores portugueses - em alguns distritos até quase dois terços - e os seus produtos perfazem o melhor das nossas exportações. 0 seu progresso - ainda à pouco aqui foi relembrado - condiciona o influencia o de todo o País, e por isto quanto se faça por ela será sumamente a bem da Nação. E se as vozes mais autorizadas do mais rico o fortemente industrializado país do Mundo de proclamar que mesmo para esse é a agricultura da mais primacial importância, se o Presidente Truman afirma que uma das grandes lições da história, é que nenhuma nação pode ser mais forte que a sua agricultura, que havemos de pensar quanto a nós?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora a agricultura portuguesa vivo Detidamente em pobres condições. Ninguém se iluda com as aparências de prosperidade ou mediania de alguns empresários de grandes explorações, ou de cultivadores passageiramente bafeitidos por favores de preços,- produções excepcionais ou terrenos muito bons; não, olho antes a extrema modéstia, a rudeza e sobriedade de vida da grande maioria dos que trabalham os campos; e seu espelho das condições nestes prevalecentes.
Crê-se, geralmente, que parte das dificuldades dos lavradores se devem a falta de educativo o correlativos atrasos nos modos de explorar as terras, por não aproveitarem todas as possibilidades de métodos mais racionais ou adiantados. Assim será, com efeito.
Mas o que não ó verdadeira é a noção demasiado corrente que atribui grande parte das culpas aos próprios agricultores, censurando-os por espírito rotineiro, pretensão cansa que seria das maiores atribulações de que se queixais.
Ora o agricultor português não é possuído de espírito rotineiro, no sentido que lhe querem dar de aferro teimoso a práticas tradicionais, de persistente relutância pelo esforço de aprender métodos novos, de incompreendida desconfiança dos processos modernos.
Não, tem. Provam-no o rápido acoitamento o difusão das inovações que por qualquer forma se lhe apresentem e demonstrem vantagens, às vezes mesmo sem dar tempo