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4 DE FEVEREIRO DE 1955 511

Conclui-se, pois, que a fixação do preço de venda do álcool a um nível suficientemente elevado tem em vista a defesa da vinicultura e vai também defender a higiene pública.
Ao preço actual das aguardentes vínicas já não é compensadora a mistura do álcool.
O preço do álcool no armazém, em Lisboa, é de 12$25 o litro, que corresponde a $12(9) o grau-litro, e no retalho é de 12$95 o litro, correspondendo a $13(7) o grau-litro.
É de notar que, tendo o preço do vinho descido bastante, chegando a atingir $90 o litro no produtor, na base de 12º, e sendo corrente o preço da aguardente vínica a 3.800$ a pipa de 500 l, a que corresponde o preço do grau-litro de $09(7), não é de temer, presentemente, o desvio do álcool com esta finalidade.
Mas, se, por outro lado, observarmos o consumo do álcool puro, notamos que tem aumentado nos últimos anos duma maneira crescente e verifica-se uma descida na campanha de 1953-1954:


Litros
1948-1949 ............. 3482805
1949-1950 ............. 3416875
1950-1951 ............. 3472120
1951-1952 ............. 3729250
1952-1953 ............. 4247670
1953-1954 ............. 3955315

A que atribuir a diminuição de consumo de álcool puro, de 292 305 l, na campanha 1903-1954? E estranha esta coincidência com a baixa de preço dos vinhos.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Um outro perigo se apresenta. Quero referir-me ao incremento notável que se tem verificado na plantação de figueiras, não só na região de Torres Novas (definida pela Portaria n.º 10 174, de 26 de Agosto de 1942), mas também noutras regiões, designadamente no Alentejo. Deve atribuir-se este interesse pela plantação de figueiras, que assume proporções cada vez maiores, ao preço aliciador do figo, o qual tornou esta cultura remuneradora.
De tal facto não resultaria mal de maior se a indústria do álcool absorvesse toda a aguardente de figo produzida, e até constituía um motivo de prosperidade para estas regiões.
Porém, como o consumo do álcool não acompanha o acréscimo daquela matéria-prima, verificam-se excedentes que se vão acumulando aias fábricas, e, como estas suo obrigadas a receber ao preço tabelado apenas a aguardente da zona de Torres Novas, sucede que ou não compram a aguardente de fora, ou então só a recebem por preços inferiores. Esta descida de preços é perigosamente observada pela vinicultura, pois, à medida que os .preços descem, aproxima-se o perigo de ganharem a vantagem que permita o seu escoamento na mistura com o vinho.
Impõe-se, por isso, uma revisão dos preços e do sistema estabelecido para o figo e a sua aguardente, de forma a ajustar a cultura às reais necessidades da produção e consumo de álcool e de novas aplicações, possivelmente alimentares e forrageiras, dados os excedentes de figo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ë de notar que na colheita de figo de 1954, a maior de que há memória, o tempo correu sempre favorável durante a colheita e a secagem, que se realizou em condições excepcionais, a figo que não foi consumido, em natureza ou seco, tem, necessariamente, de ser destilado.
A grande dispersão destas destilarias torna muito difícil a sua fiscalização. E de aconselhar reduzir o seu número e aumentar a capacidade de laboração por unidade, correspondendo tanto quanto possível à constituição de destilarias cooperativas. Deste modo talvez se encontre o remédio para um dos grandes males de que enferma esta actividade.
Na região de Torres Novas a Junta Nacional do Vinho promoveu a instalação de duas destilarias cooperativas, uma em Alcorochel e outra na Brogueira, que têm produzido bons resultados.
Sr. Presidente: referimos que a vinicultura estima u indústria do álcool porque vê nela a possibilidade de colocação dos seus excedentes vínicos. Para tanto é necessário aumentar o consumo do álcool e ampliar as suas aplicações.
Interessa conhecer as quantidades de álcool que as novas indústrias possam absorver e os preços a que podem adquirir esta matéria-prima. Creio que existe a possibilidade de fomentar novas indústrias que utilizem o álcool como matéria-prima, na medida em que os preços e as quantidades de álcool de que precisem possam ser compensados pela maior cotação do álcool puro e dos preços a que a indústria alcooleira receba as aguardentes de figo, vínicas ou outras.
Podemos concluir, como já o temos afirmado noutras ocasiões, que a solução deve estar na aquisição das aguardentes a preços diferentes, consoante a sua origem, e na venda do álcool a preços variáveis, conforme os seus destinos.
Só no resultado final, da compensação dos vários preços, é que se podem tirar conclusões.
O álcool destinado a fins industriais sofreria unia desnaturação adequada e especial para cada caso, de modo a poder fazer-se uma fácil e eficaz verificação.
Para melhor facilidade de fiscalização, poderia admitir-se a constituição de uma única sociedade distribuidora do álcool, constituída por todos os industriais, dispondo apenas do número de armazéns especiais necessários para o efeito.
Nas soluções tendentes a resolver o problema do álcool concluo do seguinte modo:
Devem ser estabelecidas todas as limitações consideradas necessárias, com o fim de impedir que de qualquer modo a economia do vinho venha a sofrer perturbações desastrosas ou inconvenientes.
Entre estas limitações é fundamental a de o álcool só pode ser vendido ao (público a preço superior ou do equivalente das aguardentes vínicas.
Presentemente tal não sucede, mas até aqui tem sucedido, e os inconvenientes estão à vista.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: na representação dos grémios da lavoura ultimamente apresentada ao Sr. Ministro da Economia é solicitado o «fomento de adegas cooperativas por total financiamento e comparticipação do Estado».
É a primeira vez que a lavoura, em reunião conjunta dos representantes das regiões Vitivinícolas, resolve solicitar ao Governo a criação de adegas cooperativas, medida que considera do maior interesse nacional.
Isto significa que o esforço realizado pela Junta Nacional do Vinho, para demonstrar as vantagens que advêm da existência de adegas cooperativas, correspondeu a uma real necessidade.
Foi pelo exemplo vivo que se tornou possível evidenciar o importante papel das adegas cooperativas na