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590 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 82

pode conter na aguardente nele incorporada cerca de outras duas pipas de vinho inferior. Portanto, quando o Douro exportar uma pipa de vinho do Porto, o Sul pode exportar duas pipas do seu vinho, se for possível voltar a utilizar a sua aguardente.

Sendo assim, não é necessário procurar outros motivos para justificar a estreita colaboração que sempre deve existir entre a viticultura do Norte e a do Sul e se impõe por motivos de ordem económica e social. Podemos afoitamente declarar: unidos, venceremos!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - De resto, a concorrência ruinosa seria inadmissível numa ordem corporativa e não estaria conforme com o seguinte princípio salutar, expresso na encíclica Quadragésimo Ano:

O fim natural da sociedade e da sua acção é coadjuvar os seus membros, não destruí-los nem absorvê-los.

Meus senhores: estou abusando da atenção de VV. Ex.ªs (não apoiados). Vou terminar com um expressivo reparo de Salazar:

Os que, cegamente impelidos pela lógica de seus falsos princípios, quiseram ir até às últimas conclusões montaram a máquina com o espavento dos grandes planos, o rigor aparente da ciência e da melhor técnica; mas o trabalhador livre, o «homem», esse desapareceu, arrastado na colossal engrenagem, sem elasticidade e sem espírito, mobilizados os trabalhadores como máquinas ou transferidos como rebanhos de gado, porque numa região se acabou a erva dos pastos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinho Brandão: - Sr. Presidente: o aviso prévio sobre a crise vinícola do País, apresentado e efectivado pelo ilustre Deputado Sr. Dr. Paulo Cancella de Abreu, tem suscitado o mais vivo interesse a esta Assembleia, como se verifica pelo número de Deputados que têm intervalos no debate; e não só à Assembleia Nacional como ao País, a avaliar pelo desenvolvimento que ao debate parlamentar a imprensa diária lhe vem dando.

O assunto, de resto, é do maior interesse nacional, dado que a maior parte da população Portuguesa labuta na agricultura e sesta exerce papel de relevo a viticultura.

O digno Deputado avisante merece sem dívida felicitações sinceras, não só pela oportunidade da apresentação do aviso prévio, mas ainda pela elevação, profundidade de conhecimentos s larga visão com que tratou o problema vinícola português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por mim, apresento-lhes deste lugar com a mais viva sinceridade; e deve notasse desde já que o simples anúncio do seu aviso prévio teve logo em todos as regiões vinícolas do País, e até naquelas que não são essencialmente vinícolas, a mais larga repercussão e em todas despertou grande interesse.

O próprio Governo, atento ao interesse nacional, anunciou já medidas de vasto alcance tendentes a atenuar a crise vinícola, tendo entrado mesmo no campo das realizações pela publicação dos Decretos n.(tm) 40 030 e 40 037, motivo por que o Sr. Ministro da Economia merece o nosso decidido aplaudo, particularmente no que diz respeito à difusão das adegas cooperativas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A este propósito, Sr. Presidente, desejo lembrar que já, aquando da discussão nesta Assembleia, na passada legislatura, do Plano de Fomento Nacional, alguns Deputados, lamentando que dele não fizesse parte um plano de fomento rural, afirmaram ser urgente e necessária a difusão de adegas cooperativas nas regiões vinícolas do País, preconizando para isso o auxílio e a assistência do Estado.
É que já então era convicção profunda nesta Casa, pelo menos em alguns dos seus membros, que as adegas cooperativas constituíam um dos meios mais eficazes para elevar a qualidade dos nossos vinhos e para evitar, em épocas de abundância excessiva, preços aviltantes ou de miséria.

Urge, pois, promover a extensão da rede das adegas cooperativas, devendo o Estado prestar o auxílio possível à criação das mesmas e a assistência técnica indispensável ao seu funciona incuto e interessar-se para o efeito os grémios da lavoura ou das regiões vitivinícolas. E, porque o Sr. Ministro da Economia, numa larga visão do problema vitivinícola nacional, em afirmações feitas à imprensa diária se declarou resolvido a estabelecer no País uma ampla rede de adegas cooperativas, destinadas porventura a proteger os interesses da pequena lavoura vitivinícola, não posso neste momento deixar de render-lhe as minhas homenagens.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: nesta altura do debate não posso já, certamente, trazer ao conhecimento desta Assembleia factos, sugestões ou problemas novos.
Do assunto se ocuparam já alguns dos melhores elementos desta Câmara, que a ele prestaram a sua cuidadosa atenção e lhe deram o brilho da sua inteligência e da sua palavra, ilustrando e realçando as suas interessantíssimas sugestões com números estatísticos relativos à produção vínica, ao alargamento do plantio da vinha, à exportação do vinho v ao seu consumo interno, em suma, a todos os factos que se relacionam com a produção do consumo do vinho.
 minha intervenção no debate, na qual, pelos motivos expostos, não lançarei mau demasiadamente das estatísticas, não poderá trazer qualquer interesse a esta Assembleia (não apoiados), e sinto, por isso, que somente o largo espírito de compreensão e de tolerância de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e os sentimentos de amizade encontrados nos Srs. Deputados, os quais tenho no maior apreço e estima, me animaram a ocupar hoje esta tribuna.
Sr. Presidente: o desequilíbrio entre a produção, de um lado, e o consumo interno e a exportação, do outro lado, é a causa imediata, como todos sabem, da actual crise vinícola. Crise de abundância a que se chegou por várias causas, suponho eu.
De certeza, uma das causas está no progressivo desenvolvimento da produção vínica, revelada não só através de um longo período de anos, mas ainda e com mais intensidade nas duas últimas colheitas. Mas esta causa não é exclusiva. Outras acrescem, como seja a diminuição da exportação e do consumo interno.

A exportação dos nossos vinhos comuns e generosos tem vindo gradualmente a diminuir de ano para ano. O nosso preciosíssimo vinho do Porto ocupava outrora lugar destacado na nossa exportação, sendo seus priu-