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866 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 217

Ora, se os árbitros forem competentes e justos, se os jogadores conhecerem bem as regras do jogo, se as noções de moral lhes permitirem revelar em campo a sua generosidade e a sua disciplina, se tiverem sido fisicamente bem preparados, mediante ginástica de formação, tudo se passará nos rectângulos de jogo com aprumo, galhardia e autodomínio, que servirão de exemplo e educarão o próprio público.
O espectáculo desportivo revestirá aquele semblante próprio para reforçar as qualidades viris e de carácter de quem pratica o desporto e constituirá para o público uma distracção das mais higiénicas e úteis, como factor de descarga nervosa.
Para se conseguir tudo isto são necessários dirigentes adequados.
Que não é impossível tê-los prova-o a Associação de Futebol de Coimbra, que, mercê da acção elevada do seu presidente, instituiu este ano escolas de preparação moral e física de jogadores de futebol, com aulas semanais de ginástica, técnica, moral e arbitragem, regidas por professores competentes e cônscios das suas responsabilidade s, todos eles técnicos ou em situação de poderem actuar com perfeito conhecimento de causa.
Todos os jogadores de futebol de Coimbra, de todos os clubes, ficarão assim em condições físicas, psíquicas e morais de se elevarem, a ponto de, para se respeitarem a si próprios, se tornarem incapazes de fazer da luta desportiva uma escola de indisciplina, violência ou vaidade.
E, porque a Associação de Futebol de Coimbra soube colocar-se à altura da sua missão, já outras organizações pensam em seguir-lhe o exemplo.
Que numa reorganização da educação física nacional estes problemas não tenham sido considerados isso prova que se esperava do funcionamento dos novos organismos a criar o esquema de realizações oportunas e necessárias.
Muito já se fez, muito resta fazer ainda. Criaram-se a Mocidade Portuguesa e o Instituto Nacional de Educação Física, introduziram-se os desportos na F. N. A. T., entraram em acção os centros de medicina desportiva, com a fiscalização médica dos jogadores, devendo esta tornar-se mais intensa, mais profícua, em especial na província, onde um simples atestado de médico não especializado em questões desportivas não deve bastar para acreditar como bons postulantes a jogadores pessoas a quem faltam determinadas condições atléticas para a prática do desporto que escolheram.
Valorize-se o que temos de bom, que é muito; melhore-se, corrija-se e amplie-se a acção educativa na Mocidade Portuguesa e nas agremiações desportivas; mas, sobretudo, unifique-se e simplifique-se, fugindo da dispersão, que só tem criado desentendimentos e desenvolvido o espírito de facção, opondo-se a um dinamismo, que só pode existir se for uno e convergente.
Antes de terminar desejo sublinhar serem estes meus apontamentos e estas minhas críticas uma manifestação do desejo de servir uma ideia superior, que merece nos debrucemos com impaciência sobre as realizações que esperamos.
Sinto que neste momento se pode perder ou ganhar a batalha.
Não falei por prazer de falar, mas também não me senti constrangido, pois a minha consciência impunha trouxesse aqui os pontos de vista susceptíveis de servirem de modesto subsídio na resolução de um problema tão importante como ó o do desenvolvimento físico da nossa raça.
Mesmo inúteis, por não prestarem, eles têm ao menos o mérito de provirem do entusiasmo que compartilho com todos aqueles que querem um Portugal melhor.
Como funcionário, acato respeitosamente as disposições legais; como chefe de família, tenho o direito de reclamar contra o que nelas me pareça haver de prejudicial à preparação para a vida de meus filhos; como Deputado, tenho o dever de registar o que me parecer imperfeito ou inadequado, mas ponho sempre a nota da compreensão da boa vontade de quem governa neste tão difícil sector da vida nacional.
Se, por exemplo, a Organização Nacional Mocidade Portuguesa foi criada para educar integralmente os nossos rapazes e as nossas raparigas, então que tome conta a valer dessa missão, em seu tríplice aspecto moral, psíquico e físico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só associados estes três factores poderão conduzir dos princípios que lhe deram vida às realidades dignificadoras de que são responsáveis os seus dirigentes.
Mas a estes têm de ser conferidos os meios apropriados aos altos fins que a pátria de Nuno Álvares e de D. Henrique espera da actual juventude portuguesa, sobre os ombros da qual há-de um dia recair a responsabilidade de não deixar perder a herança de Salazar.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai ler-se a proposta de aditamento à base m da proposta do Governo, enviada para a Mesa pelo Sr. Deputado Moura Relvas.
Foi lida. É a seguinte:

Proponho o seguinte aditamento à base III da proposta do Governo:

Para o que disporá dos órgãos e meios necessários à sua completa eficiência.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
A próxima sessão será na terça-feira, 17, continuando nessa sessão o debate sobre a proposta de lei da reorganização da educação física nacional.
Se houver tempo, entrar-se-á na discussão do projecto de lei dos Srs. Deputados Sá Carneiro e Bustorff da Silva sobre expropriações.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 30 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António Calheiros Lopes.
António Jacinto Ferreira.
António Joaquim Simões Crespo.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
Henrique dos Santos Tenreiro.
Joaquim Dinis da Fonseca.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Paulo Cancela de Abreu.
Teófilo Duarte.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
Alberto Cruz.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Augusto César Cerqueira Gomes.