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1004 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 164

O Orador: - Há, porém, duas zonas do País de um extraordinário valor turístico onde não chegou o benefício de uma pousada e onde não existe um hotel que sirva de estímulo às visitas de nacionais e estrangeiros aos locais de maior interesse.
Refiro-me, Sr. Presidente, ao distrito de Bragança e à província do Alto Alentejo.
O primeiro aguarda que os portugueses de outras regiões lhe descubram o tesouro das suas imponentes e variadas paisagens, desconhecidas da grande maioria ou deturpadas na imaginação de quantos conhecem apenas a sua existência geográfica.
Bem merecia um hotel a bela e histórica cidade de Bragança ou uma simples pousada junto de Miranda evocadora, à beira do inverosímil, alcantilado e dantesco vale do Douro.
Se o Minho, como o Sr. Deputado Alberto Cruz o chamou, é um pedaço desmembrado do paraíso terreal, o distrito de Bragança é bem uma réplica do monte Sinai, donde dimanou o decálogo das virtudes da raça, monte Sinai não circundado de areais inóspitos, mas de altaneiras e ubérrimas cercanias.
De Moncorvo a Vinhais e de Mirandela a Miranda do Douro, que surpreendente e variegado manancial de perspectivas inéditas!
E não se diga que não há estradas transitáveis. As principais, pelo menos, estão tratadas com carinho e percorrem-se sem fadiga.
Merece entrar na propaganda do turismo nacional, uma vez que se resolva ali o problema hoteleiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esse mesmo problema atingiu uma fase aguda no Alto Alentejo.
Nessa maravilhosa zona do País existe apenas um hotel em Eivas e uma pousada ao lado dessa veneranda cidade. É, porém, de notar que estas duas instalações servem especialmente e com dignidade os viajantes que transpõem a fronteira do Caia.
Em Portalegre e arredores, de maravilhas inesperadas, nem hotel nem pousada.

O Sr. Manuel Lourinho: - Acontece que em Marvão se começou a construir uma pousada, mas era tão ridícula na sua concepção e arquitectura que toda a gente protestou contra isso, e há seguramente dois anos que a obra parou, nada mais se tendo feito de então para cá, estando impraticável a estrada de acesso à vila de Marvão.

O Orador: - Prova de que continua tudo na mesma nessa região.
Em Évora a ausência de um hotel de turismo assume foros de sensacional.
O Hotel Alentejano, que durante vários anos se arrastou como solução precária, teve o destino das iniciativas mal alicerçadas. Até uma infeliz questão de inquilinato serviu para lhe dar o golpe de misericórdia.
Não vale a pena falar das coisas mortas! Vale, sim, a pena salientar a necessidade imperiosa e urgente da construção de um hotel numa cidade que não tem par no rol imenso das nossas formosas urbes.
Passou o tempo do desconhecimento. Hoje são numerosas as caravanas, tornadas por vezes multidões por causas desportivas, que demandam a capital alentejana, ávidas de conhecer e admirar tão rico e numeroso núcleo de belos monumentos e de se embevecer perante o pitoresco das suas praças e arruamentos sinuosos o evocadores.
Mas tudo se passa no regime de turismo-relâmpago, porque as pessoas menos conformistas com o desconforto de pensões e hospedarias modestas desaparecem no próprio dia, sujeitando-se ao longo percurso de regresso com o desagrado de não encontrar hotel que as encorajem a demorar-se o tempo necessário para melhor observação e deleite.
Dir-se-á que se trata de um problema eborense que à cidade compete solucionar.
Em parte assim é. E sei que as entidades locais responsáveis estão envidando os seus melhores esforços para encontrar a solução desejada.
No entanto, sabe-se também que é intenção do Governo elevar a indústria do turismo a um plano nacional e sob essa orientação várias medidas têm sido tomadas e outras estão em curso.
Por isso, sendo Évora um dos mais belos e nobres cartazes do turismo português, de esperar é que o Estado, através dos seus organismos competentes, especialmente do Secretariado da Informação, chame a si com urgência a parte - e é a maior - que lhe pertence na resolução do problema do hotel de turismo na cidade-museu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Está à frente do Secretariado da Informação um alentejano muito ilustre, antigo ornamento desta Camará, que, estou certo, contribuirá com a sua decisiva intervenção para que Évora tenha finalmente o seu hotel de turismo e termine uma situação perniciosa e de descrédito perante nacionais e estrangeiros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O caso actual não é apenas de vergonha eborense, é também de vergonha nacional.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Salvador Teixeira: - Sr. Presidente: pedi a palavra a V. Ex.ª simplesmente para sublinhar as frases que aqui proferiu o Sr. Deputado Bartolomeu Gromicho de louvor às terras que tenho a honra de representar nesta Câmara.
E não quero deixar de também fazer um apelo à iniciativa particular para que desenvolva o seu interesse no sentido a que o Sr. Deputado Bartolomeu Gromicho acaba de referir-se, de forma a permitir aos turistas deslocarem-se pelas tão lindas e convidativas regiões de Trás-os-Montes e nelas encontrarem as instalações apropriadas para seu descanso e requintado deleite; e ao Secretariado Nacional da Informação e Ministério das Obras Públicas, para que descubram finalmente aquela região para o fim apontado.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Gaspar Ferreira: - Sr. Presidente: de há muito tempo, de há largos anos, que se vem manifestando e acentuando um estado de funda perturbação e de desagradáveis desentendimentos entre o Estado, como administrador do domínio público marítimo, e os particulares possuidores de terrenos confinantes com a ria de Aveiro. E evidente que, da parte dos particulares, os ressentimentos resultantes de tal desacordo manifestam-se para com as autoridades locais que exercem jurisdição ou fiscalização nas áreas pertencentes ao domínio público marítimo.
Por isso as queixas, as más vontades contra essas entidades multiplicam-se sem razão, tendo muito do desagradável.