O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 119 390

Só uma defesa muito intensa, a utilização de rações apropriadas, a modificação do conformismo habitual das populações e o uso e aperfeiçoamento dos autricidas chegarão aos meios e condições capazes de vencer essas terríveis e dizimadoras pragas que aniquilam as melhores e mais bem pensadas tentativas.
Fiquei por isso muito impressionado com o que vi - prados imensos onde apenas alguns indígenas apascentavam meia dúzia de bois.
Ter-se-á lutado até ao extremo limite?
Trabalhar-se-à tanto como o necessário?
Estaremos reservados para assistir à resposta triunfal do homem branco?
Depois das companhias e sociedades haverá pioneiros e serviços capazes de reduzir as manchas escuras da carta zoológica?
Mantém-se este estado de coisas?
Não é sem tristeza que faço este apontamento sobre o belo e portentoso território do Indico, que estará reclamando um esforço construtivo sobre-humano para se vencer.
Sr. Presidente: chamo agora a atenção para o facto de alguns planos decenais ultramarinos apresentarem capítulos destacados de fomento pecuário.
No plano decenal do Congo Belga foram previstos 397 milhões de francos congoleses destinados a melhorias nos gados. Para tal efeito foram concedidos de 1950 a 1954 182 milhões.
Por outro lado, o Fundo para o bem-estar indígena despendeu até ao fim de 1954 141 milhões em favor do desenvolvimento da economia rural.
Associado ao problema dos gados anda ligada a colonização dos planaltos.
Ora sempre que haja água, erva e algumas condições mais a colonização branca dos planaltos pode encaminhar-se, naturalmente, para a exploração zootécnica, na segurança de um mercado interior e nalgumas certezas de absorção do mercado mundial.
Nenhuma máquina animal foi posta à ordem do empresário tão produtiva e benéficamente consequente como a zootécnica dos suínos.
Relvas, restolhos, pastos, bolota, milho de inferior qualidade, refugo de batatas, detritos de cozinha, restos de fábricas e queijarias são facilmente convertidos em carne.
Nenhuma transformação do mundo vegetal em animal é tão rendosa como esta. Pequenas despesas de instalações, rações que, na pior das hipóteses, custarão até 80 por cento permitem que nalguns meses, rapidamente, o capital investido regresse para novas disponibilidades.
Contraste flagrante entre o Norte e o Sul do continente português - na primeira grande região domina a economia doméstica e somente se explora o suíno para os mercados restritos e locais; na segunda, a exploração alarga e industrializa e prolifera para a totalidade do mercado nacional.
Desde 1905, com 94 165 suínos, até à grande guerra a produção parecia estabilizada. Depois de 1916 oscilou e abateu, mas a verdade é que não dispúnhamos de dados para a totalidade dos concelhos para um juízo mais seguro.
Em 1952 passou além da centena de milhares e depois os números vêm oscilando e crescendo, até atingirem em 1953-478 373- o quíntuplo de 1905.
Portanto, naquele longo período as cabeças abatidas passaram para cinco, mas o peso ficou em 4,5, pouco mais ou menos.
E assim o instrumento mais valioso da política alimentar tem sido este entre todos, acompanhando a demografia e suprindo as faltas anteriormente apontadas.
Ora aqui se encontra não só o facto da produção número dois, quanto a carnes, mas número um, em elasticidade de oferta, qualidades industriais e submissão ao dirigismo de quem governa a política económica.
Além de admitir todas as modalidades de empreendimento, desde a economia singular até á quinta, e desta à exploração especializada industrial, ainda comporta as combinações jurídicas de toda a espécie (meias ao ganho, parceria, arrendamento de terras, ligação às fábricas de lacticínios, moagem, etc).
Apresenta outros problemas que a Junta dos Produtos Pecuários se esforça por resolver - oferta excessiva em certas épocas, dificuldades de colocação das gorduras excedentes, etc. -. mas, como mostrou a autarquia alemã durante a guerra, este mostra-se um instrumento formidável, insuperável no acudir às exigências do consumo interno.
Novos problemas surgem, obviamente.
E daí a necessidade de inquéritos e estudos tendentes a obter cruzamentos judiciosos e a almejada estandardização, que é norma das sociedades avançadas e sobrepovoadas.
Portanto pode dizer-se que tem valido a montanheira às exigências crescentes e que não faltam perspectivas formidáveis no horizonte económico.

Vozes: - Muito bom!

O Orador: - Sr. Presidente: a evolução do consumo geral peso limpo dos ovinos e caprinos das reses aprovadas dava em 1905 3845 t e em 1953 10 862 t; as reses abatidas passaram de 412 506 para l 207 143.
Progresso notável também!
O empresário, além disso, criou, recriou, fez queijo, vendeu a sua lã e obteve matérias orgânicas para as suas terras, que assim duplicam este património pecuário.
Simplesmente, nos países velhos, de economia amadurecida, os caprinos estão condenados e os ovinos não passam além de certos limites. Portanto, instrumento de política económica, magnífico mar que mais dia menos dia perderá partes das suas qualidades.
A divisão da propriedade, a intensificação das culturas, o automóvel, o aproveitamento das palhas, algumas epizootias e a crise de pastores tornam o futuro da ovinicultura bastante incerto.
Mas ela é mais poderosa do que se supõe. Porque são aos milhares e milhares os animais abatidos sem registo nas quintas, herdades e povoados.
Tem-se trabalhado bem neste capítulo e são devidos todos os louvores às autoridades, dirigentes corporativos e aos criadores progressivos. Melhoraram a lã, fizeram-se cruzamentos que acentuam a aptidão e até os novos vizinhos que trabalham seriamente o acentuado progresso português.
Sr. Presidente: devia referir-me ao Fundo de Abastecimento, que na imponência e diversidade das operações, na velocidade das suas intervenções, se mostra delicadíssimo volante político, antes de abordar os aspectos essenciais das soluções. Mas vai longa esta intervenção.
Os problemas debatidos têm de ser apresentados e solucionados em linhas actuais.
A melhoria das raças levanta várias perplexidades, que devem decidir-se desde já. Defendemos uma conveniente autarquia das raças peninsulares ou tenta-se a melhoria por cruzamentos judiciosos com raças triunfantes nos países produtores?
Obtidos por selecções e cruza os melhores tipos e raças estará certo que elas vão estabilizar ou conta-se que degeneram dos tipos fundamentais?