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4 DE FEVEREIRO DE 1953 565

quarto império, que ocupamos no Mundo e compreende 2 172 500 km2 dispersos pela Europa, Ásia, África e Oceânia; e, depois de dizer que nos últimos sessenta ou setenta anos fizemos uma obra imensa de ocupação e assimilação, com trabalhos e sofrimentos sem conta, suportando os pioneiros do nosso nome as fadigas mais duras, como se fossem insensíveis às privações, pacientes na adversidade, calmos, corajosos e simples nos perigos, afirmou que os resultados dessa obra constituem o orgulho das últimas gerações.
E, prestando homenagem a muitos dos que fizeram o império de hoje e já tinham desaparecido na sombra da morte, citou Sá da Bandeira, Serpa Pinto, Capelo, Ivens, Mouzinho, Enes, Orneias, Andrade, Caldas Xavier, Augusto de Castilho, Eduarda Costa, Júlio de Paiva, Roçadas, Pereira de Eça, João Belo e, dizendo haver muitos outros, passou a referir-se a alguns daqueles que ainda estavam vivos e a nosso lado, conservando bem clara a chama do espírito colonial português.
No número dos vivos, em 1931, citou então Gago Coutinho, Paiva Couceiro, Garcia Rosado, João Coutinho, João de Almeida, Eduardo Marques e Vicente Ferreira.
Diante de numerosos coloniais estrangeiros o ilustre Ministro das Colónias de Portugal Prof. Armindo Monteiro indicou ao Mundo o nome de Vicente Ferreira como um dos nossos maiores obreiros do ultramar e como exemplo do nosso orgulho de bem servir Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Haja, portanto, muito tempo que o nome de Vicente Ferreira figura, por direito próprio, na galeria dos grandes portugueses do ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não foi a morte que o elevou àquela alta culminância nacional. Foram os seus méritos e a sua obra.
Lamentando a perda do português tão ilustre, que não conhecia a fadiga quando servia a Pátria, presto à sua memória a minha respeitosa homenagem.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Lopes Alves: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: mim dos dias da semana passada fomos penosamente informados de que tinha falecido o Sr. Engenheiro Vicente Ferreira.
Tenho, por isso, um dever a cumprir nesta Assembleia, em nome de Angola, por ser um dos Deputados que a representam e por se dar a circunstância de, durante longos anos, ter servido o País em várias situações, quer sob as suas ordens, quer sob a sua orientação, sempre sábia e distinta.
É certo que a memória do seu nome - de grande português -, a recordação do altíssimo valor de todos os serviços que ao País prestou, o sentimento de profunda mágoa pelo desaparecimento da sua inteligência brilhantíssima, do vasto saber que possuía, das manifestações do seu carácter modelarmente íntegro e da força do seu patriotismo - transparente em cada um dos actos de toda uma vida de valimento e esforço - se situam num plano em que pertencem, não a uma província ou a um sector restrito, mas a toda a Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todavia, dá-se também a circunstância - tem disso a certeza todos os que conhecem a vida do ultramar - de terem sido sempre colocados os assuntos de Angola entre aqueles que móis o interessaram, que tratou com maior dedicação e que - na sensibilidade requintada do seu temperamento - mais carinhosamente considerou.
A gente de Angola - empenhada na construção de um grande património nacional, exaltada na concepção de um sentimento pátrio que se torna mais vivo e se acrescenta pela separação e pela distância - não esquece os grandes vultos com a estatura de Vicente Ferreira, cujos nomes se gravam e perduram, entre os de maior porte, na lista de valores da sua longa história.
Todos fomos discípulos do Prof. Vicente Ferreira; todos admirámos e tomámos por molde a sua escrupulosa probidade mental, o exaustivo entendimento com que encarava todas as questões sujeitas ao seu estudo, a elegância da forma, a objectividade dos conceitos, o cunho pessoal incomparável e o impressionante rigor de conclusões que reluziam como timbre e marca de quilate em todo o primor dos seus trabalhos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi ele muitas coisas nesta nossa terra: professor distintíssimo da escola de engenharia com que se honra a cidade de Lisboa, esclarecido Ministro, valiosíssimo elemento da Câmara Corporativa e do Conselho do Ultramar. Chegou a muitos outros campos o vigor extraordinário da sua actividade sempre moca. E deixou de trabalhar quando fechou os olhos, na altura em que entregou ao seu País um último tributo da sua inteligência fulgurante - como se não pudesse despedir-se sem que a força do espírito vencesse até ao fim a doença e a dor, para saber cumprir o seu dever até chegar o último momento.
Foi grande em tudo. A mim cabe-me lembrá-lo pelo que foi em África, como alto-comissário da província de Angola. Como tal, entre os portugueses que vivem naquela nossa terra, é certo que desapareceu para sempre o poder confortante da sua prestigiosa presença, mas o brilho do seu espírito fica como uma lição - como um afecto, um modelo, uma saudade e um incitamento.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: peco a V. Ex.ª vénia para propor que fique consignada na acta da sessão uma expressão de profundo pesar pelo desaparecimento de quem foi em vida um grande português: o Prof. António Vicente Ferreira.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Simões Crespo: - Sr. Presidente: por motivos de saúde tenho estado estes dias afastado dos trabalhos da Assembleia, sem o que já teria pedido a V. Ex.ª a palavra para me ocupar, nesta Casa, da pessoa do Prof. Vicente Ferreira, que a morte nos roubou.
Já se referiram hoje ,à brilhante personalidade de Vicente Ferreira, apreciando-o com o louvor que merece, em palavras sentidas e estilo elevado, ao nível das altas qualidades do homenageado, os ilustres Deputados Vaz Monteiro e comandante Lopes Alves.
Nesta Assembleia foi por estes ilustres Deputados lembrada a figura de Vicente Ferreira como político e como colonialista, e a sua obra na Câmara Corporativa