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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 119 388

(...)serva na sua vocação e que há-de ser abatido. Deriva de gado adolescente ou em crescimento e recriado ou engordado para atingir elevada remuneração na venda. A estatística mostra que de há quarenta e oito anos a esta parte a produção se encontra estabilizada, quase não progrediu em número e peso, pois nos resultados acusa apenas mais 10 por cento, como pode ver-se:

(Ver Tabela na Imagem)

Do aviso prévio do nosso colega Melo Machado até esta data a vacada nacional, chamemos-lhe assim, ganhou apenas 10 por cento, ficando, em qualquer caso, aquém das exigências do consumo e muito para trás do crescimento ascensional da população continental.
O que se passa não é inteiramente estranhável e não pode lançar-se à conta de menos diligência dos empresários e dos organismos públicos interferentes, embora as medidas se imponham há bastante tempo.
À vacada nacional está situada numa região árida, pouco pluviosa, pouco húmida, com três grandes manchas de pradaria, no conjunto de forragens caras e de pastos sem grande valor, obtendo assim uma nutrição menos regular e perfeita e em condições deficientes de equilíbrio e economia.
Diga-se que o gado leiteiro se adapta melhor ao regime geográfico, aos nossos Janeiros e Julhos, à estabulação cuidada em vez do manadio livre, e que a engorda em condições favoráveis levanta novos e intricados problemas.
l kg de carne custa 20 kg a 25 kg de feno, quando o litro de leite custa só 2 kg.
Por aqui se vê que a ganadaria pode ser uma fonte de rendimentos para o lavrador-criador, mas também vem a ser um manancial de desgostos e prejuízos. Não há sossego nas quintas e nas herdades mesmo que durma próximo um veterinário.
Portanto, têm de se produzir em conta forragens, pastos, cereais, beterrabas e nabos para aumentar a produção de carne e para conservar íntegra a sua fonte económica.
São precisos muitos estudos e cálculos; alguns a burocracia já os terá, para benefício geral ou dos seus institutos. Porém, para as empresas arriscadas e especializadas em espaço geográfico adverso nada se pode deixar à improvisação e empirismo; hão-de estudar-se as possibilidades da economia ganadeira.
Esta guarda e desconta regionalmente para si e só atraída por lucros de certa monta é que considerará recomendável a exportação.
A carne de vitela distancia-se no preço e no intricado económico da carne de vaca.
Pode ter-se, como um índice de alimentação cuidada e de refinamento culinário, e, portanto, o seu consumo segue outras linhas bem diversas daquela.
Felizmente, neste capítulo há progresso evidente, que, aliás, se repercutirá, prejudicialmente, sobre a criação bovina. Sacrificando vitelas e bezerros demasiadamente diminuirá o património nacional bovino, chamemos-lhe assim, utilizando a nomenclatura italiana, na hipótese seguinte.
É muito difícil dizer o que é o mais ou o menos, mas, passados os ciclos enumerados atrás, obtemos a prova provada de progressão ou degressão à vista.
Seria interessante sabermos, pela despesa do leite, quanto custa a formação dos contingentes bovinos e o consumo fundamental das vitelas do País na sua cria e engorda.
Deve ser grande - de 7 a 20 por cento.
Isto mostraria o que deveria fazer-se: se os preços devem subir ou desandar em relação à carne de vaca.
Os dirigistas que querem tirar à economia privada a elasticidade que lhe resta gostariam de proclamar e decretar que não haja vitelas para o corte além de certo tempo de idade e regular tudo.
Há neste como nos outros capítulos contas e balanços numerosos de cria. recria, engorda e expedição que admitem variedade de cômputo e interpretações e que dificilmente autorizam uma conclusão.
Em regra, passa-se em silêncio pelas despesas de instalação e defesa, desprezam-se os infortúnios e obtêm-se contas de estábulo e mangedoura muito complexos.
Ora o criador nem sempre obtém lucro reduzido, muitas vezes ganha mais do que parece. Devem balancear-se os pastos e forragens das madeiras e reprodutores pelo custo real, e não pelo preço do mercado. A vitela chega a medir-se em centenas de litros de leite e de quilogramas de farinha.
A produção tem melhorado no peso. Em perto de meio século as vitelas abatidas passaram além do duplo e o seu peso quase triplicou. Melhorou o peso ou vendem-se com mais tempo.
Sr. Presidente: pouco devo acrescentar ao que já foi dito pêlos meus ilustres colegas. A importação dos Açores subiu, mas não recuperou os níveis anteriores à guerra. Se for instalada, porém, a congelação, o abastecimento do continente em carne e lacticínios aumentará e melhorará com a racionalização do produto na conservação e transporte.
Mas há-de incrementar-se a exploração bovina. O empreendimento açoriano tem de ser estimulado e ajudado, e sobretudo bem orientado e assistido. Não faltará a ajuda técnica e veterinária que se impõe.
As pequenas faias, incensos, etc., a vegetação rasteira têm de dar lugar aos pastos adequados á melhoria do gado.
Uma certa lentidão na marcha dos trabalhos e esforços criadores deverá ser vencida.
E com organização e estímulos poder-se-á chegar a esplêndidos resultados; aos resultados que se esperam.
Nos Açores creio que o problema apresenta aspectos sociais particulares que devem ser considerados, pois a tendência dos pequenos núcleos é para viverem sobre si mesmo, não lhes interessando a substituição desta por actividades viradas para a exportação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A teoria da economia africana não coincide com todos os princípios em uso ou defensáveis no velho continente.
O mundo tropical é diferente na luz, na fácies geográfica, no tom de vida, no sentido e luta pela existência.
Todos sentem e recomendam a expansão pecuária, primeiro como regra de que se precisam alimentos abundantes e baratos e que este objecto claro ali não é definido pêlos agricultores e ganadeiros. mas pêlos governos. Tem de se trabalhar a longo prazo e em grande escala -que as necessidades mundiais aumentam e a África cresce em população mais exigente ou necessitada.
A pecuária torna-se indispensável, além do mais, porque, como na Europa, mantém e defende a fertilidade dos seus solos pela combinação da exploração com o trabalho do solo.
Mas agora o reverso da medalha!
Os pastos de qualidade superior e servidos com precipitações abundantes são raros, como veremos mais adiante.