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632 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 84

(...) colocou no seu lugar, elevando-o aos cumes), do Infante, da rainha D. Leonor, dos reis D. Dinis e D. João III, na estátua equestre de D. João IV, no monumento a Cristo-Rei.
A beleza, disse Rodin, é o carácter e a expressão.
Nenhumas outras palavras como estas definem as criaturas de Francisco Franco.
Sr. Presidente: não vou, neste momento, expor um juízo critico sobre o artista e a sua obra imperecível, a emparelhar e mesmo a exceder a dos seus antepassados Machado de Castro e Soares dos Reis.
Não mo consente, além da minha impreparação, o tempo regimental.
Desejo, todavia, que fique no Diário desta Câmara, em termos eloquentes e autorizados, quanto valeu o homem que perdemos e a significação do preciosíssimo legado que nos deixou.
Julgo conseguir este objectivo reproduzindo o que dele afirmou o eminente escritor e professor Reinaldo dos Santos, que, ao discorrer sobre a evolução da escultura em Portugal nos últimos tempos, disse: «todos mais ou menos, conscientemente, derivam do exemplo de Francisco Franco, da elevação do seu ideal, da sua concepção larga e sintética da vida Intima das formas.
A visão construtiva dos volumes e a expressão elevada e longínqua dos olhares surgem duma meditação interior, onde a sensibilidade se recolhe e purifica.
Na história da escultura nacional em quase dois séculos de evolução, da escola de Mafra, donde saiu Machado de Castro, até à geração actual (uma das mais ricas que o nosso espirito plástico gerou), o génio de Francisco Franco sobrevoa e domina as mais belas realizações da arte de esculpir.
Germain Bazin, ilustre conservador do Louvre, considera-o talvez o mais notável escultor da Europa actual; mas, dentro da perspectiva nacional, desde Machado de Castro e acima dele, Franco representa a mais alta expressão do génio plástico português».
Sr. Presidente: em nome duma verdadeira política do espírito, permito-me, com a devida vénia, sugerir ao Sr. Ministro da Educação seja fundado na capital o Museu Francisco Franco, à semelhança do que os franceses fizeram com Rodin, em Paris, reunindo a obra dispersa e os gessos das estátuas monumentais do célebre artista.
Ao mesmo tempo que se prestava uma justa e devida homenagem a Francisco Franco, enriquecia-se Lisboa com uma magnífica escola de beleza.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente:-A Câmara acompanhou -como era seu dever de representante da Nação- as homenagens prestadas pela voz do Sr. Deputado Gastão Figueira à memória do eminente escultor Francisco Franco.
Francisco Franco foi, porventura, depois de Soares dos Reis, a maior culminação da arte escultórica em Portugal. Viveu uma longa vida no culto da beleza, a que a sua arte soube dar as mais brilhantes realizações; e para nós tem particular significado esta nota: é que ele soube aliar no seu espirito ao culto absorvente da beleza o grande culto da Pátria.
Ainda por este motivo a Camará se eleva prestando à memória de Francisco Franco as suas homenagens e abrindo nos seus debates políticos um parêntesis para se inclinar perante um homem que durante a sua vida prestou o mais lídimo culto ao ideal da beleza e ao ideal da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Duarte Silva: - Sr. Presidente: publicaram os jornais do dia 17 do corrente uma nota oficiosa em que se comunica ter sido fixada para o próximo mês de Maio a visita do Chefe do Estado às províncias ultramarinas da Guiné e de Cabo Verde.
Penso, Sr. Presidente, que essa noticia não podia deixar de ter eco nesta Assembleia, e por isso, como Deputado eleito por Cabo Verde, quero manifestar o entusiasmo que vai na alma de todos os habitantes daquela província ultramarina pela realização de tão honrosa visita.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Anunciada em Julho do ano passado, a visita do Chefe do Estado, é desde então aguardada com ansiedade e estou certo de que S. Ex.ª há-de trazer da sua viagem a grata impressão de que os habitantes de Cabo Verde acompanham com o maior interesse e dedicada colaboração a obra do ressurgimento nacional e vivem, consciente e ardorosamente,, a hora sublime do exaltação patriótica e inabalável nacionalismo que vai por todo o território português.

Vozes: - Muito bem I

O Orador:-Seria estulta pretensão da minha parte afirmar que Cabo Verde é, como das outras e dela própria se tem dito, a mais portuguesa das províncias do ultramar. Pura flor de retórica, essa expressão é, a meu ver, inteiramente infundada: todas são igualmente portuguesas - pela sua formação, pela sua história o pelo seu sentir.
O que posso afirmar categoricamente, e com inteira convicção, é que o Cabo-Verdiano possui em elevado grau o sentimento da dignidade nacional e proclama sempre orgulhosamente a sua qualidade de português.
Em contacto permanente com estrangeiros, vivendo por vezes longos anos nos países mais adiantados, o Cabo-Verdiano nunca se deixa seduzir pelos esplendores do progresso material nem pelo deslumbrante poderio das outras nações; conserva sempre arraigado amor à sua pobre mas nunca esquecida terra e não oculta o seu orgulho de ser português.
Por isso, Sr. Presidente, e pelo que tive o prazer de aqui ouvir na sessão de 2 de Dezembro último ao ilustre Deputado eleito pela Guiné, Sr. Coronel Pinto Cardoso, estou certo de que esta viagem do venerando Chefe do Estado, tal como a que fez no ano passado a S. Tomé e Angola, dará lugar a mais uma vibrante manifestação da unidade nacional.
Mensagem de solidariedade que a Nação inteira envia pelo seu mais alto representante às províncias visitadas, ela terá como resposta a reconfortante certeza de que são cada vez mais fortes os laços que unem as diferentes parcelas de Portugal, dispersas pelo Mundo mas sòlidamente ligadas pela identidade do sentimentos e aspirações e cada vez mais integradas nessa admirável unidade que é a pátria portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador:-Será a demonstração insofismável da nossa perfeita solidariedade, que assenta numa história de alguns séculos, vivida sempre em fraterna comunidade, sem distinções de raça e com a interferência de todos na vida pública da Nação.
Será, como afirmou a propósito daquela primeira viagem o ilustre Deputado Sr. Engenheiro Cancella de Abreu, a consagração da grata e imorredoura certeza da solidária unidade de Portugal no Mundo.

Vozes: - Muito bem!