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20 DE NOVEMBRO DE 1952 l5

nistro das Finanças, o que deve, na verdade, a todo o Governo.
Mas, como em Lourenço Marques, este ilustre estadista disse a propósito do Plano:

Quem trabalhou acima e mais, quem coordenou, disciplinou, reviu, mandou suprir, mandou fazer de novo e corrigir e fez pelo seu punho foi S. Ex.ª o Presidente do Conselho.

Do alto desta tribuna, que, por instantes, tenho a honra do ocupar, presto rendidas homenagens ao Chefe do Governo, Prof. António de Oliveira Salazar. fazendo votos sinceros para que Deus o conserve durante muitos anos e sempre com saúde vigorosa, na direcção suprema dos negócios do Estado e da política nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: não obstante as magnificências do Plano, que tentei assinalar, parece-me, contudo, haver alguma coisa a acrescentar-lhe.
Com efeito, em nenhum lugar do seu texto vejo referência à indústria do turismo, e creio bem que esta importantíssima actividade merecia ser tratada num capítulo próprio, dentro do Plano, e dotada em condições de poder atingir o nível que possui em outros países, que à custa dela têm realizado o equilíbrio económico e financeiro em que se mantêm.
É hoje verdade assaz divulgada que o turismo constitui uma das mais valiosas fontes de riqueza dum país, uma vez que este possua os atractivos, as seduções bastantes para agradar aos que viajam.
Evidentemente que o nosso país dispõe desses atractivos e seduções na Arte e na Natureza.
Coimbra, Évora, a Batalha, Alcobaça, Tomar, a Torre de Belém, os Jerónimos, a Sé do Funchal, os nossos primitivos e essa mão-cheia de magníficos quadros das escolas portuguesa e flamenga que fazem desta cidade do Funchal um dos mais célebres centros nacionais de pintura dos séculos XV e XVI.
As paisagens bucólicas, policromadas, lindíssimas do Minho, vigorosas e belas de Trás-os-Montes os encantadores panoramas do Douro e da Estremadura, o espectáculo sério o majestoso, monumental, da Beira, a grandeza do Alentejo, esse jardim ébrio de sonho e de luz que é o Algarve, o estuário do Tejo, aliciante, as formosas praias que o Oceano embutiu ao longo das nossas extensas costas, os Açores, com os seus lagos maravilhosos e «caldeiras que comunicam com as entranhas do Mundo», no dizer dum micaelense distinto, enfim, a Madeira, síntese e sublimação, de todas estas graças que nos foram doadas pelo Criador.
Temos uma matéria-prima incomparável para fascinar e prender quem quer que a contemple.
O que se impõe, urgentemente, é torná-la bastante conhecida e lembrada, tirar dela todas as vantagens.
Neste aspecto somos ainda muito ignorados lá fora. E mesmo aqueles que nos visitam regressam aos seus países, frequentemente, sem terem tomado conhecimento capaz das nossas belezas naturais e artísticas, devido a uma propaganda insuficiente e a uma precária organização de transportes e instalações.
Os hotéis em quantidade bastante e de qualidade aceitável são uma condição primária, condição sine qua non, do turismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois a verdade é que temos poucos e a maior parte não satisfaz, não corresponde ao sentido actual de comodidade, torna pouco agradável a estada dos estrangeiros em Portugal.
Há sem dúvida, meritórias iniciativas, esforços particulares apreciáveis, mas não chega. Dum modo geral as boas vontades falecem por falta de recursos.
Impõe-se um socorro activo e constante do Estado que estimule e proporcione uma evolução rápida e completa do turismo nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em toda a parte, hoje, os Governos esforçam-se por tornar conhecidas e acessíveis as belezas dos seus países, fazendo grandes sacrifícios financeiros para atrair os viajantes, estabelecer correntes do turistas, que nas suas visitas deixam ficar punhados de ouro.
Em França foi criada uma comissão de modernização de turismo, que iniciou em 1940 um plano de modernização e equipamento, no qual o Estado já comparticipou com mais de dois milhões de contos.
Nos serviços de propaganda e publicidade despendeu 57:000 contos. Nestes mesmos serviços a Itália gastou igual quantia.
A Espanha e a Suíça também destinam verbas enormes ao turismo. Em Portugal, na propaganda e publicidade gastámos no ano de 1952 1:970 contos.
Pois, apesar do nosso atraso, das nossas graves deficiências de organização e de acção em matéria de turismo, recebemos o ano passado por esta via 400:000 contos.
Estas ligeiras considerações e elementos sumàriamente apontados permitem-nos fazer prever, seguramente, que duma modernização da indústria turística portuguesa, duma propaganda bem dirigida e feita em grande escala obteremos rendimentos incalculáveis.
Possuímos um departamento capaz de orientar essa propaganda - o Secretariado Nacional da Informação -, dirigido por personalidade de alto valor e competência, rodeado de colaboradores admiráveis.
É indispensável que a esse departamento sejam concedidos os meios necessários e suficientes para que a missão que lhe incumbe possa ser plenamente cumprida.
Eu dou o meu voto, Sr. Presidente, para que no Plano seja incluída uma disposição pela qual seja possível o turismo nacional sair, de uma vez para sempre, da apagada e vil tristeza em que rasteja.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: como madeirense e Deputado pelo Funchal devo um agradecimento muito caloroso ao Governo pelo que no Plano se prevê em favor deste distrito.
Quando falo de benefícios para a Madeira concedidos pelo Governo é sobretudo a figura digníssima do Sr. Presidente do Conselho que surge diante de mim.
Lá, na ilha famosa, ninguém ignora o que se lhe deve.
Sabemos que, se não tivemos uma crise terrível durante a guerra, isso foi sobretudo obra sua, promovendo e facilitando a fixação dos gibraltinos no Funchal, que, até ao fim do conflito, encheram os hotéis, proporcionando, numa terra onde o turismo é indústria, de suprema importância, um amparo substancial à sua economia e constituindo o suporte, uma defesa eficaz de inúmeras e modestas actividades que do turismo vivem.
Sabemos que agiu directamente para que se iniciassem as obras da rede complementar das estradas da Madeira e as dos aproveitamentos hidráulicos, dentro dos objectivos da de Reconstituirão Económica.