26 DIARIO DAS SESSÕES N.º 111
paganda Fide e as de cerca de duas centenas de milhares de pessoas, pertencentes a todas as classes sociais da Nação, que acorreram deslumbradas com a magnificência das coisas expostas, mais realçada ainda pela beleza do ambiente e enquadramento nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos- símbolo majestoso da nossa expansão, dilatadora da Fé e do Império através do Mundo ignorado de antanho.
Os motivos e fins principais da visita dos jornalistas ultramarinos também já foram assinalados, em excelentes orações, por quem a promoveu e mereceram confirmação definitiva na mensagem lapidar do Sr. Presidente do Conselho, documento este que, como os demais produzidos pela pena do maior dos portugueses dos últimos séculos, corresponde plenamente ao sentir de todos os bons patriotas, manifestado exuberantemente nas múltiplas provas de apreço e carinho com que os nossos considerados visitantes têm sido acolhidos e homenageados, tanto pelo Governo e outras autoridades, como pelos seus dignos confrades continentais e pelo povo.
Sr. Presidente: dos nossos ilustres hóspedes, uns são naturais da metrópole e que, tendo emigrado para o ultramar, aqui vieram depois, desta ou mais vezes, e os restantes nasceram lá e só agora pisaram território português da Europa; se aos primeiros a sua vinda exaltara o orgulho patriótico, mercê da intensiva valorização económica, social e espiritual que verificam no País, aos segundos a sua estada enraizar-lhes-á mais fundamente o amor à Pátria-mâe, tornando-os melhores arautos da propaganda instrutiva do presente engrandecimento nacional, pois, como disse o Sr. Presidente do Conselho, «não parece que alguém considerando-se português possa julgar-se estranho ou indiferente a uma obra que, sendo de todos, é também para todos os portugueses». E porque eles andaram por várias terras de seus maiores e observaram seu progresso incessante, conviveram com a gente metropolitana e lhe sentiram o coração e a alma e, emocionados, viram e ouviram Salazar, ao regressar irão a estimar mais ainda Portugal e a apreciar com maior devoção o construtor máximo do renascimento português.
Vozes: - Muito bem, muito bom!
O Orador:-Regozijemo-nos com o desejo do Sr. Presidente do Conselho quando afirma que, se esta feliz iniciativa puder ser de tempos a tempos renovada e as visitas retribuídas por jornalistas que daqui vão ao ultramar, teremos estabelecido uma base de compreensão e de trabalho utilíssima para a correcta formação da nossa opinião pública e para a política de valorização ultramarina e de perfeita integração nacional, que tão empenhadamente prosseguimos.
Sr. Presidente: com tão admiráveis palavras deveria terminar as minhas considerações se ao meu espírito de fiel enamorado do nosso ultramar não aflorassem problemas de cuja real importância me tenho apercebido nas repetidas e demoradas peregrinações de estudioso em Angola, os quais, por constituírem aspectos afins do preconizado e querido intercâmbio espiritual e político, a desenvolver eficazmente entre o País e as parcelas territoriais de além-mar, julgo conveniente trazer à Assembleia Nacional, nesta ocasião em que, a bem da consolidação da lusitanidade, renovamos os nossos protestos de fé e confiança ilimitadas na unidade e perenidade da Nação portuguesa, por quatro continentes repartida.
Sr. Presidente: desde há uma dúzia e meia de anos que os Governos do Estado Novo têm promovido viagens de estudantes ao ultramar e a vinda à metrópole de colonos e alunos dos liceus ultramarinos. Visitaram S. Tomé, Angola e Moçambique: excursões de escolares da Universidade de Coimbra (viagem do Prof. Carriço, grupo de futebol e orfeão), cruzeiro de férias de estudantes de todas as nossas escolas superiores, excursão de filiadas da Mocidade Portuguesa Feminina, excursões de grupos de filiados na Mocidade Portuguesa da metrópole e da Madeira, excursão de alunos do Colégio Militar e as viagens de. estudo de engenheiros e de agrónomos; vieram do ultramar à metrópole: cruzeiro dos velhos colonos, excursão dos alunos dos liceus de Angola e de Moçambique, a peregrinação por ocasião da canonização de S. João de Brito e a excursão dos colonos madeirenses que fundaram Sá da Bandeira e outros centros populacionais do planalto da Huila.
Trata-se de empreendimentos cuja patriótica finalidade nunca é demais salientar e enaltecer e que não podem esmorecer, antes, pelo contrário, há que estimular cada vez mais, mormente no respeitante às visitas a fazer por adolescentes nascidos no ultramar português à Mãe-Pátria, que só vagamente conhecem (e que, porventura, jamais verão sem tal oportunidade), por intermédio das naturalmente desactualizadas e deficientes descrições de seus parentes, da História e outras leituras, da imprensa, da rádio e do cinema - veículos de nacionalismo que, conquanto meritórios em seus efeitos, estão muito longe de substituir a observação de visu, o contacto com a terra e suas belezas, seus monumentos e outros marcos históricos do nosso passado e com o povo e suas manifestações morais, espirituais, intelectuais e artísticas, tradições, usos e costumes, etc.
Em nossos dias, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Índia Portuguesa e Macau contam muitas centenas de rapazes oriundos dali e com o curso dos liceus, dos quais apenas uns poucos virão frequentar as escolas superiores na metrópole - se forem subsidiados por instituições públicas ou privadas, ou quando seus pais possuam meios de fortuna, se é que alguns destes últimos jovens não procuram os centros estrangeiros de ensino; a grande maioria deles muitos com boas qualidades morais e mentais ficará na sua terra de origem, impedida, por carência pecuniária, de satisfazer as suas legítimas ambições e de aumentar a sua formação intelectual.
Até 1945 ainda os aspirantes dos quadros ultramarinos, com o 7.º ano dos liceus, podiam cursar a Escola Superior Colonial; infelizmente, esta, interessante regalia, estatuída há perto de duas dezenas de anos pela Situação, foi anulada sem motivo justificável, com tanta tristeza para o mencionado estabelecimento de ensino, como prejuízo para os filhos do ultramar, que perderam assim um apropriado ensejo de vir à metrópole para conhecê-la e amá-la mais e alargarem a sua bagagem cultural e científica. Creio firmemente em que não tardará muito tempo que esta prerrogativa volte a ser posta em vigor.
Vozes: - Muito bem, muito bem !
O Orador:-Agradeço reconhecido à Camará o apoio que tão espontânea e calorosamente deu a esta minha patriótica aspiração. Muitos rapazes ultramarinos não escondem a sua imensa mágoa de não poderem visitar a terra de seus pais, de a verem ao natural e com seus próprios olhos e, consequentemente, de virem a querer-lhe mais arreigadamente.
Questão análoga é lícito pôr acerca dos colonos e funcionários com larguíssima permanência transmarina, e que também por falta de possibilidades económicas nunca mais visitarão a metrópole.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:-É evidente que seria estulto pensar em trazer à casa-mãe lusitana todos os jovens nascidos em