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23 DE MARÇO DE 1936 625

O Orador: - Apesar de um ano decorrido, não se iniciou ainda a propaganda projectada. Mas a prova de que não se pôs de parte a ideia inicial é que o orçamento do Fundo para 1956 continua a dotar essa propaganda das verbas necessárias à sua realização. E não se julgue que se perdeu tempo ou se afrouxou no propósito de tentar abrir nos Estados Unidos mais amplos horizonte à exportação portuguesa.
Simplesmente, não é tarefa fácil organizar, com as verbas de que dispomos, e que, se são grandes para as nossas possibilidades, são pequenas para a extensão do mercado a conquistar, uma propaganda eficiente e cujos resultados correspondam ao sacrifício que vai fazer-se.

Vozes: - Muito bem!.

O Orador: - Houve que pedir propostas e planos às organizações especializadas, dá-los a conhecer às entidades directamente interessadas, para finalmente, escolher o que se afigurasse mais consentâneo com os fins um vista.
Sendo Os Estados Unidos um grande país, convirá, certamente, concentrar a propaganda nas regiões ou cidades para isso julgadas mais convenientes, e, sendo o povo americano extremamente sensível à publicidade, escolher as modalidades mais susceptíveis de o impressionarem.
É uma obra de técnicos e sobre a qual só as entidades competentes se podem pronunciar. Cremos que o assunto está neste momento sujeito à apreciação do Governo.
Não basta, porém, votar as verbas para a propaganda, estudá-la e adjudicá-la depois a uma grande firma publicitária. Sabemos ser pensamento e objectivo do Governo criar previamente as condições de organização e de disciplina comerciais que são indispensáveis para que paralelamente com a propaganda, a economia do País tire dela os benefícios que pretendem atingir-se e não seja puramente perdido o dinheiro que vai gastar-se.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se isso implica uma certa demora denuncia um cuidado e um interesse por sectores fundamentais do nosso comércio externo, que só podem ser recebidos com louvor. É de supor que durante o corrente ano fiquem definitivamente elaborados e postos em execução os planos do propaganda comercial nos Estados Unidos, cujos resultados todos desejamos correspondam às esperanças fundadas de expansão de alguns dos mais valiosos produtos portugueses nesse grande mercado consumidor.
A nossa balança comercial continua a ser caracterizada por um excesso volumoso de importações sobre as exportações, saldo pago à custa dos excedentes positivos da balanço, geral de pagamentos do País.
Várias vezes o problema tem sido posto, sem que, afora anos excepcionais, tenha sido possível equilibrar o que a Nação compra nos mercados externos com o que lá consegue vender. E não só temos conseguido, felizmente, saldar pontualmente iodos os nossos compromissos, como acumular reservas importantes em divisas e em ouro, que são garantia valiosa de segurança e estabilidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas é natural que esta situação da balança comercial seja como já, disse, motivo constante de preocupação e ansiedade, não só pelo desequilíbrio que revela, mas também pela mudança que razões de ordem interna ou externa podem operar, repentinamente, no sinal da balança de pagamentos.
Isso impõe-nos a, obrigação e o dever do intensificar ao máximo a produção e ao mesmo tempo, mercê de uma política comercial adequada, elevarmos as cifras e valores representativos da nossa exportação.
É um objectivo fácil de enunciar mas difícil de atingir, não só porque não está unicamente nas nossas mãos resolvê-lo, mas também porque, no fundo, é o problema da capacidade da Nação para bastar-se, tanto quanto possível, a si própria, e procurar vender o que produz em excesso, para suprir a sua insuficiência em determinados sectores da produção e do consumo.
A balança comercial portuguesa não é só a expressão da nossa economia interna. Reflecte a tendência expansionista da economia mundial.
Depois dos anos de penúria da guerra, das fracas produções industriais e agrícolas, das faltas de alimentação, das restrições nos consumos, a Europa, com a ajuda dos Estados Unidos, lançou-se abertamente no caminho da recuperação.
Reconstruíram-se fábricas, fundaram-se indústrias novas, melhoraram os rendimentos, elevaram-se os salários, aos acordos bilaterais substituiu-se um comércio multilateral e as práticas discriminatórias foram gradualmente abolidas, para darem lugar a uma ampla política de liberalização.
Segundo dados recentemente publicados, a produção europeia atingiu no ano último quantitativos que excedem os de 1953 e 1954. Este aumento de produção, combinado com um aumento geral de rendimentos e salários, não pôde fatalmente deixar de reflectir-se no consumo.
Conforme se diz no último relatório da O. E. C. E, referente a 1955, nos últimos três anos uma gama muito variada de artigos, sobretudo de bens duráveis, foi pela primeira vez posta ao alcance de um número importante de consumidores. Daí resultou, no conjunto dos países europeus, um aumento médio de consumo total por habitante da ordem de 14 por cento.
Calcula-se que essa taxa de aumento foi em 1955 de 5 por cento. Para este aumento geral de consumo não foram indiferentes as largas medidas de crédito pela primeira vez oferecidas ao público desde a guerra.
No relatório da O. E. C. E. atribui-se, entre os anos de 1948 e 1955, um aumento em Portugal de cerca de 8 por cento no consumo privado por habitante.
O aumento nos índices de consumo nos países ocidentais da Europa atingiu diversos géneros e produtos, mas foi especialmente caracterizado por uma expansão de compras de bens duráveis.
Essa expansão foi, sobretudo, devida às vendas de au-fiiiiifivcib e

As cumpras de aparelhos eléctricos viveram .menor impurtâucia em valor absoluto, mas o aumento foi .linda mais considerável, pois atingiu 100 por cento para ss refrigeradores máquinas de lavar e aspiradores.

Prngrediram também muito rapidamente, em percentagem, as veadas de a.paielhus de televisão, e o aumento da cuii.slruc.uo em toda a parte favoreceu a venda de artigos de mobiliário.
A liberalização de trocas intereuropeias, a diminuição do desemprego, a ânsia geral de todas as classes conquistarem melhores condições de vida, as baixas de preços verificadas em certos produtos, como, por exemplo, os automóveis e ainda, a variedade e diversidade de artigos referidos ao público - todo esse conjunto de circunstâncias aumentou as procuras e os consumos e pesa fortemente nas balanças de comércio.