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29 DE NOVEMBRO DE 1952 17

modo a poder funcionar como porto de recurso, o substituto, em qualquer eventualidade dramática, dos portos do continente, devendo para este efeito possuir a vastidão necessária ao abrigo, protecção e abastecimento de uma grande quantidade de barcos.
O Governo tem resolvido acertadamente os grandes problemas da Madeira a que tem prestado a sua atenção.
Estou certo de que o problema máximo da ilha, que é o do porto, será solucionado da melhor forma.
O meu voto é por quo no Funchal se fará o «porto grande», como ali se diz popularmente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esquecia-me de referir um outro importante problema da Madeira, que tem a sua solução dentro do Plano e para o qual são destinados cerca de 30:000 contos: o do repovoamento florestal.
Não posso deixar de, em nome dos madeirenses, agradecer ao Governo mais este grande benefício que a Madeira recebe.
Julgo, Sr. Presidente, que talvez na ordem desta notável realização só pudesse incluir, pelas suas afinidades, uma outra de importância excepcional qual é a da instalação dum jardim e dum centro de estudos botânicos no Funchal, o que já uma vez sugeri e pedi nesta Câmara, sugestão que teve o melhor acolhimento no espírito de alguns membros do Governo.
Para se sublinhar o alto interesse de que se reveste esta ideia, interesse nacional e interesse mundial, limito-me a repetir, em breve resumo e tradução livre, o que me escreveu um sábio naturalista estrangeiro, quando, em Março de 1950, defendi nesta tribuna esta mesma ideia, escudando-me numa douta exposição do ilustre Deputado Prof. Sousa, da Câmara.
Dizia-me esse amigo da ciência e de Portugal: em nenhuma parte da Terra só encontra região que se compare à do arquipélago da Madeira, não só para a instalação de um jardim botânico mas também de um centro de investigação botânica.
A Madeira é um grande laboratório ao ar livre, completam ente dotado com as condições adequadas à investigação e experimentação de todos os diferentes tipos do reino vegetal.
A Madeira é o lugar do Mundo que comporta, em espaço relativamente pequeno e acessível, a maior e mais variada colecção de plantas.
Contemporaneamente, o estudo da Botânica, além do interesse puramente científico, tem uma grande importância para a vida económica, pois o reino vegetal constitui um imenso jazigo dinâmico de matérias-primas que nunca se esgota e sempre se renova. Toda a vida humana e animal directa ou indirectamente depende da planta.
São as modernas ciências botânicas que forjam e oferecem as chaves para abrir as portas da Natureza e pôr ao serviço da humanidade as espantosas riquezas vegetais até agora só fragmentàriamente aproveitadas.
Além disso, o jardim botânico, a fundar-se, seria um grande atractivo turístico, pois, desde as plantas bizarras e estranhamente belas da Austrália, desde as formas elegantes e monstruosas da África Meridional e de Madagáscar, até à soberba, fresca e abundante vegetação do Himalaia, Birmânia, Sudoeste Sino-japonês, desde as variadíssimas associações dos Andes, entre o México e o Chile, com toda a riqueza de formas, até à, magnificência, tropical das selvas do Amazonas, da Guiné, do Congo e das índias, tudo isto pode existir na Madeira, ser ali exposto com facilidade e comodidade aos olhos de milhares de Europeus e Americanos.
Tudo isto poderia encontrar o visitante a distância relativamente pequena do seu país sem o medo das tribos ou animais ferozes, das doenças perniciosas, sentindo-se num ambiente cheio do sonho e do mistério das viagens e lugares longínquos.
A Madeira possui o monopólio natural de deixar crescer ao ar livre a maior e, sobretudo, a mais interessante parte da vegetação de todo o nosso globo, o que a predestina para ser o centro mundial de todos os estudos botânicos.
Penso que seria agora o momento oportuno de se iniciar esta obra de tão grande interesse prático e espiritual que muito acrescentaria e elevaria o nosso prestígio no Mundo (na Terra).

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: termino renovando as minhas homenagens ao Governo e, especialmente, ao seu Chefe, Sr. Dr. António de Oliveira Salazar, de quem os Madeirenses reconhecidos esperam continuar a receber bens e justiça.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão, mas antes de o fazer submeto à apreciação da Assembleia um pedido de autorização do 3.º juízo cível da comarca de Lisboa para que o Sr. Deputado Mendes Correia possa, depor naquele tribunal amanhã, pelas 16 horas.
Trata-se de um assunto urgente, e por isso o submeto à consideração da Assembleia antes de encerrar a sessão.

Consultada a Assembleia, esta autorizou o Sr. Deputado Mendes Correia a depor amanhã no 3.º juízo cível da comarca de Lisboa.

O Sr. Presidente: - A próxima sessão será na terça-feira, dia 2 de Dezembro, à hora regimental, com a mesma ordem do dia.
Convoco para terça-feira próxima, às 14 horas e 30 minutos, a Comissão de Política e Administração Geral o Local.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 50 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Cruz.
Carlos Monteiro do Amaral Neto.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
José Luís da Silva Dias.
José dos Santos Bessa.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
Américo Cortês Pinto.
António de Almeida.
António Bartolomeu Gromicho.
António Calheiros Lopes.
António de Sousa da Câmara.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho
Augusto César Cerqueira Gomes.
Avelino de Sousa Campos.
Carlos de Azevedo Mendes.
Diogo Pacheco de Amorim.
Henrique dos Santos Tenreiro.
Jaime Joaquim Pimenta Prezado.
Jerónimo Salvador Constantino Sócrates da Costa.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.