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24 DE MARÇO DE 1955 635

(...) agenda, do mais alto interesse e da mais premente necessidade, não só para o Porto, como para todo o Norte do País.
Queremos referir-nos ao Liceu Rainha Santa Isabel cuja instalação em casa própria e para tal é construída se impõe merecida e urgentemente, tal é a inferioridade em que ali vivem os professores e alunos. E queremos referir-nos ajuda à criação de um centro anticanceroso, centro cuja criação dispensa palavras justificativas, tal é a razão que assiste à sua existência.
Uma cidade com 300 000 habitantes e uma região de densidade populacional tão elevada sofreria notável baixa na sua mortalidade pelo tratamento conveniente de doentes portadores de doença terrivelmente maléfica, como é o cancro.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente parece ter chegado a hora das grandes realizações para o Porto, realizações que dentro em breve terão o seu início. Só temos que nos regozijar com o facto, agradecendo ao Governo a justiça feita à nossa velha cidade.
Sr. Presidente: a Assembleia Nacional, no desempenho da sua alta função, não podia manter-se silenciosa perante o Congresso Nacional da Filosofia, ciência aberta a todos os grandes problemas do Universo, que acaba de realizar-se na velha cidade dos arcebispos: em Braga.
Seria criminoso esse silêncio, porque este Congresso, em que tomaram parte alguns dos mais representativos valores do pensamento europeu e em que colaboraram os nossos mais destacados pensadores honrando essa cidade e dignificando a Nação, foi sobremaneira brilhante para prestígio da intelectualidade portuguesa, marcando notável princípio do triunfo da verdade, redundando em luz e vida para a Pátria e para o Mundo.
Um Congresso que tem na sua base Deus, o Mundo e o homem, como afirmava Cícero, ou a ciência para as altíssimas causas - sciencia rerum por altíssimas causas -,como dizia S. Tomás de Aquino, é estrela de grandeza máxima iluminando a alma humana, em constante inquietação neste mundo, preso por liames tecidos diabolicamente na guerra odienta a Deus e à dignidade humana.
Queremos, Sr. Presidente, saudar neste momento a velha Bracara Augusta, templo onde se abrigam tantos heróis e tantos santos e onde se têm realizado com inconfundível brilho as mais grandiosas manifestações de cultura, prestigiando a política de espírito a que devotadamente se hão dedicado os melhores valores da mentalidade portuguesa.
E queremos saudar os nossos filósofos universitários, lembrando com a maior admiração, as Universidades estrangeiras que à Roma portuguesa vieram trazer o contributo do seu pensamento e do seu saber.
E saudamos ainda -e com que entusiasmo o fazemos!- os novos tempos, em que a juventude, ansiosa de conhecimentos pode seguir melhor caminho que o seguido por aqueles que viveram numa época bem diferente da de hoje, dominados por um agnosticismo e por um materialismo bem condenáveis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:.- (!) Congresso afirmou-se pelo alto nível atingido pelas publicações feitas e pela presença dos mais ilustres mestres de filosofia, quer portugueses,
quer de outras nacionalidades, marcando data inolvidável na vida espiritual da Nação.
«Cortes gerais do pensamento português», na expressão feliz de um eminente congressista, não podia deixar de ser focado nesta Assembleia; e lamento, Sr. Presidente, não possuir a preparação intelectual necessária para o poder fazer com o desenvolvimento e o brilho que lhe são devidos.
A filosofia domina o Mundo no caminho da verdade. A economia e a política absorvem o pensamento das nações. Mas que destino teria o Mundo sem a verdade, a justiça, e a caridade?
O homem, em justificado anseio procurou sempre compreender os grandes problemas do Universo, levando o seu espírito a apaixonar-se devotadamente pelo estudo da metafísica, da crítica e da ética, dentro da filosofia tomista, procurando descobrir o seu destino, segundo os desígnios de Deus.
O espírito filosófico de todas as idades e as escolas filosóficas de todos os tempos, nas suas diversas correntes, foram evocados como glória do passado e certeza do presente, no aperfeiçoamento da doutrina e das ideias.
Por aquela academia de valores passaram os espíritos dos grandes filósofos da antiguidade - Sócrates, Platão. Aristóteles. Lembraram-se esses gigantes do pensamento na idade primordial da Igreja, como Santo Agostinho, o grande teólogo, Tertuliano, Santo Ambrósio e tantos outros. Rememorou-se S. Tomás de Aquino, S. Boaventura, Scot, o filósofo, teólogo e médico Pedro Lusitano, que ascendeu a papa e que, com Bacon, foi dos primeiros a adoptar o método experimental. Recordou-se, enalteceu-se e homenageou-se o nosso, Francisco Sanches, grande mestre da Universidade de Tolosa, ilustre pensador e filósofo, notabilíssimo homem de ciência, cuja estátua, em frente da igreja onde foi baptizado, ficará lembrando à posteridade um dos mais notáveis pensadores do Universo, que tanta influência exerceu sobre a intelectualidade no Mundo, nos tempos da Renascença. E muito particularmente sobre Bacon e sobre Descartes. E Pascal? E Fénelon? E outros grandes que marcaram no pensamento e nas ideias, como Hobbes, Leviatao, Locke, Kant, Hegel, Nietzche, Darwin, Augusto Comte!
Não foram esquecidos aqueles que no momento actual fazem sentir, sobre os pensadores de agora, a sua benéfica influência, como Taine, Abel Rey, Bergson, Spengler, Freud, William James, Webber e Fisher! E as grandes figuras do pensamento católico - Leão XIII; o cardeal Messier, o padre Monsabre, poderosos luminares da Igreja.
Merecem justos louvores os participantes em tão alto conclave, algumas das mais notáveis mentalidades portuguesas, que, com brilho e devoção, souberam apresentar e defender as suas comunicações.
Coimbra, grande centro universitário, justamente admirado e respeitado no Mundo, foi cidade proposta para o próximo Congresso, e bem merecedora é dessa alta distinção, pois Coimbra tem lugar assinalado através dos tempos no vasto campo da filosofia que os mestres de agora sabem manter orgulhosamente.
E o Porto, com o seu Centro de Estudos Humanísticos, criado em hora de feliz inspiração, orientado pelo alto espírito do médico, professor e filósofo que é o Dr. Luís de Pina, não pode nem deve ser olvidado nesta resenha de valores.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-A filosofia ó ciência interrogativa sobre a existência, humana, na ascensão do espírito para o infinito; e o infinito é Deus. Deus é alma imortal,