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20 DE DEZEMBRO DE 1952 455

são pertença de todos, ao passo que outros pertencem a agrupamentos particulares.
Nas religiões doutrinais, como o cristianismo, a aceitação de um credo, mesmo rudimentar que seja, liga o homem, a título de membro, ao corpo dos crentes.
Não é assim no hinduísmo. Pode um indivíduo aceitar a doutrina e as práticas religiosas do hinduísmo, mas nem por isso ele se tornará hindu. É preciso nascer nesse regime social, que, pelo simples facto de ser um regime de castas, nenhum lugar tem para oferecer a quem não é hindu.
A casta ó assim uma instituição fundamental, incompatível com o progresso social que os espíritos mais esclarecidos do Indostão se esforçam por promover.
Por isso Gandhi, o grande leader nacionalista que foi da índia, se pronunciou contra o regime das castas.
Mas, muito tantes de Gandhi, outros valores morais e mentais da índia, da estirpe de Mohim Koy, Deven-dranath Tagore, Chuiider Sen e seus discípulos, chamados os construtores da unidade religiosa e social e fundadores do Brahmosamag, não só combateram a instituição da casta, como reconheceram que não era possível lutar pela regeneração social da índia sem se apoiarem na Europa, na medida em que esta é propagadora da igualdade humana, que o cristianismo ensina.
Foi esta nova era aberta pelo Brahmosamag na história espiritual da índia que, sob o novo poder social do industrialismo e da democracia, a transformou em um Estado parlamentar, soberano e independente, com toda a aparelhagem política do Ocidente, de assembleias, votos e declarações de princípios.
Ora a democracia, Sr. Presidente, é o produto de uma cultura, que para os Portugueses tem um sentido e uma direcção: o sentido e a direcção que dá a lição viva de S. Francisco Xavier, como doutamente afirmou o Sr. Ministro da Justiça, Prof. Cavaleiro de Ferreira, no Instituto Vasco da Gama, da cidade de Goa.
A associação denominada Brahmosamag, a que me referi, combateu o sati, isto é, a pira das viúvas. Mas, para isso, fez apelo às verdades do direito natural que o homem pode teoricamente descobrir pela sua razão.
Mas séculos antes os Portugueses tinham feito mais, pois não se limitaram a combater o bárbaro costume, com prelecções filosóficas, antes o estirparam da sociedade que modelaram em Goa.
Não tiveram de fazer, para isso, apelo à razão para descobrir as verdades do direito natural, visto que, revelados por Cristo, os armava de força moral bastante para professá-las sem hesitações e praticá-las sem desfalecimentos.
No universalismo da sua fé, apoiados em Cristo, único fundamento inquebrantável de toda a empresa humana, não só reprimiram o bárbaro sati, mas, abrindo as portas das suas instituições a todo o ser humano, os Portugueses foram os primeiros que fizeram passar a carta do plano das instituições jurídicas obrigatórias ao plano meramente de usos sociais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-E deste modo o próprio espírito do cristianismo, suprimindo distancias sociais entre hindus e cristãos, reuniu a todos numa só sociedade, sob a bandeira portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-É uma das lições das comemorações do 4.º centenário da morte de S. Francisco Xavier, em tão boa hora concebidas e realizadas pelo llev.1110 Patriarca das índias, D. José da Costa Nunes, a quem presto a minha sincera homenagem.
Além disto as mesmas comemorações revelaram ao Mundo a verdade, proclamada pelo Ex.mo Cardeal Patriarca de Lisboa, de que Xavier podia ter sido um grande santo, mas não teria sido nunca o prodigioso apóstolo da milenária Ásia sem Portugal.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Silva Dias: - Sr. Presidente: no próximo consistório secreto de .12 de Janeiro de 1953, S. S. o Papa Pio XII lignar-se-á elevar u sagrada púrpura vinte e quatro novos cardeais, escolhidos de entre as mais relevantes figuras de hierarquia da Igreja Católica.
Parecerá estranho, à primeira vista, que um assunto tão transcendente à actividade política se possa prestar a uma intervenção nesta Assembleia.
Mas eu vou precisar o meu propósito, que, além tio similar, como ó devido, Mons. Pietra Ciiïacci, Núncio Apostólico em Lisboa, pela tradicional escolha com que o distinguiu o Santo Padre, é o de sublinhar o especial {significado .da elevação ao cardinalato de Mons. Siepinac, actual arcebispo de Zagreb, na Jugoslávia, o Mons. Wysxinski, arcebispo de Varsóvia, na Polónia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Tanto um como outro representam na, parte da Europa assolada por uma nova barbárie o espírito que arrancou o homem ao mundo dos mitos e superstições, para o tornar consciente da sua dignidade humana e do seu destino sobrenatural.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Um e outro são fortalezas vivas, intrépidas e heróicas da doutrina que nos iluminou a alma e que pula Fé esclareceu a Taxao, pela graça perfex a natureza e pula Caridade uniu todos os homens como irmãos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim como a Polónia foi, no mundo antigo, uma das marcas ida Europa cristianizada, contra a movediça e assoladora anarquia dos bárbaros, assim também, de forma análoga, essa muralha emerge hoje das hordas que a cercam e parecem afogá-la, na vontade de resistência até ao martírio dos que nuo renegaram a Fé e só encontram agrupados em redor do seu pastor, o cardeal Wyszinski.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -. Também na Jugoslávia em aprendiz do Moscovo, com a raxíïn e o sentimento deformados na escola do ateísmo, pretendeu desacreditar, desonrar u fazer julgar criminosamente cuido traidor ao seu povo e à pátria a figura excelsa e magnífica do arcebispo desgarrei. Mas nem os insultos, as infâmias, as coacções, a condenação ou a prisão conseguiram vergar esse homem forte e justo - o cardeal Stepinac.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Comove-nos saber o que já sofreram e pelo que continuam a sofrer ...

Vozes: - Muito bem, muito bom!