O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 DE FEVEREIRO DE 1953 563

sempre que se pretende solucionar o grande problema nacional da colonização agrícola dirigida.
Se a sua obra de colonização europeia fracassou, como alguns fazem crer, então devemos dizer que foi apenas aparentemente, porque, apesar de não se lhe ter dado continuidade, ela deixou directrizes seguras traçadas pela mão firme de quem tinha conhecimento verdadeiro do grande problema nacional e com boa visão o procurou resolver.
Só porque as condições dessa época, na província de Angola, eram de desânimo e pessimismo, não pôde haver continuidade na realização de tão grande empreendimento nem se colheram os resultados previstos; mas ficou indicado pelo seu alto-comissário Vicente Ferreira o verdadeiro caminho a seguir. Era péssima a situação financeira e económica de Angola.
O Estado Novo veio encontrar a administração das províncias ultramarinas sem contas do gerência e de exercício, sem equilíbrio orçamental, sem numerário suficiente para cobrir os encargos normais.
Tudo se tem transformado radicalmente, mercê de Salazar e dos seus óptimos colaboradores.
E foi assim preciso que decorressem vinte o cinco anos para que o Decreto-Lei n.º 38 704, de 29 de Março de 1952, e o Plano de Fomento de 1953 viessem prestar justiça ao grande colonialista que foi o engenheiro Vicente Ferreira, pondo em prática, com todas as cautelas, a sua ideia sobre colonização agrícola dirigida.
Que tranquilidade ele deveria ter sentido com a publicação destes diplomas!
Deus não o quis chamar à sua presença antes de lhe ter dado tão grande alegria em recompensa dos trabalhos e desgostos sofridos por tão nobre e patriótica causa.
Vicente Ferreira era um verdadeiro homem em toda a acepção da palavra, o por isso mesmo foi combatido, lutou, teve opositores e adeptos; mas nem desanimou nem se exaltou.
Foi sempre o mesmo homem: calmo, modesto, rijo, prestável, estudioso e trabalhador infatigável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A necessidade imperiosa da ocupação étnica do Sul de Angola foi uma das suas maiores preocupações.
No seu conhecido trabalho A Capital de Angola lêem-se os seguintes períodos, que traduzem bem as suas apreensões e a sua maneira de solucionar quanto antes um problema nacional da maior importância:

Procuram também os emigrantes doutras nações - boers, alemães, italianos, gregos, eslavos e judeus- estabelecer-se nas zonas salubres de Angola, preferindo as terras altas e de clima temperado do Sul.
Estes três elementos - empresas, capitais e colonos - são factores activos de influência política e do desnacionalização.
Para lhes temperar a actividade e contrabater as veleidades de absorção do elemento português, todos reconhecem que é indispensável estabelecer nesta zona de concorrência internacional um forte núcleo de população portuguesa e centro de irradiação de influência política nacional.

Foi assim que o engenheiro Vicente Ferreira nos advertiu do perigo e nos indicou a melhor maneira de o evitar.
Pois, Sr. Presidente, apesar de ainda hoje haver opositores ao grandioso empreendimento da colonização agrícola dirigida no Sul de Angola, e de alguns não quererem reconhecer a urgência que há na realização, naquela zona, das obras adequadas à colonização europeia, eu entendo dever dizer que o Governo de Salazar avisadamente andou ao optar pela opinião sensata e lógica do engenheiro Vicente Ferreira quando resolveu incluir no Plano de Fomento grandes obras do fomento e povoamento.
Vicente Ferreira era homem de larga visão e entendia que à volta do problema da fixação de colonos metropolitanos em Angola gravitam os restantes problemas desta grande e próspera província ultramarina.
Quando alto-comissário, realizou em Angola unia obra que teve a maior projecção no actual desenvolvimento daquela província.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi por sua influencia, como já tive oportunidade de dizer à Assembleia Nacional na sessão de 14 de Novembro findo, que o comandante João Belo, então Ministro das Colónias, modificou o regime bancário de Angola.
E tanto assim foi que, em 1951, quando das comemorações do 25.º aniversário do Banco de Angola, o engenheiro Vicente Ferreira foi alvo de uma expressiva e justa homenagem por motivo dos esforços que despendeu para a criação daquele organismo bancário.
Ao estudo dos problemas bancários e da moeda também dedicou o Prof. Vicente Ferreira a sua inteligência e a sua actividade.
Publicou em 1924 O Sistema Monetário e Bancário das Colónias Portuguesas e em 1927 O Sistema Monetário de Angola.
A sua permanente e incansável actividade permitiu-lhe publicar vários trabalhos de engenharia e relativos às matérias da cadeira de que foi professor, como Caminho de Rolamento das Pontes Girantes, 1912: Pontes Funiculares Improvisadas, 1912; As Pontes Metálicas, 1914; mas a sua predilecção foi sem dúvida o estudo de problemas do ultramar, e assim publicou A Capital de Angola, 1933: Dois Problemas da Geografia de Angola, 1934; Critérios Gerais para a Reforma das Plantas Coloniais, 1936, e várias conferências.
Destas citarei A Política Colonial Portuguesa em Angola, 1932, conferência que foi realizada na Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra em 20 de Maio de 1932, na qual o Prof. engenheiro Vicente Ferreira deu unia das suas melhores lições e que fora dedicada aos alunos universitários do curso de Geografia Colonial e versara principalmente sobre o significado e importância da nossa colonização branca, na província de Angola.
A reconhecida competência técnica do coronel e engenheiro Vicente Ferreira foi aproveitada pelo Governo de Salazar na representação de Portugal nos Congressos Internacionais de Caminhos de Ferro - no Cairo em 1933, em Paris em 1937 e em Roma no ano de 1938 - e no Congresso para o Progresso das Ciências, realizado no Porto em 1942.
Mas já anteriormente ao Estado Novo representara o nosso país no Congresso Internacional de Caminhos de Ferro realizado em Londres em 1925.
Pelos seus altos merecimentos fora escolhido pelo Ministro das Colónias Dr. Francisco Machado para presidir à 4.ª e à 5.ª comissões da I Conferência Económica do Império Colonial Português, onde desenvolveu uma acção digna do maior apreço.
A sua competência foi bem aproveitada pelo Governo do Estado Novo e ele correspondeu sempre a tudo que se lhe pedia, sem manifestar cansaço nem desfalecimento, apesar de suportar o sofrimento da doença que durante muitos anos o perseguiu.
Trabalhou até aos últimos momentos da sua vida.
Nos derradeiros dias da sua existência ainda trabalhou no parecer da Câmara Corporativa sobre o projecto